A atriz Adriane Galisteu, 46 anos, revelou recentemente em um programa de TV que está fazendo tratamento para engravidar do seu segundo filho. Adriane e o marido, Alexandre Iódice, são pais de Vittorio, de 8 anos, e agora passam por um caso de infertilidade secundária, problema relativamente comum, especialmente na gravidez tardia.
Semelhante à infertilidade primária, a secundária ocorre quando o casal já teve um bebê e não consegue engravidar do segundo após um ano de tentativas. O problema pode ser decorrente de alterações no sistema reprodutor da mãe ou do pai. “Hoje em dia muitas pessoas optam por ter o primeiro filho entre os 35 e 40 anos, e, quanto mais o tempo passa, mais difícil será engravidar novamente”, aponta o ginecologista Márcio Coslovsky, membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e diretor da Clínica Primordia.
A mulher nasce com um número de óvulos a serem produzidos pré-determinado, que vão sendo utilizados no decorrer do período fértil. “A partir dos 35, há uma diminuição acentuada na quantidade do estoque, e os que sobraram envelhecem”, comenta Coslovski. Não significa que o óvulo não funciona mais, mas fatores como a própria idade, estilo de vida, exposição à radiação e remédios podem diminuir as chances dele ser fertilizado e implantado com sucesso no útero.
No caso dos homens, é um pouco diferente, pois os espermatozoides são produzidos por toda a vida. Só que, com o tempo, essa fábrica vai ficando obsoleta. “Assim, há mais dificuldade de produzir uma quantidade adequada de espermatozoides com qualidade, e maior risco de um espermatozoide provocar uma doença no embrião”, pontua o médico.
Outros fatores
Além da idade, mudanças radicais no estilo de vida entre uma gestação e outra podem influenciar na fertilidade. Fatores como estresse constante, uso excessivo de álcool, tabagismo, consumo de drogas e variações extremas de peso — para mais ou menos — estão relacionados com o problema.
Condições de saúde, como a endometriose e infecções sexualmente transmissíveis, também podem atrapalhar a segunda gestação. Vale destacar que algumas delas passam despercebidas, mas afetam os órgãos internos. É o caso da silenciosa clamídia, provocada por uma bactéria e comum no Brasil entre os jovens. Se não tratada, ela causa uma inflamação pélvica que leva à infertilidade.
Diagnóstico e tratamento
A investigação é praticamente a mesma da infertilidade primária. A mãe passa por exames hormonais, de ovulação e de imagem, que avaliam a estrutura do útero e das trompas. No pai, o teste principal é o espermograma, análise da quantidade e a qualidade do espermatozoide — como eles se movimentam e suas características físicas. Ambos fazem também exames de sangue para verificar a presença de doenças pontuais.
A descoberta da causa faz toda a diferença no tratamento — uma infecção, por exemplo, pode ser tratada — mas Coslovsky adianta que na maioria dos casos relacionados à idade é preciso recorrer à reprodução assistida. “Com mais de 40 anos, recomendo aos meus pacientes irem direto para a fertilização in vitro ou para a inseminação artificial, dependendo dos achados dos exames”, destaca.
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