Fertilidade: o que é ovodoação e quando ela é indicada para as mulheres
Especialistas explicam como funciona o tratamento indicado para quando as mulheres não possuem mais reserva ovariana ou quando ela é baixa.
Cada vez mais, mulheres que têm o sonho de engravidar, mas não conseguem prosseguir com a gestação por vias naturais independente do motivo, são reconfortadas com a notícia positiva dos diferentes tratamentos de fertilidade possíveis. Ainda que pouco falado, um deles é a ovodoação, alternativa de relevante importância a quem não produz mais óvulos.
“A ovodoação é o tratamento utilizado por quem deseja ter filhos, porém não tem óvulos próprio (ou ainda tem, mas eles não apresentam mais qualidade para a formação de um embrião) para alcançar a maternidade/paternidade. Desta forma, utiliza-se óvulos de uma outra mulher para ser fertilizado pelo espermatozoide no processo que conhecemos como Fertilização In Vitro (FIV)”, explica o urologista Daniel Suslik Zylbersztejn, PhD em reprodução humana e coordenador médico do Fleury Fertilidade.
Quando a ovodoação é recomendada
Este tipo de tratamento é indicado principalmente quando a mulher não possui mais óvulos ou tem baixa reserva destes gametas, e os motivos que levam a estes cenários variam. “A falência ovariana pode estar ligada a idade da paciente ou ser precoce. Dentre os fatores que a causam, destacam-se pré-disposição genética, doenças autoimunes, enzimáticas, infecções e causas iatrogênicas (quando decorrentes de tratamentos médicos, como quimioterapia e radioterapia)“, pontua a enfermeira Fernanda Robin, membro do comitê certificador da Rede Latino Americana de Reprodução Assistida (Redlara) e gerente executiva da clínica Nilo Frantz.
Além dos problemas fisiológicos, Daniel também pontua que este meio de engravidar pode ser indicado para casais homoafetivos, compostos tanto por duas mulheres quanto dois homens, ou ainda figuras masculinas que desejam a paternidade solo. Nestas duas últimas circunstâncias, é necessária também a cessão temporária de útero – processo conhecimento popularmente como barriga solidária.
Os tipos de doação de óvulos
Diferente de outros países que possuem banco de óvulos para tratamentos de fertilidade, no Brasil, a doação do gameta depende principalmente de uma mulher que deseja fazê-la de forma voluntária – já que é proibida qualquer forma de remuneração em troca de óvulos – ou por meio da doação compartilhada.
O ginecologista Luiz Eduardo T. Albuquerque, membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e diretor médico do Centro de Reprodução Humana Fertivitro, explica que o primeiro caso de doação compartilhada ocorre quando uma mulher que está tentando engravidar e já precisaria passar pela Fertilização in Vitro (FIV) decide fazer o compartilhamento dos seus gametas com a paciente que está em busca da ovodoação.
“Neste caso, são mulheres que têm como indicação da FIV um fator masculino, ou seja, o homem que tem problema e elas, após fazerem uma série de exames e constatando que são pacientes que estão dentro de uma certa normalidade, poderiam ser doadoras”, esclarece o especialista. Nesta circunstância, a receptora dos óvulos contribui financeiramente com os gastos da doadora em relação aos tratamentos de infertilidade, mas suas identidades continuam preservadas.
Luiz Eduardo também lembra que, de acordo com nova resolução do Conselho Federal de Medicina publicada em 15 de junho deste ano, é possível que os gametas sejam doados por parentes de até quarto grau da mulher (prima). “E só pode ser dela, uma vez que se fosse óvulo do parente do marido seria uma gravidez consanguínea e isso não pode acontecer porque pode levar a alterações graves, como cromossômicas”, esclarece o médico.
Já a segunda opção de ovodoação seria por meio da importação de óvulos de bancos internacionais e, como pontua Daniel, este processo costuma ser mais dinâmico do que o primeiro. “Pois não é preciso esperar encontrar uma doadora compatível como acontece na doação compartilhada”, completa o urologista.
O perfil da doadora dos gametas
Ainda de acordo com o Conselho Federal de Medicina, Fernanda explica que a doadora de óvulos pode ter até 37 anos, deve ter os exames sorológicos negativos e estar disposta a ter contato constante com a clínica de fertilização pelo período necessário para a realização da entrevista médica e diferentes testes que variam entre as instituições.
“Por exemplo, nós consideramos índice de massa corporal, que deve estar dentro de um padrão, e a história pregressa da família para avaliar doenças mentais debilitantes e enfermidades crônicas degenerativas, além das genéticas”, esclarece a enfermeira. Mulheres que também tenham sido fumantes ou usuárias de drogas não podem ser doadoras dos óvulos.