Homeschooling, ensino remoto ou ensino híbrido? Entenda a diferença!
Os modelos de ensino se confundem quando falamos das aulas online em tempos de pandemia. Saiba qual é o do seu filho e entenda o seu papel.
Com mais de um ano desde o início da pandemia da covid-19 e entre muitos fechamentos e reaberturas das escolas, as famílias já devem ter se acostumado com as aulas online dos pequenos. Claro que as dificuldades ainda existem – tanto para os pais, quanto para os educadores -, mas a nova dinâmica de aprendizagem dentro de casa já não é mais tão novidade assim.
Ter organizado o calendário escolar com as atividades da casa e entendido como fazer uso das telinhas não significa, contudo, que já dominamos as muitas possibilidades do ensino à distância que, para muitos, surgiram neste período – e tudo bem, porque ninguém tem que assumir o papel de professor.
Para te ajudar a se familiarizar com os nomes e estratégias de aprendizado – e assim conseguir compreender melhor as tarefas que a escolinha do seu filho propõe -, preparamos um pequeno guia com os modelos que estão em discussão no momento: homeschooling, ensino remoto e híbrido. Veja só!
Primeiro, vamos entender a diferença entre eles:
- Homeschooling
O homeschooling tem muitos adeptos nos EUA e na Europa, e é conhecido popularmente como ensino domiciliar. Ele exige regulamentação para ser colocado em prática e, no Brasil, apenas o Distrito Federal possui essa liberação, enquanto a medida continua a ser discutida para os outros estados.
“Basicamente, nesse modelo a família fica responsável por educar os filhos e pelo seu processo de ensino-aprendizagem. Terão que traçar as estratégias, definir como os objetivos serão alcançados e qual plano de aula será seguido”, explica Matheus Araújo, analista pedagógico da Big Brain.
E mesmo com a autorização do governo, o aprendizado não é tão simples assim, já que os responsáveis ou tutores devem desenvolver uma didática e buscar trabalhar, além das habilidades pedagógicas da faixa etária da criança, suas competências emocionais e sociais.
“Homeschooling não é o que estamos vivendo. Não significa apenas ligar o computador, é preciso muito preparo”, adianta Sueli Conte, psicopedagoga e diretora geral do Colégio Renovação. “Nos países da Europa, por exemplo, os pais que fazem homeschooling têm que levar os filhos em uma escola para realizar as provas. Portanto, é importante e necessário existir a regulamentação para a exercer o homeschooling”, complementa.
- Ensino remoto
Por outro lado, o ensino remoto é o que mais ganhou força durante a pandemia, apesar de já existir muito antes disso. “Ele foi a saída mais simples, prática e rápida encontrada pelas escolas assim que o isolamento social foi imposto à sociedade. As aulas acontecem online, tendo a internet como meio principal de transmissão de conteúdo, seja gravado ou ao vivo”, esclarece Sueli.
“É o mesmo que EAD?”, você pode estar se perguntando. De fato, esse tipo de aprendizagem costuma ser confundido com o ensino à distância muito usado nas faculdades e cursos, que prevê aulas gravadas, mas eles não funcionam da mesma forma. “Isso porque o remoto, embora possa incluir aulas gravadas e disponibilizadas aos alunos, acontece de maneira semelhante ao presencial, mas sem que os integrantes compartilhem o mesmo espaço físico”, conta Matheus.
- Ensino híbrido
Como o nome já indica, ele conecta estratégias de conteúdos que devem ser aprendidos presencial e virtualmente. Ou seja, existe a parte digital realizada de maneira remota e as tarefas e vivências na escola física. Em ambos os casos, o protagonista é o aluno.
Uma percepção comum a respeito do ensino híbrido é que se trata de uma mera junção do aprendizado na escola com aquele feito dentro de casa. Mas na realidade, como aponta o analista pedagógico, o modelo é caracterizado pela fluidez e complementaridade dos dois formatos.
“Trata-se de uma tendência na educação, que exige que sejam repensadas a organização da sala de aula, a elaboração de plano pedagógico e gestão do tempo na escola, bem como o papel desempenhado pelo professor e pelos alunos, a forma de interação, colaboração e envolvimento com as tecnologias digitais”, acrescenta a psicopedagoga.
“É o uso de tecnologia de maneira sábia, ou seja, ela não é um fim, é um meio que utilizamos para proporcionar a educação”, afirma Matheus. Uma das estratégias possíveis dentro do ensino híbrido é a chamada metodologia invertida, em que o aluno recebe materiais e conteúdos para realizar alguma tarefa em casa e depois o professor dá continuidade em sala de aula.
E cuidado com uma confusão comum: no início, muitas famílias entendiam que ensino híbrido era apenas a aula online ao vivo. Não, esta é a definição de aula síncrona (acontece em tempo real), que difere da assíncrona (videoaulas gravadas ou que não necessitem de interação no momento).
O papel dos pais e das crianças em cada modelo
Para essa dúvida, talvez o homeschooling seja o que tenha resposta mais óbvia. Nesse modelo, os pais têm protagonismo maior do que nos outros formatos, “porque toda a responsabilidade que iria recair sobre a escola, vai para os responsáveis. Vão ter que proceder com o ensino, gerenciar crises que a criança vai passar ao longo da evolução”, diz Matheus.
Enquanto isso, no ensino remoto os responsáveis não precisam ser tão ativos. Segundo o especialista, o papel está mais ligado à função de motivar e incentivar o filho a seguir as tarefas. Ou seja, dar suporte emocional e participar das atividades conjuntas quando orientadas pelo professor. “O que é muito importante nessa época, em que as crianças podem ficar desmotivadas sem a interação social”, pontua.
Por fim, o ensino híbrido tem a premissa do aluno como protagonista. Neste sentido, o educador aparece como mediador da aprendizagem, que irá identificar as necessidades do estudante, compreender em que ponto do desenvolvimento está e fazer eventuais ajustes no processo.
Mas para que o método tenha melhores resultados, Matheus enfatiza o papel importante dos pais de estarem a par do procedimento. “Se o pai não compreende e acha que o professor está terceirizando a sua função – e então não incentiva as tarefas da criança-, o filho pode ficar retraído no cumprimento das atividades e encontrar um entrave no processo de ensino-aprendizagem”, alerta.
O que é melhor para as crianças pequenas?
Como a maioria dos temas que envolve o desenvolvimento em primeira infância, não existe certo e errado – e sim o que funciona melhor para a dinâmica de cada família. Para Sueli, o formato mais eficaz continua sendo o presencial, por conta do convívio com os amigos que ele propicia, aprimorando portanto as habilidades socioemocionais.
“A aprendizagem ainda alia a interação com os materiais e a parte pedagógica. Ou seja, além da teoria, as crianças fazem a parte psicomotora na prática com os professores e colegas”, pontua.
Mas se considerarmos o momento e colocarmos na balança os modelos que não exigem a presença 100% física dos alunos, Matheus considera o híbrido mais positivo para os menores. “Porque assim eles não perdem a conexão com a escola e com outras crianças”, justifica.
Mesmo assim, o especialista acredita que existem alternativas no formato remoto de incluir interações com outras crianças. O professor pode, por exemplo, propor atividades manuais em que os alunos, mesmo através das câmeras, consigam se engajar e se relacionar uns com os outros.