Continua após publicidade

Eclâmpsia e pré-eclâmpsia: quais são os riscos e os principais sinais

A doença é a principal causa de morte materna no Brasil. Prevenir, identificar o quanto antes e contar com os cuidados médicos adequados é fundamental!

Por Da Redação
28 nov 2023, 11h15

Os números são alarmantes. No Brasil, cerca de 80% das mortes maternas têm causas evitáveis, que poderiam ser diagnosticadas e controladas com acesso a um pré-natal adequado. As complicações que mais levam mães a óbito no período perinatal, que compreende a gravidez, o parto e o pós-parto, são justamente a eclâmpsia e a pré-eclâmpsia, quadros relacionados à hipertensão.

Entre 2020 e 2022, foram 13,59% mortes de grávidas ou puérperas por esse motivo, de acordo com dados divulgados pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS). “É importantíssimo entender a doença para possibilitar ações de prevenção e tratamento, no sentido de evitar essas mortes”, afirma a ginecologista e obstetra Fernanda Campos, coordenadora de Obstetrícia da Maternidade Perinatal Barra (RJ).

O que é pré-eclâmpsia e por que ela é tão perigosa?

A pré-eclâmpsia é uma síndrome que acontece na gestação e que se apresenta, em sua forma mais comum, com aumento da pressão arterial, sobretudo depois da 20ª semana de gravidez. Isso acontece em conjunto com a perda de proteínas pela urina. “Mas é importante entender que a pré-eclâmpsia não é só a pressão alta na gravidez. A pressão alta na gravidez é um dos sintomas, mas pode haver efeitos nos rins, no cérebro e no fígado, que são potencialmente graves, além dos riscos para o bebê”, alerta Fernanda.

Nem sempre a identificação dos sinais da pré-eclâmpsia é simples. “É uma doença progressiva e difícil de prever”, aponta a obstetra. Ainda que, inicialmente, ela não apresente sinais de gravidade, esse quadro pode mudar, aumentando o risco. A pré-eclâmpsia é caracterizada, principalmente, pelo aumento da pressão e pela presença de proteínas na urina.

Continua após a publicidade

Já na eclâmpsia, um estágio mais grave (que pode ocorrer sem os sinais da pré-eclâmpsia e, por isso, é de mais difícil diagnóstico), a mulher tem crises convulsivas, sem histórico de doenças neurológicas.

“As complicações que mais levam à morte são relacionadas a danos cerebrais”, diz a especialista. Esses agravamentos potencialmente fatais acontecem, principalmente, por acidentes vasculares, os chamados AVCs. “Outra complicação grave da pré-eclâmpsia, que pode causar a morte materna, é a síndrome de HELLP, quando a pré-eclâmpsia vem com um distúrbio de coagulação sanguínea e uma alteração hepática”, diz a médica. A pré-eclâmpsia pode ainda afetar outros órgãos, como os rins.

Na foto, é possível ver parte do corpo de uma mulher grávida deitada em cama de hospital. Ela usa roupa hospitalar azul, está com as mãos em baixo da barriga grande, com um tubo conectado à mão direita. Ela está coberta por um lençol branco.
(Motortion/Getty Images)

Riscos da pré-eclâmpsia para o bebê

Além de ser perigosa para a mãe, a doença também oferece sérios riscos ao bebê. Isso porque, entre outras questões, a pré-eclâmpsia é um dos principais fatores de risco para a insuficiência placentária, que é quando a placenta se torna incapaz de suprir as demandas nutricionais do bebê. “A circulação dele, nesse caso, será desviada para a manutenção dos órgãos nobres, como o cérebro e o coração, por exemplo, o que faz com que ele ganhe menos peso”, descreve. Pode também faltar oxigenação, levando à perda gestacional. Como a conduta indicada, muitas vezes, é a interrupção da gravidez, com a realização do parto e remoção da placenta, a pré-eclâmpsia ou a eclâmpsia também são causas de prematuridade.

As consequências parecem muito assustadoras, mas a intenção não é causar pânico – pelo contrário, é propagar informações suficientes para reforçar a importância de um pré-natal de qualidade, com profissionais de saúde qualificados e atentos.

Continua após a publicidade

Fatores de risco que chamam a atenção

O que, afinal, causa a pré-eclâmpsia, é um fato ainda não totalmente compreendido pela ciência, mas relacionado à formação da placenta, de certas artérias e da vascularização do órgão, segundo Fernanda. “Existem alguns fatores genéticos, psicológicos e algumas comorbidades clínicas que aumentam o risco de acontecer”, afirma.

Alguns dos principais fatores de risco para pré-eclâmpsia, que acontece entre 5% a 10% de todas as gestações, são:

– Hipertensão (antes mesmo da gravidez)
Obesidade
– Sedentarismo
– Tabagismo
– Histórico de pré-eclâmpsia em gestação anterior
– Histórico familiar de pré-eclâmpsia (se a mãe da grávida já teve, por exemplo)
Doença vascular prévia
Diabetes prévio com acometimento vascular

Continua após a publicidade
Na foto, mulher grávida em pé, encostada em parede. É possível ver apenas parte de seu corpo. Usa um top claro de alças e a barriga está à mostra. Está com as duas mãos sobre ela. Há um filtro vermelho/rosa sobre a imagem, o que impede de ver as cores. Usa uma aliança na mão esquerda. Na parte de baixo, usa uma peça de roupa escura.
(Sirirat Noisapung / EyeEm/Getty Images)

Como é feito o diagnóstico da pré-eclâmpsia?

O sintoma mais comum é o aumento da pressão arterial na segunda metade da gravidez, principalmente se a mulher não era hipertensa. “Nessas situações, sempre que a pressão aumenta, é obrigatória a pesquisa da perda de proteínas na urina e a avaliação do bem-estar do bebê”, explica a obstetra. O médico deve pedir um exame de urina com amostra de 24 horas para ver se há um valor maior do que 300 miligramas de proteínas. “Se for uma amostra única, a relação da proteína creatinina urinária vai ser maior do que 0,3”, diz Fernanda.

Continua após a publicidade

Segundo a médica, mesmo na ausência de um desses critérios, se houver crise hipertensiva, acometimento cerebral, hepático, renal ou pulmonar grave, o quadro já é classificado como pré-eclâmpsia grave. “Quando há crise convulsiva, com acometimento do sistema nervoso central, é eclâmpsia”, explica.

Existe tratamento?

De maneira preventiva, o ideal é que o médico avalie as chances de a grávida desenvolver pré-eclâmpsia, analisando os fatores de risco e a condição clínica. “Se a mulher se enquadrar como alto risco para pré-eclâmpsia ou eclâmpsia, pode haver a prescrição preventiva de ácido acetilsalicílico, que diminui a chance de desenvolver o quadro”, diz a médica. De preferência, isso deve ser feito antes de 16 semanas de gestação.

Já o tratamento, infelizmente, não existe. “Controlar o nível de pressão arterial é importante para diminuir o risco das complicações da crise hipertensiva em si, mas não a doença, explica Fernanda. A conduta, em geral, é fazer o parto. “O desafio é escolher o melhor momento para que isso aconteça, pensando também em diminuir as consequências da prematuridade”, diz ela. Ou seja, o obstetra acompanha a evolução da gravidez e as condições do bebê e da mãe para calcular até que ponto é possível aguardar, de maneira que os riscos não aumentem para ambos.

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade