5 fatores pouco falados que podem diminuir as chances de gravidez
Se você planeja engravidar, é importante prestar atenção a detalhes do dia a dia que, às vezes, passam despercebidos, mas influenciam a fertilidade
Em muitos casos, há uma longa jornada entre o momento em que se toma a decisão de ter um filho e, de fato, ver o sinal de positivo no teste de gravidez. Nos últimos anos, isso tem se tornado cada vez mais comum. De acordo com um relatório recente divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente, uma em cada seis pessoas é afetada pela infertilidade. Felizmente, as possibilidades de tratamento e de técnicas de reprodução assistida também são maiores e têm avançado com a ciência.
Antes de saber se você precisa ou não recorrer elas, é importante prestar atenção em certos detalhes e hábitos da sua vida, que podem fazer muita diferença nas chances de conseguir engravidar naturalmente. A qualidade de sono, a intensidade de exercícios físicos e os níveis de ansiedade tendem a impactar significativamente a fertilidade, tanto para as mulheres, quanto para os homens, sabia?
Veja, a seguir, 5 fatores que atrapalham as chances de engravidar:
Dormir mal
Quantas horas você dorme por noite? E, nesse tempo, seu sono é de qualidade? Você descansa de fato? A qualidade do sono está completamente relacionada à saúde reprodutiva – tanto masculina, quanto feminina.
“A privação de sono altera o ciclo circadiano [o “relógio biológico”] e a produção de melatonina, o hormônio que regula o sono e que acaba interferindo também como antioxidante. Ela tem um poder anti-inflamatório sobre o testículo e sobre o ovário”, explica o ginecologista e obstetra Rodrigo Rosa, especialista em Reprodução Humana e diretor clínico da clínica Mater Prime (SP).
Segundo ele, dormir mal pode gerar um desequilíbrio hormonal. “Também é comum que mulheres que tenham sono não reparador tenham uma diminuição da reserva ovariana”, acrescenta. Portanto, é importante priorizar o descanso, evitar refeições pesadas à noite, diminuir mais cedo as luzes da casa e ficar menos tempo no celular antes da hora de dormir.
Excesso (ou falta) de exercícios físicos
Atividades físicas são importantes para a saúde e, certamente, o sedentarismo atrapalha vários aspectos da saúde, incluindo a fertilidade. Isso porque, além de aumentar o risco de obesidade, eleva também a taxa de abortamento e diabetes, entre outras complicações na gestação.
“O sedentarismo não só piora as chances de conseguir engravidar, mas também de manter uma gestação de forma saudável”, aponta o ginecologista e obstetra Marcelo Montenegro, especialista em Reprodução Humana da clínica NeoVita (SP). O que pouca gente sabe, no entanto, é que o outro extremo também interfere negativamente. Ou seja: a prática exagerada de exercícios físicos é capaz de gerar prejuízo.
“Mulheres que têm uma atividade física muito intensa, em alguns casos, podem até ter amenorreia, ou seja, ficar sem menstruar por alterações hipotalâmicas [o hipotálamo é a região do encéfalo responsável, entre outras funções, pela produção hormonal]”, explica o ginecologista. Segundo ele, os homens também podem sofrer bloqueios por conta disso. Mas não vale usar isso como desculpa para não praticar exercícios, ok? O segredo é a moderação.
Vida estressante
Ter excelência no trabalho, estar sempre disponível para responder mensagens no celular (com notificações ativadas 24 horas por dia!), ir à academia, manter a vida social, deixar a casa sempre limpa e organizada, fazer compras, atender às necessidades de amigos e de familiares… Equilibrar todos os pratinhos não é apenas difícil. É impossível e, lógico, prejudicial para a fertilidade.
“O estresse está relacionado ao aumento dos quadros de infertilidade, tanto masculina quanto feminina, principalmente por causar disfunção hormonal”, aponta Rosa. Consequentemente, pode acontecer a queda de qualidade dos gametas, que são os óvulos e espermatozoides. “Embora ainda não esteja bem delineado o que é causa e o que é efeito – se é a ansiedade que causa o estresse, que causa a infertilidade, ou se o fato de ter infertilidade é que aumenta a ansiedade e o estresse – sabe-se que há uma grande correlação”, afirma.
“É sempre bom tomar medidas para diminuir o estresse. Pegar mais leve, definir prioridades, abrir mão do que for possível, desacelerar…Mas, por outro lado, deve-se prestar muita atenção para não colocar apenas o estresse como fator diagnóstico da causa da infertilidade”, explica o especialista. Ele salienta que isso pode fazer com que o casal perca muito tempo em busca de um tratamento adequado, pensando no famoso “conselho” de que “basta relaxar, que engravida”. “Sabemos que não é bem assim”, diz.
Automedicação
Se você é daquelas pessoas que adoram uma farmácia e que não hesitam em definir sozinhas o tratamento para qualquer gripe ou mal-estar, melhor repensar e ter mais cuidado. Aliás, isso vale para todos e não só para quem pretende engravidar.
É possível, sim, que algumas medicações interfiram na fertilidade. De acordo com Marcelo Montenegro, um tipo comum de antiemético usado para enjoo e vômitos pode levar, por exemplo, a um aumento na produção de prolactina, o hormônio responsável pela produção de leite, que está ligado ao ciclo menstrual. Alguns anticonvulsivantes, anfetaminas, anabolizantes…Tudo isso pode impactar ou até bloquear a função reprodutiva. “Qualquer tratamento deve ser indicado por um médico”, diz o ginecologista.
Desconhecer histórico familiar
Investir um tempo para entender melhor o histórico de saúde da família, tanto da mulher, quanto do homem, tende a ser uma estratégia importante para quem pretende engravidar. “Algumas doenças que estão relacionadas à alteração da fertilidade têm uma prevalência maior em pacientes com um histórico familiar positivo”, afirma o especialistas.
Este é o caso, por exemplo, da endometriose. “Mulheres com familiares de primeiro grau com endometriose chegam a ter até sete vezes mais chance de também ter essa doença, que é uma das principais associadas à redução da fertilidade feminina”, explica. Ao se antecipar, você pode fazer exames, diagnosticar e tratar mais cedo, ganhando tempo – o que é importante quando se deseja ter filhos.
O especialista ainda aponta que entender se há histórico de cânceres, principalmente ginecológicos, também pode ser muito útil para identificação e tratamento precoces, melhorando as chances de gestação. “Outro ponto importante é a idade da menopausa da mãe da mulher que pretende engravidar, porque isso ajuda a ter uma previsão de até quando essa mulher vai ovular”, diz. No caso dos homens, há síndromes cromossômicas que podem alterar o espermograma e interferir na capacidade reprodutiva.