Covid-19: Quais os riscos de levar as crianças em cada passeio de férias?

Cinema, parque, encontros em casa... Consultamos especialistas para saber quais cuidados tomar em cada programação e assim manter a família mais segura!

Por Flávia Antunes
24 jul 2021, 10h00
Criança pequena e mãe passeando no parque, A mãe está de calça azul claro e mochila mostarda. A criança, com por volta de quatro anos, está de vestido azul e chapeuzinho. Ambas estão de tênis e têm pele clara. Estão andando sobre gramado. A mulher está segurando uma sacola branca pelas alças.
 (d3sign/Getty Images)
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Durante esses tantos meses em pandemia, os pais tiveram que exercitar o jogo de cintura para conciliar tarefas domésticas, vida profissional e cuidados com os filhos. Nesta esteira, outra habilidade que tem se provado importante é a de reflexão.

Afinal, entre o isolamento social rígido em algumas fases e a flexibilização da quarentena em outras, os adultos tiveram que avaliar com cautela os riscos de sair de casa e colocar muitas variáveis na balança – dentre elas, o perigo de contaminação da família pela covid-19 e a saúde mental dos pequenos, que, assim como nós, sofrem com a falta de interação presencial.

Agora, com o calendário de vacinação avançando e cada vez mais passeios destinados ao público infantil voltando à atividade, é natural que os adultos pensem em formas de garantir algum entretenimento para as crianças, principalmente no período de férias escolares, expondo-as o menos possível.

Para te ajudar nesta tarefa, conversamos com especialistas para identificar quais os riscos de cada programação, o que ponderar na hora da escolha e que cuidados tomar caso decida levar seu filho a algum desses lugares. Vale lembrar que a decisão é extremamente particular, mas ter em mente essas dicas pode servir como uma ferramenta útil para deixar a família mais segura.

Cinema

  • Quais os riscos?

Como pontua a pediatra e infectologista pediátrica, Thais Fink, os principais perigos de levar as crianças ao cinema envolvem duas questões: a primeira é que o espaço conta com pouca circulação de ar, o que aumenta a chance de contaminação.

Já o segundo ponto tem relação com a dificuldade dos menores de cinco anos de usar corretamente a máscara, levando as mãos ao rosto com frequência ou não ajustando o acessório de forma adequada para que fique totalmente vedado, o que diminui o poder de barreira contra o vírus. Veja aqui um guia completo sobre o uso do acessório pelas crianças.

  • Quais cuidados são necessários?

Para as crianças que têm idade para o uso de máscara, deve-se orientar sobre a utilização correta e ser um bom exemplo – ou seja, não ficar tirando o utensílio e nem tocando nele o tempo todo durante o filme.

Outra orientação importante é levar um frasco de álcool em gel para higienizar as mãos depois do contato com superfícies e, se possível, não se alimentar durante a sessão, para não ter que retirar a máscara durante esse período. “É interessante avaliar se o cinema está cumprindo as ordens de distanciamento, com um espaço de pelo menos duas poltronas entre as pessoas, e o ideal é que não tenha ninguém sentado à frente e à trás”, acrescenta a médica.

Museus e exposições

  • Quais os riscos? 

De acordo com Thais, o tipo de ambiente em que a exposição ou atividade acontece irá definir o nível de risco em relação à covid-19. “Ambientes restritos, com ar-condicionado e sem troca com o espaço externo, são bem mais perigosos no sentido do contágio”, afirma. Ainda que pequeno, existe também o perigo do contato com superfícies que possam estar contaminadas com o vírus.

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  • Quais cuidados são necessários?

Neste sentido, a dica é priorizar os espaços abertos, que permitam a entrada da luz do sol, bem ventilados e onde seja possível manter o distanciamento em relação às outras pessoas. No caso de exposições ou espaços mais fechados, como shoppings, a infectologista reforça a importância de escolher máscaras mais protetoras.

“As máscaras cirúrgicas infantis e as máscaras pff2 infantis têm um poder melhor de filtração que as de pano comuns, então para as crianças maiores de cinco anos, que já se habituaram ao item, pode ser uma forma de garantir maior proteção”, diz.

Além disso, vale ponderar sobre o número de pessoas incluídas na visita. Se o programa for feito entre o núcleo familiar, melhor. Já se for chamar mais pessoas ao passeio, a médica recomenda que seja um núcleo pequeno, formado por pessoas de confiança e que tenham os mesmos critérios e rigor de isolamento que a família.

Parques

  • Quais os riscos?

O ambiente a céu aberto passou a ser ainda mais valorizado com o início da pandemia, pois como reforça Thais, o vírus tem uma baixa tolerância a esse tipo de exposição ambiental. Mas vale lembrar que, apesar de o espaço arejado amenizar as chances de contágio pelo novo coronavírus, ele não anula o risco completamente

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  • Quais cuidados são necessários?

As orientações não são diferentes das outras programações com as crianças. “É recomendado que os núcleos familiares realizem o distanciamento de pelo menos dois metros em relação às outras pessoas, e utilizem máscaras durante todo o passeio”, afirma o pediatra Werther Brunow de Carvalho, chefe da equipe de pediatria do Hospital Santa Catarina.

A infectologista da Rede D’orvitar, Raquel Muarrek, ainda acrescenta que os pequenos evitem o compartilhamento de alimentos e brinquedos com outras crianças e os pais estejam atentos para reforçar a higienização das mãos dos filhos com frequência.

família-passeando-parque
(d3sign/Getty Images)

Por ser um local de prática de atividade física – e levando em conta que em exercícios, como a corrida, mais partículas são liberadas através do suor e da saliva e podem estar infectadas -, uma medida preventiva interessante é tentar manter distância de quem está se exercitando. Caso der fome, a dica é priorizar lanches rápidos e longe de aglomerações, e se possível evitar o passeio em horários de pico. Confira aqui outros cuidados para quando estiver dentro do parque.

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Em relação aos parquinhos de prédios, Raquel comenta que o ideal é que o condomínio tenha o controle da quantidade de pessoas que podem frequentar os locais fechados por vez, para que os pais marquem um horário e os filhos possam brincar com maior tranquilidade. A limpeza constante dos brinquedos também é essencial, mas como nem sempre é possível ter esse controle, manter as mãos higienizadas vale novamente como orientação.

Restaurantes 

  • Quais os riscos? 

Qualquer atividade que envolva retirar a máscara apresenta maiores riscos de contaminação – e a regra se aplica aos restaurantes. Aqueles que possuem um espaço destinado às crianças, com playgrounds e brinquedos fechados, também podem ser perigosos, já que o pequeno terá maior contato com outras crianças e em um ambiente mais confinado.

  • Quais são os cuidados necessários?

O ideal é conversar com seu filho, orientando que esse espaço não seja utilizado – ou então evitar estabelecimentos que tenham a área infantil. Outro ponto de atenção, de acordo com Thais, é observar a distância entre as mesas e como está sendo a conduta dos funcionários presentes no local (se estão de máscaras, por exemplo) e se há álcool em gel nas mesas. Novamente, o aconselhado é dar preferência para lugares que tenham varanda, e não sejam fechados apenas com ar condicionado. 

Encontros dentro de casa

  • Quais os riscos? 

Mesmo se estiverem aparentemente saudáveis, o encontro entre as crianças oferece riscos ainda que sejam menos suscetíveis à covid-19. Isso porque, quando são contaminadas, costumam desenvolver quadros mais leves da doença e muitos são assintomáticas, podendo transmitir o vírus sem perceberem. Além disso, o cenário desafiador tem sido potencializado com o fato do público infantil não estar totalmente incluso no calendário vacinal – até o momento, apenas os maiores de 12 anos podem receber a vacina contra o coronavírus. Veja aqui mais informações sobre como o novo coronavírus afeta o público infantil.

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  • Quais são os cuidados necessários?

A cautela pode começar ainda antes da visita, através de uma breve conversa com os responsáveis do colega do seu filho. “Não só vale a pena perguntar para os pais quais os cuidados estão tomando, como essa é a principal medida que podemos fazer neste momento”, aponta Thais.

Como nem sempre o teste para detectar o vírus é totalmente efetivo (e nem sempre é recomendado), a infectologista indica que seja feito um pequeno “questionário” com a família. “Pergunte se tem alguém com sintoma respiratório em casa (mesmo que seja só tosse, coriza ou dor de garganta); se tiveram contato com alguém que depois teve esses sintomas ou com que recebeu o diagnóstico recentemente – porque sabemos que depois do contato, a pessoa pode levar até 14 dias para manifestar os sintomas, mas começa a ser transmissora um pouco antes”, esclarece a infectologista pediátrica. 

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(PeopleImages/Getty Images)

Caso a resposta para alguma dessas perguntas seja afirmativa, a especialista recomenda que esperem o período de 14 dias até considerarem novamente o encontro. Vale a pena também consultar se os integrantes da outra família estão vacinados e fazer uma autoavaliação da sua própria conduta em relação ao isolamento social, para não expor as outras pessoas.

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Já em relação ao número de crianças presentes no encontro, a médica diz que a resposta é muito pessoal e a avaliação depende de uma série de fatores. “Se mora com a avó e que tem comorbidade, por exemplo, recomendaria o menor contato possível – talvez nenhum. Já outros colegas que têm contato com os pais, que não têm comorbidades, o risco é um pouco menor”, exemplifica.

Viagens

  • Quais os riscos?

Mais uma vez, a resposta é variável. Ela depende do destino escolhido – e de como está a situação da covid-19 e da vacinação por lá -, do meio de transporte, do tipo de acomodação e, claro, de qual será o roteiro da família durante a estadia. Locais com passeios mais turísticos, por exemplo, são comprovadamente de maior risco, ainda mais nesta época do ano.

  • Quais cuidados são necessários?

Antes de tudo, a dica é reunir informações sobre o destino, os índices de transmissão da doença no local e que cuidados estão sendo tomados. Em seguida, a decisão recai sobre o caminho até lá. “Em viagens, o melhor é dar prioridade para o trajeto de carro, porque é individual. Se for de avião, adulto deve usar uma máscara N-95 para a diminuição do risco de contágio e por ter maior durabilidade, e a criança deve seguir a recomendação da máscara mais adequada para sua faixa etária“, afirma Raquel.

Mãe segurando bebê na natureza
(Everste/Getty Images)

Sobre a acomodação, alugar casas inteiras ou apartamentos individuais são uma boa pedida para evitar aglomerações. Caso escolha ficar em um hotel, atente-se aos cuidados de limpeza que estão sendo tomados, ao percentual de ocupação do local e procure pesquisar a avaliação de pessoas que já se hospedaram por lá em relação aos protocolos de segurança. 

Quando retornar, o ideal é que a família se mantenha afastada por pelo menos 15 dias de outras pessoas e, se for necessário voltar imediatamente ao trabalho ou a outras programações, vale consultar o médico para verificar se vale a pena fazer alguma testagem para o diagnóstico do Sars-Cov-2. Confira aqui mais orientações para fazer uma viagem com maior segurança.

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