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Cansada, mãe?

Lia Abbud é jornalista e uma das criadoras do @Fatigatis, um projeto de conteúdo sobre estresse materno que propõe estratégias em direção ao bem-estar físico e mental feminino.

Estamos deixando tudo mais veloz… Mas que horas a gente pausa?

Aceleramos os áudios, os vídeos, os podcasts e a vida. Mas aonde queremos ir com tanta pressa, mães?

Por Lia Abbud
18 set 2021, 14h00
Mulher andando segurando comida em potes.
 (RossHelen/Getty Images)
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Ver e ouvir mais coisas em menos tempo é a nova tendência. Mas será que cabe tanta coisa assim ao mesmo tempo no nosso “disco rígido” particular, que é a nossa cabeça? A funcionalidade de aceleração dos áudios e vídeos das ferramentas tecnológicas está ganhando cada vez mais adeptos e escancara um fenômeno que começou fora das telas: o acelerar da vida.

Agora, o WhatsApp permite que a gente acelere o tempo de fala/escuta em 1x, 1,5x ou 2x. No Youtube, podemos consumir um conteúdo em 50% do tempo, mesma velocidade oferecida pela Netflix, que, quando consultada sobre o tema, disse que este é um pedido antigo e frequente dos assinantes.

Ou seja, nós é que estamos querendo deixar tudo mais veloz. Não se trata de aceitar uma novidade porque, ao que tudo indica, a demanda partiu de nós mesmos!

Um representante do agregador de podcasts Pocket Casts comentou que há anos já vinha cortando as pausas e respiros dos apresentadores e oferecendo a opção de acelerar a fala. Eles calculam que essa combinação permite que alguém que ouve 10 horas de podcast por semana, por exemplo, consuma 11% a mais de conteúdo (66 minutos) no mesmo intervalo de tempo.

Será que as pausas e a entonação da fala, que fica difícil de ser percebida em modo acelerado, não tinham função, já não embutiam uma mensagem, algum sentimento?

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Mas aonde estamos indo com tanta pressa?

A sociedade da eficiência invadiu até mesmo nossos momentos de entretenimento. Agora, atrelamos também o lazer à produtividade, dando valor ao volume, tentando fazer caber mais vídeos, séries, livros, shows, podcasts.

E a gente fica aqui se perguntando:

  • quando foi que viramos essa chave?
  • quais os próximos estágios dessa aceleração desenfreada?
  • quais os impactos disso na nossa saúde?
  • de que forma todo esse consumo de informação está nos nutrindo?
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É claro que cada um é livre para decidir o que prefere fazer – a aceleração de áudio, vídeo e da vida é opcional, ufa! Não quero apontar dedo, mas convidar a pensar nos impactos disso na nossa saúde mental, ainda que não existam estudos científicos que apontem para prejuízos desse consumo excessivo de informação!

Fico pensando também no impacto de tudo isso na forma como nos relacionamos: nos olhares, nas conversas, na atenção. Que horas a gente para pra não fazer nada, pra descansar, contemplar, apreciar, recarregar energias, dar espaço pra cabeça voar, imaginar, criar? Que espaços de tempo nos sobram pra conexão física, presencial, intencional uns com os outros?

No Fatigatis (@fatigatis), a gente sempre bate na tecla de como o descanso é essencial. Mas é uma ilusão achar que acelerar a série do Netflix vai ajudar nessa busca por mais tempo no final do dia. Ao contrário, vai nos deixar mais cansadas e sem a presença necessária para a gente fazer as coisas com inteireza. Você já pensou sobre isso?

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