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Uso de telas nas férias escolares: é possível flexibilizar com equilíbrio?

Sim, mas mostrando à criança que aquele é um recurso para momentos específicos e não está disponível sempre que ela tiver vontade

Por Carla Leonardi
22 dez 2022, 12h45

Para muitas famílias, sobretudo aquelas que não contam com nenhum tipo de ajuda em relação aos filhos, as férias trazem o desafio de lidar com as crianças 100% do tempo em casa e sem as atividades habituais da rotina escolar e extracurricular. O resultado é até esperado: pequenos entediados e entregues às telas – sejam de videogame, tablet, celular, computador ou até mesmo a televisão. Mas não precisa ser assim. O melhor, aliás, é que não seja, principalmente nos primeiros anos de vida.

“Na primeira infância, não existe qualquer razão para que a criança precise ter acesso a telas e para que isso ajude no desenvolvimento dela”, afirma Camila Menon, professora diretriz Montessori da Educar é Preciso. Mas nós sabemos que, na vida real, a prática às vezes fica longe do ideal. Nas férias, então, a vontade dos pequenos de passar mais tempo com seus gadgets costuma ficar ainda maior, o que tende a aumentar se eles não tiverem outras atividades disponíveis ou se não forem estimulados a fazer outras coisas.

“Da mesma forma como quando a criança está na escola, a rotina deve ser estruturada de acordo com as necessidades de estímulos que ela tem”, observa a especialista em primeira infância. Isso significa que não é porque há mais tempo disponível, que é interessante flexibilizar o uso das telas, afinal, o processo de desenvolvimento não fica suspenso nesse período. “As necessidades para o desenvolvimento cognitivo, emocional e físico da criança não se alteram por períodos do ano ou necessidades dos adultos”, alerta Camila. Por outro lado, a rotina familiar pode ficar bem complicada enquanto as aulas não voltam – o que, durante a pandemia, ficou ainda mais evidente – e a tecnologia acaba funcionando como aliada dos pais ou cuidadores em algum momento.

A questão, aqui, não é o ideal, mas o possível. Com isso em mente, a especialista orienta que a família dê prioridade a passatempos fora das telas, deixando o tablet apenas para momentos mais específicos. “Foque em atividades que criem conexões, em atividades ao ar livre e que ensinem/treinem habilidades durante o dia, e deixem as telas apenas como distração para quando os pais não estiverem disponíveis”, diz a professora (por exemplo, o intervalo da hora em que a criança terminou uma atividade e o cuidador está preparando o jantar).

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Como, durante as férias, esses momentos acabam ficando mais frequentes, já que os pequenos estão muito tempo em casa, o período de tela também tende a aumentar. O importante é que a tecnologia seja vista, ao longo da primeira infância, como um recurso para esses intervalos, não como uma atividade que vai colaborar para o desenvolvimento infantil.

Criança segurando celular
(Arte: Victoria Daud / Foto: Ippei Naoi/Getty Images)

Uso de telas em viagens longas

Se você já enfrentou uma descida para o litoral paulista em fim de ano ou um longo voo, sabe o quanto os pequenos podem ficar irritados e cansados por não poder gastar toda a energia que têm. “Crianças precisam de movimento, e é importante que o adulto acolha essa necessidade”, comenta Camila. Pensando nisso, ela orienta que, em viagens curtas, a família faça paradas, aproveite as sonecas para pegar a estrada e proponha atividades que possam gerar conexão durante o trajeto (cantar, contar histórias, colar adesivos e fazer brincadeiras faladas são algumas opções).

Já para viagens mais longas, é possível estabelecer um combinado em relação às telas, afinal, até nós apostamos nesse recurso para aguentar tanto tempo de viagem. “Deixando claro que o uso se dá por conta da distância, mas mesmo assim com limites. Tenha outras opções de entretenimento e permita que a criança se mova no trajeto. Além disso, é importante ensinar que, ao usar telas em locais fechados com outras pessoas, o uso de fone de ouvido se faz necessário. Então, se for usar telas no avião, tenha um fone de ouvido apropriado para ela”, finaliza Camila.

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