Sexo na gravidez: existem posições perigosas?
De modo geral, relações sexuais não prejudicam a gestação, mas alguns movimentos podem não ser confortáveis. Veja como tornar esse momento mais prazeroso
A preocupação de que transar com penetração durante a gravidez pode afetar o bebê dentro da barriga é um clássico. No entanto, a verdade é que, com exceção de casos muito específicos, as relações sexuais não apenas são seguras para a mãe e para o bebê, como também são muito saudáveis, aumentando o vínculo do casal em uma fase tão importante.
Isso não significa, porém, que não sejam necessários cuidados. Para responder algumas dúvidas frequentes sobre o tema, conversamos com a ginecologista e obstetra Mariana Lemos Prado, da clínica Theia (SP).
O primeiro ponto a ser considerado é o desejo. É fundamental que a mulher esteja com vontade de transar e se sinta confortável – ou seja, nada de fazer apenas para agradar o parceiro. “Além disso, é importante lembrar que o pênis não atinge o feto. Isso é um mito”, reforça a especialista. O bebê está bem protegido dentro do saco gestacional, cercado por líquido amniótico e ainda há a barreira muscular.
Há alguma proibição?
“Os cuidados, na verdade, ficam restritos a evitar movimentos bruscos, exagerados ou traumáticos, que possam causar risco à gestação”, explica a médica. Não há uma posição específica proibida, mas fique atenta ao que oferece o perigo de cair e se machucar, de ter algum impacto forte, principalmente na região do abdomen, ou de sofrer alguma lesão, como uma torção. Talvez não seja o momento de tentar “manobras radicais”. “Posições sexuais mais ousadas ou ‘acrobáticas’ não são recomendadas” orienta Mariana.
De resto, tudo liberado! Aliás, segundo a especialista, o sexo no final da gestação também pode ser indicado para induzir o parto, por conta da liberação de ocitocina, hormônio que estimula as contrações.
Dá para melhorar?
A gestação pode ser um momento mais sensível, e a libido também varia de acordo com as fases. Talvez nas primeiras semanas o enjoo e o cansaço não deixem a mulher nem pensar em sexo. Já no segundo trimestre, a vitalidade ganha força e a grávida recupera a autoestima. Resultado: o desejo vem com tudo! No terceiro, a barriga pode atrapalhar, mas sempre é possível dar um jeitinho para que tudo se encaixe. Vale lembrar que nada disso é regra, ok? Cada mulher é única – assim como cada gravidez.
Algumas dicas, no entanto, podem ajudar a tornar as relações sexuais mais prazerosas. “Usar lubrificantes e adotar posições em que a gestante consiga controlar bem a profundidade da penetração são bons truques”, diz a médica. “Além disso, quando a gestação estiver mais avançada, encontre formas de apoiar a barriga de lado”, sugere. O principal, segundo ela, é que as posições sejam confortáveis para o casal. Desta forma, o prazer é mútuo.
“Outro fator sobre o qual costumo conversar bastante com as grávidas é a exploração de outras formas de prazer, sem a penetração”, lembra. O corpo humano tem diversas zonas erógenas, que podem ser descobertas em momentos de mudanças, como a gestação. Encontrem juntos os pontos mais sensíveis.
Quando não pode
São poucas as contraindicações do sexo na gravidez. Todas elas devem ser apontadas pelo médico obstetra que acompanha a gestação. Segundo Mariana, em alguns casos, como sangramento no primeiro trimestre ou sem causa definida, dilatação prematura de colo de útero, bolsa protusa (quando a bolsa está muito perto do colo do útero, que abre antes da hora) ou quando a placenta recobre o colo uterino, pode haver alguma orientação para evitar. Mas todos os cenários devem ser discutidos com o profissional de saúde.
“A recomendação é sempre a avaliação durante o pré-natal para verificar a existência ou não dessas contraindicações”, explica. A obstetra lembra ainda de outros pontos importantes: uso de preservativo, fazer xixi e tomar banho após a relação. “São dicas imprescindíveis para evitar infecção urinária”, acrescenta.