Crianças devem substituir as máscaras caseiras pelas cirúrgicas? Entenda!

Apesar de mais eficaz contra o vírus, a proteção médica não se ajusta bem ao rosto dos pequenos e seu uso por cima de uma de tecido ainda não foi indicado.

Por Flávia Antunes
Atualizado em 19 fev 2021, 11h37 - Publicado em 4 fev 2021, 18h46
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 (Arte: Pedro Emílio Soares/ Foto: Yagi Studio/Getty Images)
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Com o desenrolar da pandemia do novo coronavírus, as máscaras ganharam lugar fundamental em nossas rotinas. Desde o início, o seu uso foi recomendado pelas criançasexceto para os menores de dois anos -, e na tentativa de aumentar ainda mais a proteção contra o vírus, algumas estratégias foram pensadas e depois descartadas, como o caso da utilização de face shield pelos pequenos

Em geral, a saída adotada pela maioria das famílias foi apostar nas máscaras caseiras, sempre seguindo as recomendações de tecido, número de camadas e higienização após o uso, para que as cirúrgicas ficassem disponíveis aos profissionais de saúde.

Recentemente, no entanto, com o aparecimento da nova variante da covid-19, um capítulo inédito veio para abalar nossas certezas. Isso porque alguns países europeus, como Alemanha, França e Áustria decidiram proibir o uso das proteções de pano em locais públicos – decretando sua substituição pelas cirúrgicas ou pela N95.

Sabendo que a mutação do novo coronavírus já foi detectada em solo brasileiro, nos pegamos questionando: será que aqui no Brasil as crianças deveriam trocar as máscaras convencionais pelas cirúrgicas? 

Apesar de garantirem maior segurança, já que possuem poros menores que dificultam a passagem do vírus, o item encontra um empecilho importante quando falamos dos pequenos. “As máscaras cirúrgicas são mais eficazes, mas não se adaptam bem ao rosto das crianças menores“, afirma a pediatra e infectologista pediátrica, Lilian Piagentini.

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E esse quesito é crucial quando pensamos na função do acessório, como detalha o infectologista Max Igor, do Hospital Santa Catarina. “Dentre os fatores que aumentam a efetividade da máscara, podemos citar o quanto ela está próxima do rosto e quanto adere na face –  pois se fica solta, o ar entra pelos cantos e acaba não protegendo tanto”, explica.

Já sobre as proteções do tipo N95, o pediatra Flávio Melo afirma que seu uso não consta nos protocolos e diretrizes médicas até então. “Porém, em caso de boa adaptação em situações em que haja risco maior de exposição a aerossóis, como em ambientes fechados e mal ventilados, e caso a criança tolere e a máscara tenha boa vedação e adaptação, não há motivo para recomendar o contrário”, pontua ele. Mas deixa o alerta: “Friso que em geral, a N95/PFF2 causa mais desconforto ao usar, até que a pessoa esteja adaptada”.

O que dizem os estudos até agora

O especialista comenta que apesar da hipótese fazer sentido, já que seria uma forma de otimizar a proteção frente ao poder de transmissão maior do agente, não existem comprovações científicas de que trocar as versões caseiras pelas cirúrgicas teria um impacto significativo.

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O que vem se mostrando eficaz, porém, é reforçar o ajuste das máscaras. Novos dados do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) mostraram, por exemplo, que o desempenho das proteções de procedimento médico pode ser melhorado em 42% dando um nó nas cordas da orelha, além de dobrar as bordas do utensílio para dentro também ter sido apontada como uma boa estratégia para reduzir as lacunas.

Mas apesar das novas medidas estarem sendo adotadas no exterior, Lilian ressalta que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) não divulgou nenhum protocolo diferente, e segue recomendando que as máscaras cirúrgicas sejam destinadas apenas aos profissionais de saúde.

“Devemos lembrar que o uso das máscaras caseiras também é eficiente, desde que seja feita com pelo menos duas camadas de tecido (de preferência algodão), que cubra totalmente a boca e o nariz e esteja ajustada e confortável ao rosto e sem espaços nas laterais. É importante também que seja trocada a cada 2 horas ou quando estiver úmida”, aponta a pediatra.

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E usar duas máscaras, faz sentido?

Outra tendência que surgiu com a identificação da variante do novo coronavírus foi o uso de duas máscaras – o intuito, evidentemente, seria dobrar assim a proteção contra o vírus. De fato, segundo Lilian, poderia implicar na redução na transmissão, e as informações divulgadas pelo mesmo estudo do CDC tendem a comprovar este pensamento.

Segundo os pesquisadores, usar duas máscaras – uma de pano sobre outra médica, como aquelas descartáveis – pode melhorar de forma significativa a proteção contra a covid-19, bloqueando 92,5% das partículas de escaparem do rosto.

Além disso, ao colocarem frente a frente uma pessoa com a doença e outra não infectada, ambas equipadas com as proteções duplas, os estudiosos constataram que a exposição do indivíduo que não estava com o novo coronavírus foi minimizada em 96,4%.

Contudo, apesar da eficácia ter sido sinalizada, a indicação vale mais para os adultos, tendo em vista que manter os pequenos com uma só máscara já não é uma tarefa fácil – além de outros riscos que esse uso pode trazer. “Utilizar duas máscaras gera desconforto. Sem falar que as crianças menores podem não ter noção de se estão respirando bem ou não e existe até mesmo o risco de sufocamento. O item não foi pensado para esse tipo de uso e nada adaptado desta forma é positivo”, alerta o infectologista.

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