Grávidas podem seguir uma dieta vegana ou vegetariana?

Essa também é a sua dúvida? Pois saiba que não consumir carnes e derivados pode ser uma escolha saudável na gestação, mas exige acompanhamento médico.

Por Isabelle Aradzenka
Atualizado em 1 nov 2022, 11h56 - Publicado em 18 jan 2022, 15h09
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 (Arte: Victoria Daud/Getty Images)
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Optar pelo não consumo de carnes ou alimentos que sejam derivados de animais é uma decisão que pode ser orientada por valores particulares ou questões ligadas à saúde e bem-estar. Seja qual for a razão individual, sabemos que o veganismo e o vegetarianismo ganham mais adeptos, e é natural, portanto, que muitas mulheres passem pela gestação seguindo a dieta sem proteína animal.

É comum também que muitas grávidas – principalmente as que iniciaram o cardápio sem carne há pouco tempo -, se questionem se suas escolhas e seus hábitos alimentares podem ser mantidos durante a gestação ou se trarão algum prejuízo para a saúde do bebê. E aqui, vamos dar um spoiler: tá tudo bem, desde que equilibrem o cardápio com os alimentos certos, façam a suplementação e o acompanhamento médico adequados.

Não tenham receio de seguir com a alimentação vegetariana ou vegana na gestação. Há respaldo científico sobre este padrão alimentar e uma boa orientação médica e nutricional, com ajuste da suplementação de forma individualizada, de acordo com os exames, irá fornecer todos os nutrientes que você e o bebê irão precisar”, incentiva a nutricionista Natália Jensen, de 35 anos.

Natália, que está na 19° semana de gestação, cortou o consumo de carnes há cerca de quatro anos, a fim de prevenir problemas de saúde com histórico familiar. Aos poucos, também deixou de lado a ingestão de derivados de animais por não concordar com os seus processos de fabricação.

Por já ter experiência na área, a preocupação da nutricionista ao descobrir a gravidez se voltou para o ajuste do cardápio e de sua suplementação. “Tive que diminuir um pouco o volume das refeições e fazer lanches pequenos mais frequentes para não ficar com muita azia. A partir do segundo trimestre, aumentei o consumo de proteínas (feijão, lentilha, grão de bico…) e, nos dias em que percebo que não consegui consumir uma boa quantidade dos alimentos ricos em proteína, também uso suplemento em pó batido com leite vegetal e fruta”, conta a nutricionista.

Tem benefícios? Pode apostar que sim!

Desde que largou o consumo de carnes, a futura mamãe percebeu algumas mudanças positivas no funcionamento de seu organismo e evitou, durante a gestação, um problema que ainda afeta diversas grávidas (e que também já foi bem rotineiro para ela): o intestino preso.

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“Em uma dieta ‘plant-based’, temos um alto aporte de fibras, fitoquímicos, vitaminas e minerais. Tudo isso acarreta diretamente na saúde intestinal e pode até mesmo ter resultados positivos no nível de colesterol sanguíneo, além de estar associado a menores riscos de complicações gestacionais, como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e prematuridade”, explica Bianca Naves, nutricionista da Nutrioffice.

Bianca ainda complementa que, de acordo com a Academia Americana de Nutrição e Dietética (AAND), dietas veganas e vegetarianas podem ser adotadas em todas as fases da vida, inclusive na gestação. Ou seja, é um mito que a grávida precise de carne durante este período. Mas, ainda assim, é necessário que ela seja regulada por um especialista para que não haja deficiências de nutrientes que encontramos preferencialmente em alimentos de origem animal, como a vitamina B12.

“Existem alguns nutrientes que são cruciais na alimentação da gestante para que o bebê se desenvolva de maneira saudável. Alguns deles podem ser adquiridos pela dieta, mas outros precisam ser suplementados, pois não existem no reino vegetal”, completa.

Fazendo a suplementação correta…

A ginecologista e obstetra Fernanda Pepicelli, da Clínica MedPrimus, pontua que a deficiência dos nutrientes vitamina B12, ferro, zinco e iodo são habitualmente encontrados em pessoas que adotam dietas vegetarianas desbalanceadas, ou seja, sem acompanhamento.

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Além disso, Fernanda esclarece que a insuficiência destas vitaminas pode aumentar o risco de perda do bebê, anemia e outras complicações logo no início da gestação. Portanto, procurar o médico para uma avaliação antes mesmo de engravidar possibilita que, caso haja necessidade, seja feita a suplementação e a adequação da dieta, a fim de evitar qualquer disfunção.

“Dietas vegetarianas e veganas balanceadas podem ser consideradas com segurança durante a gravidez, desde que as mulheres sejam suplementadas para evitar deficiências potenciais. É de suma importância que essas gestantes sejam acompanhadas por um profissional capacitado que possa balancear esta dieta”, finaliza a obstetra.

Onde posso encontrar as vitaminas?

A nutricionista Bianca explica que, no caso de insuficiência de iodo e vitamina B12 – encontrados especialmente em produtos de origem animal -, a futura mamãe pode recorrer à suplementação com acompanhamento médico. Já nutrientes como ferro, ômega-3 e zinco poderão ser achados em alimentos que existem no reino vegetal. Confira alguns deles:

Zinco: pode ser absorvido através de sementes (gergelim e linhaça), leguminosas (feijão fradinho e amendoim) e de amêndoas.

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Ferro: tende a ser encontrado em sementes (girassol, chia, linhaça e abóbora), leguminosas (feijão-preto e lentilha), oleaginosas (castanha-de-caju e amêndoas), folhas (alface-roxa e agrião), na aveia em flocos e no melado de cana.

Ômega-3: este nutriente está presente em sementes (chia e linhaça), na soja, nas nozes e no óleo de linhaça.

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