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Calos de amamentação: entenda por que eles exigem atenção

Pequenas bolhas durinhas nos lábios do bebê são comuns, mas podem indicar que algo não vai bem na amamentação.

Por Isabelle Aradzenka
7 nov 2021, 10h00

A gestação é um período recheado de expectativas, seja sobre o pequeno que vai chegar ao mundo ou sobre a própria maternidade. E fica mesmo difícil para a mãe não idealizar situações tão aguardadas como a amamentação.

Mas apesar do anseio, não é todo bebê que consegue fazer a pega adequada logo de primeira. Dores e fissuras no seio da mãe são indicativos comuns de que a sucção está incorreta, mas também há indícios que podem aparecer na criança, como o surgimento de calinhos esbranquiçados na boca.

“Os calos nos seios da mãe são a evolução das fissuras mamárias geradas por uma pega em local inadequado. E quando você fala do bebê, é a mesma coisa. No lábio, pode se formar uma pequena bolha de sucção, que é resultado do esforço que a criança faz para mamar” explica o pediatra Moises Chencinski, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

No começo, a mãe pode estranhar o aspecto do lábio do bebê, mas essas pequenas lesões são superficiais e não precisam de preocupação. O pediatra explica que, depois que as bolhas aparecem, elas logo são absorvidas pelo corpo ou cicatrizam na forma dos tais calinhos, que também descamam e somem com o tempo.

A atenção tem que ser na sucção…

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Apesar de não serem preocupantes, os calos são um alerta para algo que não está correto durante a retirada do leite. “A pega adequada é a tal da boca de peixinho. O bebê põe o lábio superior para cima, o lábio inferior para baixo, a língua sai e se interpõe entre o seio e esse lábio inferior”, esclarece Moises.

Se esse movimento está incorreto, o lábio do pequeno vai fazer um esforço que não deveria e o aparecimento das bolhas é uma consequência do atrito na região.

Os calos em si não vão interferir na amamentação, mas a pega inadequada sim. Então, eles são só um aviso falando ‘olha, aqui tem um lábio funcionando de um jeito que não devia e aqui tem um mamilo sendo estimulado de um jeito que não é o mais adequado’”, afirma o pediatra.

Está na hora de adequar a pega!

Se a mãe percebeu a presença dos calinhos nos lábios do bebê, provavelmente ela também sofre com dores e fissuras mamárias, já que um problema está ligado ao outro.

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Nesses casos, a fim de resolver a situação tanto do pequeno, quanto da mulher, o ideal é se concentrar na correção do movimento de sucção. “O principal tratamento nesses casos é adequar a pega do bebê. Assim, não terá mais aquele estímulo para aumentar a produção da calosidade e ela vai regredir espontaneamente”, explica Moises.

Essa adaptação deve ser feita em acompanhamento com o pediatra (ou consultores de aleitamento), que vai conseguir corrigir os movimentos externos e checar:

  • Se o bebê faz a “boca de peixinho”
  • Se o queixo está encostado na mama e o nariz afastado
  • Se a bochecha não faz covinha
  • Se não há estalos e barulhinhos durante a mamada

Os movimentos internos são um pouco mais complicados, mas ainda podem ser identificados através de alguns sinais, sendo que o mais evidente é a presença do mamilo achatado logo que sai da boca do pequeno. “Se a pega é correta, o mamilo da mãe vai para o céu da boca do bebê e não se tem pressão nele. Mas se a mulher tira o seio e o mamilo está achatado, é sinal de que lá dentro a língua está apertando-o e isso vai gerar fissuras e calosidades”, esclarece o pediatra.

De qualquer forma, mãe, por mais que os calinhos na boca do pequeno e nos seios não sejam um problema em si, eles são o indicativo de que algo precisa de atenção. E fazer a avaliação com um profissional é a melhor forma de começar um tratamento.

“Tudo aquilo que foge ao fisiológico, ao natural, precisa de uma avaliação e uma conversa com o médico. Nessa hora, o pediatra deve estar preparado para acolher a mãe e observar a mamada”, finaliza Moises.

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