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Vacinação infantil tem maior retrocesso dos últimos 30 anos

Dados divulgados pela OMS e pelo Unicef indicam cenário preocupante com risco de retorno de doenças graves.

Por Carla Leonardi
18 jul 2022, 13h59

Ao redor do mundo, 25 milhões de crianças estão com as vacinas atrasadas, e o Brasil está entre os dez países que lideram esses números. Foi isso que os dados divulgados no último dia 15 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontaram, representando a maior queda vacinal contínua das últimas três décadas. 

Essa medição é feita com base na imunização contra difteria, tétano e coqueluche (chamada “tríplice bacteriana”, a DTP3), importante marcador da cobertura infantil. Por aqui, estima-se que 700 mil crianças não tomaram nenhuma dose desse imunizante. A nível global, o número é de 18 milhões na mesma situação.

Quando se observam outras vacinas, a preocupação continua: a tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola), a imunização contra a poliomielite e a contra HPV (que protege meninas de terem câncer de colo de útero no futuro) também tiveram quedas significativas, o que acende o alerta para a comunidade médica internacional.

menino tomando vacina
(Malte Mueller/Getty Images)

Dados preocupantes

Em comunicado, a oficial de Saúde do Unicef no Brasil, Stephanie Amaral, afirmou que esse cenário demanda atenção. “A preocupação é muito real porque as coberturas vacinais não têm aumentado e tem um sério risco de volta de doenças que tinham sido eliminadas ou que eram raridade”, declarou.

De acordo com o estudo, a queda dos números é consequência de múltiplos fatores, como a grande quantidade de crianças em regiões de conflito e vulnerabilidade, o aumento da desinformação – que tem colocado a eficácia e a segurança das vacinas em xeque sem bases científicas – e os problemas decorrentes da pandemia de Covid-19, com a interrupção de serviços e o desvio de recursos para garantir a imunização contra o novo coronavírus.

Vale lembrar que vacinar as crianças é essencial para a saúde delas e da comunidade, afinal, é assim que se impede o retorno de doenças (muitas delas, graves) já erradicadas, como pudemos observar com os surtos recentes de sarampo.

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