Sexo: como casais com filhos pequenos podem manter uma relação saudável
A chegada do bebê e a convivência com a criança tendem a interferir na vida sexual dos parceiros. Entenda como contornar as mudanças deste período
Bebês e crianças são seres que dependem quase que completamente dos pais. É claro, portanto, que a chegada ou a presença dos filhos na família vai alterar a dinâmica sexual do casal, principalmente se eles ainda estão aprendendo a ser pais. No entanto, afirmar que uma “mudança” está por vir não quer (de forma alguma) dizer que a dupla não conseguirá mais aproveitar um momento de intimidade prazeroso. Vamos por partes…
O que pode mudar na vida sexual após os filhos?
“O sexo e a libido são uma energia”, explica Rose Villela, psicóloga especializada em Sexualidade Humana e mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Quando se tem um filho, a criança necessita de atenção e demanda muito dos pais. Assim, no primeiro momento, toda a energia dos parceiros acaba sendo depositada na criação e no cuidado deste filho.
Por isso mesmo é bastante comum que, em casas com bebês e crianças pequenas, a vontade e a frequência sexual diminuam. “É natural que se tenha uma queda de libido. Isto não é uma regra, um casal ou outro acaba mantendo a vida sexual ativa e igual à que tinha antes dos filhos, mas é a minoria dos casos. O normal é, sim, passar por uma transformação”, conta a especialista.
Além da queda da libido (que afeta principalmente mulheres lactantes, que estão com a prolactina alta) e a falta de energia para investir em uma relação sexual, a escassez de disponibilidade dentro da casa para o sexo também influencia a vida íntima.
Alguns casais que tentam uma aproximação nessa fase podem acabar sendo surpreendidos com o bebê acordando aos choros de madrugada e até tomados pelo medo de que criança, que já está andando, abra a porta e flagre os pais em uma relação.
“Em geral, estes parceiros não conseguirão relaxar para se entregar no sexo, pois estarão sempre atentos às necessidades do filho. E, para você ter uma vida sexual saudável, é preciso estar relaxado e entregue”, completa a psicóloga. Sem falar que o excesso de preocupação também deixa os dois vulneráveis para o desenvolvimento de uma disfunção sexual neste período.
“O casal tem que ficar atento a tudo isto para que não se gere um afastamento, tanto aquele parceiro que vai ficar mais ali na maternagem quanto o outro, que irá entrar como a regra e o limite do relacionamento”, orienta Rose.
O importante é aceitar que uma transformação está acontecendo, mas que isso vai passar. É aceitar, não se conformar… “Os parceiros têm sempre que estar investindo, lembrando que há uma relação amorosa em jogo e não deixar que o erotismo se perca no caminho”, completa.
Como não perder o relacionamento sexual entre o casal
Às vezes, podemos nos confundir e pensar que investir na sexualidade é pensar apenas no sexo dentro da relação, mas não é. “O relacionamento erótico se dá também por um carinho, um beijo, um abraço, um toque, sem a necessidade do contato genital. É sentir que você está ali envolvido e criar uma tensão nisto, uma situação erótica. As pessoas têm que perceber e investir neste tipo de erotização da relação”, recomenda a psicóloga.
Com a ajuda da especialista, listamos a seguir algumas atitudes que podem ser tomadas para que o casal não perca de vista o relacionamento afetivo, erótico e amoroso neste período. Afinal, agora os parceiros são pais e mães, mas continuam sendo parceiros.
- Lembrem-se dos momentos passados
É sempre bom fazer um exercício mental de olhar para a sua parceira ou parceiro para além da função familiar. Recordem-se dos momentos de excitação que já tiveram, da fase da paixão – quando se conheceram e havia aquele fogo todo na relação -, por exemplo.
- Estejam relaxados nas situações de intimidade
Em casas com crianças um pouco maiores, é importante garantir que o casal não será interrompido pelos filhos e que os parceiros estejam descansados, relaxados e tranquilos na relação. Por isso, na hora “H”, uma dica é sempre fechar e trancar a porta do quarto.
- Aposte na conchinha
Quando o bebê dorme, muitos casais aproveitam para dormir também. Se esse é o caso por aí, que tal investir em uma conchinha para trazer um toque mais carinhoso para o relacionamento?
- Mantenha o hábito do “beijão”
O beijo desperta a sensação do tesão. Por isso, é importante trazer o gesto para dentro da rotina. E não estamos falando de beijinhos de despedida, mas sim daquele beijo erótico, de língua.
- Aproveite os momentos em que as crianças não estão em casa
Para investir em um ato sexual com mais qualidade, aproveite quando as crianças não estão presentes na casa. Nessa hora, a rede de apoio da família pode ser acionada para o casal deixar os pequenos aos cuidados de parentes e curtir um jantar especial ou, quem sabe, fazer uma visita ao motel.
- Conserve os hábitos do namoro
Mesmo em relações mais longas, não deixem os hábitos da época de namorados de lado. Saiam de mãos dadas na rua, façam programas diferentes – como ir ao barzinho, cinema ou teatro – e se preparem para essas saídas.
- Marque um dia para os momentos de intimidade
Pode parecer inusitado, mas reservar um dia (ou dias) específico(s) para se ter uma relação sexual, ou só uma troca de carinho entre os parceiros, contribui no preparo e dedicação de cada um para a ocasião. Já tentaram por aí?