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Quando posso voltar a fazer sexo depois de ter filho?

Especialistas explicam por que há menos lubrificação vaginal após o parto e possível dor nas primeiras relações sexuais.

Por Alice Arnoldi
10 jan 2020, 17h27

Quantas dúvidas, não é? Tanto a espera dos nove meses de gestação quanto o nascimento do pequeno são dois momentos especiais, mas também cheios de incertezas e soluções que desaparecem e voltam dia após dia. Muitas vezes, essas questões surgem por estarem relacionadas a temas que não são discutidos com frequência e naturalidade, como a sexualidade feminina – especialmente durante a gestação e após ela. Por isso, ouvimos diferentes especialistas sobre o assunto e respondemos uma das primeiras questões que ligam maternidade e sexo: quando é possível voltar a ter relações sexuais depois de ter um filho?

Antes de tudo, é importante ressaltar que essa pergunta não é feita com o intuito de pressioná-la a voltar a pensar em transar após dar à luz. Todo o processo não é fácil, pelo contrário, ele é cansativo e demanda muito da mulher tanto física quanto psicologicamente, mesmo que com amor envolvido. E a pausa de sexo é exatamente sobre essa exigência do corpo para se reestruturar a fim de se manter saudável.

Segundo Erica Mantelli, ginecologista, obstetra e especialista em saúde sexual, a liberação para voltar a ter relações sexuais deve ser feita pelo especialista que acompanha a mulher. Mas, de modo geral, o resguardo é um intervalo de 40 (por isso o nome de “quarentena”) a 60 dias, independentemente do parto ter sido normal ou cesárea, e o motivo é principalmente a cicatrização do útero.

“Esse período é importante para que ele retorne ao tamanho normal, além de fechar o colo e ocorrer a limpeza do conteúdo uterino com a saída da loquiação (sangramento vaginal após o parto) e não ter risco de infecção vaginal”, explica a médica. Inclusive, o contato sexual do homem com esse sangue liberado após o nascimento do bebê (que é normal e esperado) pode fazer com que tanto o parceiro quanto a mulher fiquem mais suscetíveis à contração de infecções. Portanto, a situação também pede que o casal evite o sexo oral além do vaginal.

Flávia Fairbanks, ginecologista e obstetra da Clínica FemCare, complementa sobre o resguardo ser o período para o canal vaginal se recuperar de microfissuras que acontecem durante a passagem do bebê no parto normal e, no caso da cesárea, o período para o fechamento dos pontos.

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A primeira relação sexual após o parto vai doer?

Mesmo com o primeiro momento de cicatrização concluído e a liberação dos especialistas para o retorno da vida sexual, especialistas não escondem que as primeiras relações podem doer. O motivo é principalmente hormonal e está diretamente ligado ao aleitamento materno.

“A prolactina é um hormônio que briga com o estrogênio. Então, para favorecer a amamentação, o organismo aumenta muito o nível de prolactina e, consequentemente, reduz muito o nível de estrogênio. Ele é o hormônio fundamental para facilitar a relação sexual, porque é responsável pela lubrificação. Como que ele faz isso? Estimula o fluxo sanguíneo para a pelve, facilitando a lubrificação. Na falta de estrogênio, esse sistema todo fica muito mais seco”, pontua Flávia.

Além da falta de lubrificação, a oscilação hormonal e a demanda psicológica que existem nesse período também podem ocasionar a queda da libido. Como Erica não deixa passar, o puerpério pode ser sinônimo de “noites mal dormidas, cansaço e baixa autoestima devido à insatisfação com o corpo”.

Só que, muita calma nessa hora, pois a médica lembra que essa situação é passageira. Com a volta da menstruação, os hormônios sexuais tendem a se estabilizar e a lubrificação volta ao normal. Entretanto, se a vontade de transar estiver batendo à porta, e você e o seu parceiro sentirem que está rolando um atrito físico, vale apostar em lubrificantes.

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Os mais indicados são os à base d’água. Eles não danificam o látex da camisinha, não alteram o pH da vagina e não estragam a vida útil dos brinquedos eróticos – caso eles sejam uma opção para inovar na hora da relação.

Já sobre a posição sexual mais indicada para o retorno à vida sexual ativa, Flávia enfatiza que não há uma que ganhe destaque. A ideia é que o casal escolha a que for mais confortável para os dois e até mesmo a que estavam acostumados a fazer antes do nascimento do bebê.

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