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Colo do útero aberto ou fechado: o que isso quer dizer?

O colo do útero muda durante a gravidez e também de acordo com as fases do período menstrual. Entenda quando as alterações ocorrem e o porquê

Por Da Redação
26 dez 2023, 11h15

Porta de entrada entre o útero e o canal vaginal, o colo do útero pode ficar fechado ou aberto, dependendo da fase do ciclo menstrual e também ao longo da gestação. O funcionamento dessa parte do corpo é fundamental para a saúde e para a fertilidade feminina, além de proteger o bebê durante a gravidez. Mas como e quando essas mudanças acontecem?

“O colo do útero é um órgão muscular e fibroso que conecta a cavidade uterina à vagina”, explica a ginecologista e obstetra Laura Penteado, diretora clínica da Theia, start up de saúde dedicada às gestantes.

Enquanto a mulher não está grávida, a função do colo é proteger esse órgão contra infecções. “Ele funciona como uma barreira e também tem um papel importante tanto na menstruação, para liberar a saída do sangue de dentro do útero para a vagina e para fora do corpo, como também na reprodução, facilitando a entrada do espermatozoide na cavidade uterina, para que ele consiga atingir o óvulo e fecundá-lo”, conta a médica.

Colo do útero na gravidez 

Quando a mulher espera um bebê, o colo do útero oferece sustentação ao corpo uterino – que vai ficando mais pesado conforme o feto cresce e o líquido amniótico aumenta. “Ele ajuda a manter a gestação firme e forte, além de executar essa função de proteger contra infecções”, diz a obstetra.

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O colo, que, em condições ideais, permanece fechado, diminui o contato da membrana amniótica (que envolve o bebê dentro do útero) com a vagina e com alguns micro-organismos, protegendo a criança.

Colo do útero aberto quando não há gravidez

A abertura do colo do útero é a chamada dilatação. Em uma gestação, ela ocorre no trabalho de parto, para permitir a saída do bebê. O que nem todo mundo sabe é que, fora da gravidez, há um grau de dilatação em dois momentos diferentes, todos os meses, ao longo do ciclo menstrual.

“O primeiro acontece durante a menstruação, para facilitar a eliminação do endométrio, que é a camada de sangue que fica dentro do útero, pelo canal vaginal”, explica Laura. Além disso, segundo ela, acontecem aberturas também durante a ovulação. “O colo do útero entreabre um pouco para facilitar a subida do espermatozoide para dentro do útero, para que realmente haja uma possibilidade de fecundação”, detalha.

Durante a ovulação, dá para notar que o colo do útero está aberto devido à saída de muco. “Como há a eliminação dessa secreção, é possível saber”, diz a médica. “Algumas mulheres mais sensíveis têm ainda um leve desconforto na região do pé da barriga. Ao examiná-las, o médico também consegue sentir uma alteração da consistência do colo do útero durante esse período. Além disso, há um aumento da temperatura corporal quando o colo do útero está mais entreaberto, devido ao pico de ovulação”, afirma.

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Colo do útero aberto na gravidez

Quando a mulher engravida, o colo do útero se mantém fechado para proteger o bebê e sustentar o útero. Porém, no final, ele deve se abrir para permitir a passagem, durante o nascimento. Isso ocorre em uma fase do trabalho de parto conhecida como pródromo. “Nesse momento, acontecem algumas contrações irregulares”, diz a obstetra. “O útero contrai e pressiona o feto contra o colo. Aos poucos, essa pressão vai forçando, de leve, a abertura desse colo”, detalha.

Nessa etapa inicial, a abertura é mais lenta e vai de 1 a 3 centímetros de diâmetro, aproximadamente. Então, as contrações começam a se intensificar, tornando-se mais ritmadas – o que faz com que o colo amoleça e dilate mais.

“Na fase ativa do trabalho de parto, em que realmente há uma progressão das contrações, a dilatação ocorre mais rapidamente. O que chamamos de dilatação total seria o equivalente a 10 centímetros”, conta a especialista. É o momento em que o bebê consegue passar pelo canal de parto e nascer.

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(FatCamera/Getty Images)

Colo do útero aberto precocemente

Na gestação, uma possível complicação é a abertura do colo do útero muito antes de o bebê estar preparado para nascer. Nesse caso, a gestante pode ter um trabalho de parto prematuro, ou seja, antes de 37 semanas. “As principais causas são infecções no canal vaginal”, diz a obstetra. Existe a possibilidade de que seja uma infecção sexualmente transmissível ou uma infecção urinária, por exemplo. A médica lembra que qualquer processo inflamatório pode estimular as contrações.

Há também uma condição conhecida como insuficiência de colo uterino, que pode ser uma característica congênita da mãe ou a consequência de alguma cirurgia, infecção, trauma ou dificuldade, que leve a uma fraqueza muscular na região. “Então, conforme o bebê cresce, o peso dele vai pressionando o colo, que se afina e começa a abrir”, explica a médica. Nesse caso, há chances de que ocorra um aborto tardio.

Como saber se o colo do útero está aberto

Algumas gestantes começam a sentir dor no pé da barriga, uma pressão maior do que a habitual. Quando isso acontece, é importante comunicar o obstetra, que deve solicitar um exame. “É recomendado que se faça um ultrassom transvaginal para medir o tamanho do colo uterino”, orienta a especialista. Com isso, o médico consegue avaliar o risco de a mulher ter colo curto e insuficiência de colo durante a gestação. “Se for identificado, é realizado um procedimento chamado cerclagem”, aponta Laura. O profissional reforça o colo do útero (por meio de uma sutura cirúrgica) e ajuda a mantê-lo fechado, para prolongar o período da gestação até que o bebê esteja mais preparado para nascer.

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Quando a dilatação não acontece

Outro problema envolve a falta de abertura do colo do útero no trabalho de parto. Você já ouviu alguma mãe dizendo que precisou fazer cesárea, pois não teve dilatação ou “não teve passagem”? “Em alguns casos, o colo permanece fechado porque não houve contrações eficientes para a abertura”, explica Laura.

Também há situações em que a mulher é avaliada antecipadamente, quando as contrações ainda estão irregulares. O trabalho de parto pode levar horas, dias e até semanas para, de fato, engrenar. Nesse caso, não há dilatação ou ela ainda é insuficiente, portanto, é necessário aguardar mais.

Dependendo da situação, a equipe obstétrica pode indicar a indução de parto, que estimula artificialmente tais contrações e, consequentemente, a dilatação. “Quando a indução não funciona ou não é possível trabalhar o colo do útero ou estimular as contrações, esse colo pode não evoluir para dilatação total”, afirma a especialista. Na grande maioria das vezes, isso acontece quando a grávida é internada precocemente, antes de entrar em franco trabalho de parto. “A não ser que tenha passado por um procedimento anterior no colo do útero, como uma cirurgia, que tenha levado a algum tipo de fibrose que impeça a abertura”, continua. Nesses casos, o obstetra deve avaliar individualmente para orientar o melhor procedimento.

Problemas no ciclo menstrual

Mesmo quando não há gravidez, existem situações em que a abertura e o fechamento do colo do útero não acontecem como o esperado. No ciclo menstrual, de acordo com Laura Penteado, é possível que algumas condições, como a endometriose, atrapalhem esse processo.

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“A endometriose é uma doença em que células do tecido do endométrio podem estar em lugares que não dentro do útero. Isso tende a formar alguns nódulos, que podem prejudicar a abertura e o fechamento do colo do útero porque causa inflamação local”, exemplifica. Doenças como câncer de colo do útero e alguns tipos de infecção também são capazes de alterar a anatomia e prejudicar sua funcionalidade. Daí a importância de fazer os exames de rotina e sempre conversar com o médico.

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