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Quando é seguro que crianças pratiquem esportes radicais? Entenda!

As habilidades motoras estão mais desenvolvidas a partir do sexto ano, mas é possível começar antes com adaptações e os devidos cuidados.

Por Flávia Antunes
Atualizado em 4 ago 2021, 16h24 - Publicado em 4 ago 2021, 16h13

Com o skate participando pela primeira vez das Olimpíadas de Tóquio, o mundo conheceu a carismática Rayssa Leal, a mais nova representante do Brasil a levar a medalha de prata para a casa. Mas a jornada da menina começou ainda antes, quando com apenas seis anos já dava show nas manobras fantasiada de fada – o que fez com que ganhasse o apelido de “Fadinha”.

Os vídeos da menina praticando o esporte tão nova viralizaram pela fofura e talento, mas também trouxeram dúvidas a respeito de qual idade é considerada segura para as modalidades mais radicais – ou seja, que possuem maior grau de risco físico.

Esportes radicais e crianças pequenas: uma combinação que funciona?

A pediatra e médica do exercício e do esporte, Ana Lucia de Sá Pinto, responde que a partir dos seis anos a criança já possui um controle motor bem parecido com o do adulto, o que permite que tenha mais ferramentas para iniciar a prática.

Mas apesar das limitações da parte motora antes dessa idade, a especialista explica que os pais podem introduzir o skate, a escalada interna, o surf ou outra modalidade mais extrema desde que considerem algumas adaptações.

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“Ao falarmos de esportes nesta faixa etária, devemos lembrar que são muito mais uma representação do movimento daquele esporte do que necessariamente um gesto esportivo correto. Se a criança for fazer um parkour, por exemplo, serão colocados no chão alguns obstáculos para reproduzir o que seria de fato a prática”, diz Ana Lucia.

Claro que existem crianças mais novas com habilidades específicas, como é o caso da nossa mini atleta do skate, mas são casos de exceção. A dica geral é avaliar individualmente se o seu filho possui as aptidões básicas para determinada prática – para o surfe, por exemplo, é essencial que o pequeno saiba nadar -, sempre lembrando que aos poucos ele irá desenvolver as demais competências. 

Esporte na infância é perigoso para o desenvolvimento? 

Outra polêmica envolvendo a prática de esportes nas faixas etárias menores é que ela possa prejudicar o desenvolvimento do pequeno – o que, segundo a pediatra, não passa de mito.

“Nenhum esporte por si só atrapalha o desenvolvimento. Naturalmente, uma criança preferirá um esporte ou outro. Se for muito alta, por exemplo, dificilmente terá muita habilidade para ginástica artística”, justifica ela.

Ana Lucia ainda complementa dizendo que o que realmente atrapalha o crescimento da criança é a falta de sono, de exercício e a alimentação inadequada. “O exercício como prática esportiva de treinamento trará malefícios apenas se a criança não tiver um aporte calórico adequado e prejuízos no sono – por estar gastando mais energia do que repõe”, esclarece.

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Seja quando praticados de maneira competitiva ou recreativa, a conclusão da especialista é que os esportes são muito mais benéficos do que o sedentarismo, desde que praticados em segurança e cuidando para que o pequeno tenha suas necessidades básicas atendidas. Veja como escolher uma modalidade para o seu filho.

Cuidados durante a prática

O primeiro ponto de atenção, como já adiantou a pediatra, é respeitar o tempo de aprendizado da criança. “Ela pode fazer o esporte, mas reproduzindo um gesto não idêntico. A ginástica artística, por exemplo, requer muito controle motor e em cada momento do desenvolvimento a criança conseguirá adiantar um novo movimento”, pontua.

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Para as práticas que oferecem riscos relacionados ao ambiente externo, como o rafting, a dica é priorizar trajetos mais tranquilos e sem muita intensidade, para evitar colocar o pequeno em perigo.

Independentemente do nível de dificuldade, o mais importante é não abrir mão do uso de equipamentos de proteção, sejam eles capacete, protetor de cotovelo e joelho, óculos de natação ou outro item específico para a modalidade.

Benefícios dos esportes radicais

Os riscos existem mas, como comenta Ana Lúcia, a lista de ganhos para a criança é muito mais extensa. “Os esportes radicais desenvolvem habilidades neuromotoras, já que vários gestos e movimentos exigem equilíbrio, força e capacidade aeróbica, além da necessidade de estar atento ao que está fazendo”, diz.

As práticas externas também permitem que o pequeno tenha mais contato com a natureza e com superfícies e materiais diferentes – como a terra e a água – e fortalece as relações afetivas entre a famíla, já que o responsável geralmente tem que estar junto durante o exercício.

E embora qualquer esporte consiga testar os limites do pequeno, a médica reforça que os radicais impõem uma dose extra de desafios. “Há os graus de dificuldade e movimentos que de início a criança não consegue executar, o que é estimulante para ela. Isso também faz com lide com o medo e a frustração“, acrescenta.

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A capacidade de superar obstáculos e progredir gradualmente é interessante para várias esferas da vida do pequeno, mas Ana Lucia alerta para que os cuidadores e profissionais da educação física respeitem sempre os limites de cada criança, evitando colocá-la em situações de estresse, já que isto – além dos prejuízos para a saúde mental a longo prazo – pode inclusive levá-la a criar um desgosto pela modalidade. 

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