Gravidez

O guia da contração na gravidez

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por Alice Arnoldi Atualizado em 9 jul 2020, 17h44 - Publicado em
9 jul 2020
17h37

Entenda como o incômodo pode aparecer em cada trimestre da gestação, a diferença entre as contrações e o que pode minimizar a dor.

Junto com toda a ansiedade de saber que um bebê está a caminho, um dos pensamentos que vão e vem constantemente é de como será passar pelo parto. E independente de ser normal ou cesárea, é inevitável não se pegar pensando na dor das famosas contrações. Ainda mais se você for uma mamãe de primeira viagem!

“O útero é um órgão do sistema genital inferior composto inteiramente por fibras musculares, e a contração nada mais é do que o encurtamento e o enrijecimento delas”, explica Alberto d’Auria, ginecologista e obstetra da Maternidade Pro Matre Paulista.

O especialista ainda detalha que as contrações acontecem quando o útero recebe estímulo de um hormônio chamado ocitocina e têm dois objetivos principais. “O primeiro é de contrair durante a relação sexual para ajudar o espermatozoide a subir até a tromba e fecundar o óvulo. E o segundo é quando há um conteúdo fetal dentro do útero e ele quer expulsá-lo por alguma razão”.

Essa eliminação pode acontecer tanto porque passaram-se os nove meses e é hora do bebê nascer. Ou porque ocorreu a interrupção do processo e a mulher sofreu o que é conhecido como aborto espontâneo. O processo do organismo acolher ou não o embrião tentando ser formado faz com que a mulher possa sentir contração já nos primeiros cinco dias de gravidez.

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O que esperar de cada trimestre?

Além da sensação de contração no processo de fecundação dos gametas masculino e feminino, gestantes costumam relatar que sentem cólicas no início da gravidez.

Só que o que explica a obstetra e mastologista Mariana Rosário, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein e pesquisadora da Faculdade de Medicina do ABC, é que a paciente pode ter uma dor no baixo ventre que acaba sendo reconhecida como cólica, mas não é.

Isso porque o cólica se dá pela contração uterina e o incômodo da grávida pode não ser resultado desse encolhimento do útero. “A dor que ela sente embaixo é pelo estiramento dos ligamentos redondos (como se fossem duas cordas que seguram o útero à pelve) e por crescimento uterino em si”, esclarece a médica.

Já a partir da 20ª semana (segundo trimestre da gravidez), podem acontecer o que são chamadas de contrações de treinamento. Mariana brinca que é como se o carro estivesse esquentando o motor para funcionar, ou seja, o útero está se preparando para a hora do parto. Essa contração costuma trazer a sensação de enrijecimento da barriga, mas não é dolorida ou ritmada.

Com a chegada do terceiro trimestre, o endurecendo continua a acontecer, mas o processo ainda é diferente das contrações que indicam trabalho de parto. Carolina Mocarzel, chefe da unidade materno fetal do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, explica que esse processo é naturalmente fisiológico.

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“Gosto da definição de que a gravidez não é um processo que, obrigatoriamente, precisa ser assintomático. Portanto, ter momentos pontuais, em que a barriga está dura, não é um problema. Uma mulher que está no segundo filho, por exemplo, e teve um dia mais trabalhoso com ele, pode ter uma contração durante a noite”, exemplifica a médica.

O mesmo pode acontecer após um período de estresse, exercícios e até mesmo refeições. Neste último caso, Mariana explica que, após comer, os bebês podem se agitar porque recebem um pouco mais de nutrientes. “E eles se mexerem, em um útero mais dilatado, pode ocasionar em uma contração”.

Há também relatos de mulheres que sentem o enrijecimento da barriga após terem relações sexuais. Na maioria dos casos, esse tipo de sensação é normal e não apresenta riscos para a gestação. O motivo dela acontecer é a liberação do hormônio ocitocina durante o orgasmo, que ocasiona na contração do útero.

As duas especialistas alertam que a luzinha de preocupação acende quando as contrações fora do período de trabalho de parto trazem dor e têm um intervalo de tempo bem marcado. Se este for o caso, é importante que a paciente entre em contato com o obstetra que a acompanha.

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Um pouco antes...

Já próximo ao intervalo de preparação para o nascimento do bebê, a mulher pode passar por um processo chamado de pródromo de trabalho de parto.

“É um período que antecede o trabalho de parto, em que o corpo se prepara para entrar nele, mas ainda não está pronto para isso. Ele é muito importante para a mulher, porque prepara o colo do útero para que quando as contrações vierem com características de trabalho de parto sejam capazes de promover dilatação e evolução adequadas”, detalha a obstetra Carolina.

A especialista ainda enfatiza que esse estágio varia entre as mulheres. Alguns pacientes podem sentir a barriga enrijecer por dias até entrar realmente em trabalho de parto. Enquanto outras logo evoluem para as contrações que antecedem o nascimento do bebê.

O trabalho de parto

Diferente das contrações de treinamento, as de trabalho de parto têm características fixas e não deixam dúvidas. Pelo conceito de dor ser diferente para cada mulher, Carolina prefere definir contrações que antecedem o nascimento do bebê como ritmadas e que mudam o comportamento da paciente.

“Isso significa que, inicialmente, elas vão ter um intervalo de dez em dez minutos. E junto com esse ritmo, tendem a tirar a paciente da zona de conforto, em que ela passa a querer conversar pouco, fica mais curvada e quer se concentrar mais [ao que está acontecendo]”.

Com o monitoramento desses sinais por duas horas e a persistência deles, a obstetra percebe os indícios de que a paciente está em trabalho de parto e a encaminha para a maternidade. Neste intervalo, espera-se que ela chegue ao local com contrações acontecendo de cinco em cinco minutos. Para facilitar o acompanhamento, a médica aconselha o uso de aplicativos para “materializar de fato qual é o intervalo entre elas”.

Para a obstetra Mariana, a dor da contração pode ser elucidada como se fosse uma cólica de menstruação, só que muito mais intensa. E ressalta que também é importante levar em conta a duração dela: “Tem que ter de 40 segundos a um minuto”.

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Medidas para diminuir a dor

Após a chegada na maternidade e a constatação do trabalho de parto, diferentes recursos podem ser utilizados para minimizar a dor – mas não inibi-la, já que é essencial para o nascimento do bebê

“O banho de imersão com água morna reduz bastante o sofrimento pela força da contração, assim como caminhar, massagear as costas e alguns exercícios de quiropraxia feita por quem sabe manipular a musculatura  para relaxá-la”, exemplifica o médico Alberto, da Pro Matre.

Mariana também pontua que as pacientes podem ter acesso à acupuntura, aromaterapia (manuseio de óleos essenciais para relaxamento e diminuição da dor), exercícios com bola e posições mais agachadas que podem aliviar na hora da contração.

Por fim, há também a opção de analgesia. “É a peridural, nas costas, como se fosse a raqui – a mudança é o local em que é injetado o anestésico. Ele ajuda bastante, a paciente não sente mais dor, mas consegue fazer a força adequadamente e, às vezes, ainda consegue caminhar dependendo do anestesista que aplicá-lo”.

A obstetra finaliza enfatizando que o mais importante é acompanhar a gestante para que se tenha um diálogo aberto para que possam decidir juntos o que é melhor para ela naquele momento.

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