Após cinco casos de meningite meningocócica do mesmo tipo C serem registrados nos distritos de Vila Formosa e Aricanduva, na Zona Leste da cidade de São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde intensificou a vacinação na região afetada. Nos últimos 15 dias, 8.455 pessoas entre três meses e 64 anos foram imunizadas.
Vale ressaltar que é considerado surto da doença meningocócica quando há três ou mais casos na mesma localidade dentro de 90 dias, o que aconteceu na área em questão: um bebê de 2 meses e quatro adultos foram contaminados. Entre eles, uma mulher de 42 anos morreu em decorrência da doença.
Só em 2022, esta é a terceira vez que um surto de meningite C é registrado em São Paulo – os outros dois foram no Jardim São Luís e na região do Pari.
Principais sintomas da meningite tipo C
Como os primeiros sinais da doença podem ser facilmente confundidos com os da gripe, como febre alta, prostração e cansaço, é preciso ter muita atenção quando se vive em uma região de surto, pois o rápido início do tratamento pode fazer toda a diferença.
De acordo com o pediatra Paulo Telles, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, os sintomas mais característicos da infecção são “dores intensas de cabeça, náuseas, vômitos, rigidez da nuca, manchas na pele, sonolência ou confusão mental, irritabilidade e fotofobia (sensibilidade à luz)”.
Possíveis complicações da doença
Ainda segundo o especialista, esse tipo de meningite bacteriana pode evoluir de maneira grave, sobretudo quando o tratamento não é iniciado rapidamente. “As principais complicações são aquelas que afetam o sistema nervoso central, causando alterações cerebrais, surdez, paralisia motora, epilepsia, dificuldade de aprendizagem e amputação de membros“, detalha Telles, que lembra ainda que a doença pode levar à morte.
É por isso que a prevenção é tão essencial, e a melhor forma de evitar o contágio é a vacinação. Além disso, retomar o uso de máscaras em regiões de surto é importante para manter os germes causadores da doença longe. É o que explica a Infectologista Consultora Médica do Labi Exames Aline Scarabelli: “Levando em consideração a forma com que a doença é transmitida, como tosses e espirros, o uso da máscara se faz imprescindível, pois ajuda a proteger a boca e o nariz. Evitar o contato, lavar as mãos com frequência e ter hábitos saudáveis são outras formas de prevenção”.
Calendário de imunização contra meningite
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, os pequenos devem ser vacinados contra a meningite meningocócica C em duas doses (aos 3 e 5 meses) e, depois, com um reforço (aos 12 meses). O intervalo mínimo entre as aplicações é de 30 dias entre a primeira e a segunda, e 60 dias entre a segunda e o reforço. Os especialistas recomendam ainda uma segunda dose de reforço, entre os 5 e 6 anos de idade, mas ela não é oferecida pelo Sistema Único de Saúde.
Além disso, atualmente, jovens entre 11 e 14 anos podem ser imunizados na rede pública contra a meningite meningocócica ACWY (mais abrangente a outros sorogrupos e disponível para todas as idades na rede privada).
Aline Scarabelli ressalta que a vacinação é imprescindível e destaca aqueles que são mais vulneráveis à meningite meningocócica: “Pessoas com sistema imunológico fraco, esquema vacinal incompleto ou crianças com menos de 1 ano de idade e entre 16 e 21 anos são consideradas grupos de risco”, alerta.
Vacinação em áreas de surto
Quando um surto é identificado, a Secretaria de Saúde do município promove a vacinação para conter o avanço da doença; atualmente, na Zona Leste de São Paulo, a imunização acontece em quatro Unidades Básicas de Saúde:
- UBS Formosa II
- Assistência Médica Ambulatorial (AMA)/UBS Integrada Guarani
- UBS Jardim Iva
- UBS Comendador José Gonzalez
Para receber a vacina, é preciso ter entre três meses e 64 anos idade e apresentar comprovante de endereço na região (afinal, a ação é para conter o surto naquela localidade). Para quem trabalha nas proximidades, basta apresentar um comprovante trabalhista.
“Segundo dados do DataSUS, do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal de meningite meningocócica C está, atualmente, em 42,5% na capital paulista e em 52% em todo o território nacional. Em 2015, ambas estavam em 98%. Por isso, manter a carteira de vacinação toda atualizada é essencial. Todos na área do surto devem procurar o posto mais perto e atualizar a vacina“, finaliza o pediatra Paulo Telles.