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Novembro roxo: entenda as diferenças da vacinação em bebês prematuros

Para os pequenos que nascem antes do tempo, a BCG e a Hepatite B são as principais vacinas que sofrem alterações no modo de aplicá-las.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 1 jul 2021, 09h48 - Publicado em 17 nov 2020, 13h08

O penúltimo mês do ano é conhecido como Novembro Roxo, uma campanha intensa ao redor do mundo para a conscientização e prevenção da prematuridade. Entre os diferentes assuntos necessários ao falar sobre estes bebês que nascem antes da 37ª semana de gestação, a importância da vacinação é fundamental.

O pediatra e neonatologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que todos os bebês precisam ser protegidos com as vacinas. Mas a preocupação com recém-nascidos prematuros é ainda maior, já que eles são mais suscetíveis a adquirir infecções.

“Primeiro pelo seu sistema imunológico mais imaturo. Além da sua resposta imunológica não ser tão boa quanto do bebê a termo, ele recebeu menos anticorpos da sua mãe (a maior parte da transferência acontece no fim da gravidez)”, explica o pediatra.

Essa fragilidade acaba sendo associada com a parte anatômica mal desenvolvida, agravando a situação. “Como pulmões pequenos, calibre das vias áreas muito reduzido, o que favorece obstruções, e problemas mecânicos. Em geral, também são anêmicos, têm várias outras infecções recorrentes, usam corticoides que baixam a resistência, e são desnutridos. Portanto, tudo conspira para ter infecções com mais frequência e gravidade”, esclarece o pediatra.

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Só que para manter a carteirinha de vacinação do bebê que chegou antes do planejado em dia, é importante saber que as duas únicas vacinas indicadas após o nascimento, pelo Calendário de Vacinação SBIm Criança, trazem especificações diferentes para os prematuros.

Já o restante das vacinas indicadas para o público infantil, como a tríplice bacteriana (para proteção de difteria, tétano e coqueluche) e a de poliomielite, seguem as mesmas recomendações do calendário padrão destinado a bebês nascidos no tempo esperado.

1. BCG

Conhecida como uma das primeiras vacinas que o bebê vai receber ao nascer em dose única, ela é responsável pela proteção contra tuberculose. Para os prematuros, Kfouri detalha: “Devemos esperar que o bebê tenha dois quilos, caso contrário, ela pode ter um efeito menor ou, às vezes, dar mais reações colaterais”.

E ao sair da maternidade, pode ser que ele ainda não tenha recebido a dose. Silvana Darcie Maccagnano, pediatra e neonatologia do Hospital e Maternidade Santa Joana, detalha que os bebês que nascem prematuros tendem a ter alta quando chegam ao 1,8kg saudáveis. Portanto, o acompanhamento com o médico do pequeno é essencial para que se espere os dois quilos chegarem e a vacina seja aplicada.

Além da relação com os efeitos colaterais e a eficiência da vacina, a espera pelo peso ideal se dá porque a BCG necessita de massa muscular para ser aplicada – e, portanto, não sendo possível em bebês tão pequenos.

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2. Hepatite B

Para receber a primeira dose de proteção contra Hepatite B, a pediatra explica que o peso também é um fator decisivo. Os prematuros devem ter acima de 750 gramas ou estarem com idade gestacional acima de 27 semanas.

“Outra peculiaridade é em relação ao número de doses da vacina. Os bebês que nascem com peso abaixo de dois quilos devem receber quatro doses em vez de três, como acontece com os que nascem no tempo esperado”, pontua Silvana.

No bebê a termo, isto é, o que nasceu no período esperado entre 37 e 42 semanas, as doses são divididas em 0-2-6 meses. Já para os bebês prematuros, elas podem ser aplicadas em dois tipos de intervalo: 0-2-4-6 meses ou 0-1-2-6 meses, como reforça o Calendário de Vacinação SBIm Prematuro 2020/21.

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O uso de Palivizumabe

Junto com a proteção reforçada com a vacina em prematuros, Silvana cita a recomendação do Ministério da Saúde do uso de Palivizumabe. Como esclarece Kfouri, ele não é uma vacina em si. Mas um anticorpo pronto que é ofertado para os “prematuros extremos”, ou seja, que nasceram antes da 28ª semana, a fim de protegê-los de complicações causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR).

“O VSR atinge crianças, adultos e causa um quadro semelhante ao gripal. Mas quando atinge bebês prematuros, ele pode causar um cenário muito grave, parecido com o de broncoespasmo (quando há dificuldade de contração dos brônquios, o que causa dificuldade em respirar) e até ser responsável por internações hospitalares, inclusive em UTIs”, pontua Silvana.

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A aplicação do anticorpo é uma injeção intramuscular, de no máximo cinco doses, e deve ser iniciada um mês antes da estação que o vírus circula. “Por exemplo, quanto mais ao norte, mais cedo começa a estação (em fevereiro) e dura quatro meses. Já no sul, começa em abril, durando também quatro meses até agosto”, detalha Kfouri.

Além dos prematuros extremos, Silvana lembra que o Palivizumabe também é recomendado para bebês com doenças pulmonares crônicas ou cardiopatia congênita.

Orientações para os pais

E se há a preocupação de que a caderneta de vacinação da criança esteja atualizada, é necessário que os pais de um bebê prematuro também não deixem faltar nenhuma vacina essencial em si.

A pediatra faz a ressalva para a da influenza, aplicada anualmente. “É importante que os pais e cuidadores recebam essa vacina porque ela só pode ser dada a partir dos seis meses”, pontua.

Assim, o reforço que fica é de que, mesmo estando em meio a pandemia, atente-se para não perder os “passeios obrigatórios”, como brinca Silvana. Eles são fundamentais para que o seu bebê seja protegido e desenvolva-se com saúde!

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