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‘Peitolé’: pediatras explicam prós e contras do picolé de leite materno

Entenda por que "tetolé" pode aliviar o calor e incômodos da dentição do bebê, mas contribuir para surgimento de quadros infecciosos.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 5 abr 2021, 18h43 - Publicado em 5 abr 2021, 18h17

Você já ouviu falar sobre o “peitolé” ou “tetolé”? Durante a jornada do aleitamento materno, mães e especialistas adotaram estes nomes para o chamado sorvete caseiro feito com leite materno. Só que ainda que popular, a técnica divide a opinião entre os pediatras e pede cuidados específicos já que envolve o congelamento do alimento dos pequenos.

Como explica a pediatra Cássia Regina Nogueira Guimarães, professora de Pediatria no curso de Medicina da PUCPR, o “peitolé” tende a ser oferecido a partir do sexto mês de vida do bebê. “Primeiro, para que não haja nenhuma interferência no aleitamento materno. Segundo, porque a partir desta faixa etária, a criança já tem condições e amadurecimento para experimentar e manipular outros alimentos”, detalha a especialista.

O alívio do calor causado pelas altas temperaturas e o incômodo trazido pela erupção dos primeiros dentes são os principais motivos que levam os pais a pensarem no congelamento do leite materno em formato de picolé.

“Às vezes, quando o dentinho está rompendo, ele causa um edema. Por sua vez, esse inchaço pode formar um pequeno hematoma, que leva a um desconforto. O frio ajuda a diminuir um pouco esse edema e, portanto, teria alguma função”, pontua Cássia Regina. Só que ao mesmo tempo é preciso levar em consideração possíveis consequências negativas do “tetolé”.

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Os prejuízos do picolé feito de leite materno

A pediatra Francielle Tosatti, especialista em emergências pediátricas pelo Instituto Israelita Albert Einstein, esclarece que o consumo do “peitolé” pode contribuir para o surgimento de quadros infecciosos. “Alimentos gelados quando deglutidos podem levar à queda brusca da temperatura e prejudicar os mecanismos de defesa da mucosa respiratória, levando, por exemplo, à diminuição da movimentação dos cílios presentes na faringe que funcionam como uma espécie de ‘vassoura’, impedindo a entrada de patógenos no organismo, especialmente vírus”, pontua a médica.

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Outro ponto levantado pelas especialistas é que mães e pais precisam lembrar que o leite materno congelado em formato de picolé não tem função nutritiva e não substitui as mamadas. “Portanto nada impede que, mesmo minutos depois [de consumir o picolé], o bebê que agora está mais calmo, vá ao peito da mamãe para de fato se alimentar”, reforça Francielle.

Os cuidados para preparar o “peitolé”

Desta forma, as pediatras recomendam que, caso os responsáveis cogitem a possibilidade do sorvetinho, conversem antes com o médico que acompanha o pequeno para entender qual é a orientação recomendada para aquela criança. Durante o diálogo, provavelmente o especialista também explicará que é preciso tomar alguns cuidados na preparação do “tetolé”.

Para conservar o alimento do bebê, o primeiro passo a ser feito é como se fosse uma extração de leite materno normal e que a dose retirada deve ser colocada em recipientes específicos. Eles devem ser preferencialmente de vidro, com tampa e fervidos por 15 minutos para esterilização. Para secá-los, opte por deixá-los de cabeça para baixo em um pano limpo, com a evaporação da água naturalmente.

A mãe também deve estar atenta à própria higienização, a fim de que não se contamine o leite que foi extraído. “No momento, use touca ou lenço para cobrir os cabelos, coloque máscara para proteger nariz e boca e higienize adequadamente as mãos”, enumera Francielle. Com o alimento armazenado no recipiente correto, deposite-o em forminhas de sorvete específicas para os pequenos, com o cuidado de que elas não contenham bisfenol A. Não é necessário acrescentar nada mais além do leite puro.

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E o que não foi consumido?

Após o processo de congelamento, Cássia Regina explica que o “peitolé” pode ser mantido no freezer entre um período de sete a quinze dias, no máximo. O que não foi consumido neste intervalo deve ser descartado e o mesmo vale para o que foi descongelado e não gasto pelo bebê.

“O leite materno descongelado a temperatura ambiente não deve ser congelado novamente devido o aumento do risco de crescimento de micro-organismo indesejados e contaminação”, completa Francielle.

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