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Estudo aponta que 51% dos pais se sentem julgados sobre criação dos filhos

A pesquisa global também revelou que, dos 8.000 pais e mães entrevistados, 32% sentem-se solitários mesmo com a conexão trazida pela internet.

Por Alice Arnoldi
1 mar 2021, 12h22

Quando o assunto é criação dos filhos, sabemos que famílias enfrentam intensas dificuldades e uma delas é o julgamento alheio. Isso é o que reforça um estudo global nomeado “Índice de Parentalidade”, em que um dos resultados apontados é de que 51% dos 8.000 pais e mães entrevistados, em 16 países, sentem-se pressionados em relação a como criar os filhos.

A pesquisa encomendada pela marca Nestlé e apresentada ao público na quinta-feira (25) enfatiza que essa vergonha social que os responsáveis acabam sentindo vem principalmente com o uso das redes sociais. O que paralelamente leva 32% dos pais ouvidos a afirmarem que, mesmo em um mundo extremamente conectado pela internet, a solidão é um sentimento que facilmente bate à porta quando um bebê nasce.

Na análise dos dados coletados, Dra. Ming Cui, mestre em estatística, doutora em sociologia pela Fulbright U.S. Scholar e professora de Família e Ciências da Criança na Universidade Estadual da Flórida (EUA), examina a relação de estar conectado virtualmente o tempo todo e a saúde mental dos pais de hoje.

“Eles são cada vez mais pais em estado de ansiedade (o que é refletido nas conclusões deste relatório como pressão externa/interna, falta de confiança, e demandas financeiras). E, influenciados pela mídia juntamente com os avanços da tecnologia, muitos pais de diferentes culturas, classes sociais e econômicas se sentem pressionados a fazer tudo”, detalha a especialista.

O cenário brasileiro é ainda mais delicado

E se a pressão global já pede atenção da sociedade, um olhar ainda mais atento precisa ser direcionado às mães e pais brasileiros. De acordo com a pesquisa, 71% deles sentem que todos têm um comentário ou uma opinião inconveniente sobre como deveriam estar criando seus filhos – levando à sensação de pressão constante.

Essa opressão acaba vindo acompanhada de outras emoções delicadas apontadas pelos pais após o nascimento do bebê, como cansaço, preocupação e solidão. Por exemplo, 50% relatam que perceberam que a prática da parentalidade é muito mais difícil do que imaginavam e 37% enfatizam a solidão sentida nos primeiros meses de vida do bebê

Não por acaso, este último dado citado vai de encontro com a depressão pós-parto, uma dos transtornos psicológicos mais comuns entre puérperas: segundo a pesquisa, 23% das mães brasileiras de primeira viagem sofrem com a doença. Com a sua forte evidência, é preciso que a rede de apoio destas mulheres esteja sempre atenta aos sintomas e a ajude a buscar por tratamento tanto psicológico quanto psiquiátrico.

O que fazer para reverter o quadro?

Junto com a luta para que políticas públicas voltadas aos pais sejam priorizadas, a fim de que a criação e o acolhimento das crianças sejam vistos como missão de todos, é fundamental que pais e mães busquem meios de desacelerar.

“Embora o ênfase frequentemente esteja em sermos receptivos e responsáveis ​​como pais de bebês, eles também devem perceber que o seu próprio bem-estar é importante no processo de criação dos filhos”, pontua Ming Cui. Isso significa que o estresse e as demandas desenfreadas tendem a prejudicar os pais em diferentes áreas, desde o físico, passando pelo emocional e chegando até o financeiro.

Assim, a especialista defende: “Para promover uma parentalidade positiva e, em última análise, o desenvolvimento saudável dos filhos, os pais não devem ignorar o seu próprio bem-estar e devem cuidar de si mesmos. Por exemplo, deixando espaços vazios em sua agenda e fazendo uma pausa”.

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