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As respostas para as 6 principais dúvidas sobre o parto de gêmeos

Os bebês vão nascer prematuros? Existe um melhor tipo de parto para os gemelares? E a equipe médica, é diferente? Especialistas explicam!

Por Flávia Antunes
Atualizado em 8 jul 2020, 18h30 - Publicado em 8 jul 2020, 18h30

Se a gestação de um único bebê já envolve muitas dúvidas e curiosidades, a de dois é alvo de ainda mais questionamentos. Será que a grávida de gêmeos sente mais enjoos? É verdade que a mulher pode ter gemelares de pais diferentes? Além de fatos peculiares como este, uma das principais preocupações da mães envolve o momento do parto.

Muitas gestantes se perguntam se vão poder escolher a forma com que darão à luz, se há um tipo de parto determinado no caso de gêmeos ou então com quantas semanas os filhos vão nascer. Pensando nisso – e para te dizer o que é verdade e o que não passa de mito – consultamos especialistas, que responderam às 6 dúvidas mais frequentes das mamães de dois bebês. Confere só!

1. As manobras para mudar a posição do bebê são indicadas?

Antes de tudo, vale sinalizar que essas manobras – também chamadas de “versões” – podem acontecer em dois contextos, como explica o Dr. Kleber Cassius Rodrigues, ginecologista e obstetra da Universidade Federal de São Paulo. A Versão Cefálica Externa (VCE) ocorre ainda na gestação, para mudar o sentido do bebê quando ele está na posição pélvica ou transversa, perpendicular à mãe, e a interna é realizada durante o parto.

Fato é que muitos especialistas não recomendam as manobras nem em gestações únicas, por não ser um processo isento de risco. “Pode haver descolamento de placenta e até fratura de partes fetais”, alerta o médico. “Assim, e pela impossibilidade de mudar a posição de um bebê dentro de uma cavidade uterina com dois bebês, as manobras são totalmente contraindicadas na gravidez gemelar“, acrescenta.

2. É normal que os gêmeos nasçam prematuros?

“A prematuridade nunca é normal, mas é mais comum na gestação gemelar”, responde o doutor. De fato, se formos comparar com a gravidez de um único filho, a chance de a mãe de gêmeos dar à luz antes dos nove meses é estatisticamente maior. “O risco de nascer com menos de sete meses, ou seja, de 32 semanas, é de 15%, enquanto que de um único bebê chega perto de 1%”, afirma o Dr. Eduardo Zlotnik, obstetra e diretor da área de ginecologia do Hospital Israelita Albert Einstein.

A explicação é em grande parte física: com dois bebês ocupando a mesma cavidade uterina, a quantidade de massa dentro do útero é maior, o que pode fazer com que a mulher entre em trabalho de parto mais precocemente – antes da maturidade, atingida com 37 semanas – ou com que haja a rotura da bolsa, pela distensão aumentada desta cavidade uterina.

Mas claro que isso não é regra, e diferentes grávidas de gêmeos podem dar à luz em momentos distintos pelas próprias características anatômicas de cada uma. “Existe também a característica do tecido muscular da paciente. Pode ser que uma deflagre um trabalho de parto antes e outra resista um pouco mais, por exemplo. Não existe um tempo determinado, ele está relacionado a uma resposta individual de cada gestante“, esclarece Kleber.

3. Quando o parto deve ser adiantado?

Em alguns casos, para garantir a saúde dos pequenos e da mãe, a gravidez é interrompida antes mesmo da mulher entrar em trabalho de parto, como afirma o obstetra da UNIFESP. “Quando a gestação ocorre com duas bolsas e duas placenta – o que chamamos de diamniótica e dicoriônica – é possível evoluir até o ponto em que a mãe e os bebês estiverem saudáveis”, diz.

No entanto, o mesmo não ocorre quando houverem duas bolsas e uma única placenta. “Neste caso, indicamos a interrupção da gestação na 36ª semana, pelo risco de, na fase final, haver um sofrimento fetal”, justifica. Já quando existe uma única bolsa e placenta – condição que recebe o nome de monoamniótica e monocoriônica – a interrupção é realizada com 34 semanas, pelo risco de enovelamento de um bebê no cordão do outro.

4. Existe um tipo de parto mais recomendado para gêmeos?

O melhor tipo de parto depende de muitos fatores, como posição do bebê, idade gestacional da mulher e evolução da gravidez, como adianta Eduardo. “Se os dois bebês estiverem virados de cabeça para baixo, em posição cefálica, e não houverem riscos associados, é possível tentar o parto normal“, explica.

Já quando estão em posição pélvica ou transversal, a cesárea é necessária. “As Escolas de Medicina brasileiras têm uma tendência cada vez maior de indicar cesariana, porque o parto normal oferece alguns riscos adicionais, mas isso depende de diversas variáveis”, reitera Dr. Kleber. Segundo ele, raramente um profissional se dispõe a fazer o parto natural quando as crianças não estão na posição apropriada para a saída pela via vaginal. 

5. Quais as principais complicações que podem acontecer durante o parto gemelar?

Nenhum parto é isento de risco, mas alguns deles são mais específicos em gemelares. Durante o nascimento ou imediatamente depois, a complicação mais comum é chamada de atonia uterina. Isso porque, segundo o ginecologista da UNIFESP, o útero ficou tanto tempo dilatado que demora a contrair, “e essa contração é necessária para melhorar o sangramento comum no pós-parto”, aponta.

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“Quando a placenta é retirada, é preciso que o útero contraia para que os vasos sanguíneos desta região sejam fechados. Se esse movimento estiver comprometido, há maior chance de hemorragia e, eventualmente, pode evoluir para a necessidade de retirada do útero materno”, detalha o especialista.

Ainda no momento de dar à luz, outro perigo é o da lesão fetal, dependendo da posição que os bebês estejam. “Mas não é um risco totalmente aumentado”, tranquiliza o doutor. “É discreto, e depende muito da experiência de quem está operando”, acrescenta.

6. A equipe médica é diferente?

Duas crianças quer dizer também… cuidados em dose dupla! Pois é, apesar de na sala de parto a equipe de obstetrícia ser geralmente igual à que recebe um único bebê, mais profissionais trabalham para auxiliar os gêmeos depois do nascimento. “A equipe que recebe os recém-nascidos, que envolve pediatras e enfermeiros, é maior”, conta o obstetra do Hospital Israelita Albert Einstein.

O motivo? “Precisamos de um pediatra para cada bebê, porque o tempo entre um nascimento e outro nem sempre é suficiente para cuidar de um de cada vez. Bebês com peso baixo ou prematuros vão requerer ainda mais cuidados”, esclarece ele.

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