A carta desta diretora é o que você precisa ler sobre aulas na pandemia
Vendo (e sentindo na pele) as dificuldades dos pais neste período, a britânica falou sobre a importância de reconhecermos nossos esforços com os filhos.
A pandemia do novo coronavírus fez dos pais verdadeiros malabaristas. Afinal, além das tarefas da casa, muitos trouxeram o emprego para dentro do lar – trabalhando em regime de homeoffice -, e tiveram que conciliar tudo isso com os cuidados com os filhos e com o acompanhamento de suas aulas, agora mediadas pelas telinhas.
Algumas escolas preferiram enviar atividades para serem feitas em qualquer horário e outras marcaram aulas online todos os dias para o ensino à distância. Independente da opção escolhida e da quantidade de jogo de cintura dos adultos, foi inevitável deixar alguns “pratinhos” caírem: perder uma ou outra lição de casa, permitir que o filho ficasse mais tempo em contato com as telas enquanto o expediente não acabava, e por aí vai.
E pelo jeito a realidade se repetiu em vários cantos do mundo. Vendo a dificuldade dos pais com as aulas neste período – e como se cobravam por não conseguir dar conta de todas as exigências – a diretora Sarah White, da Escola Primária Coates Lane, localizada na cidade inglesa de Barnoldswick, decidiu escrever uma carta parabenizando as famílias pelos esforços durante o isolamento social – ainda mais na Inglaterra, onde viviam o terceiro lockdown.
“Queridos pais/cuidadores, hoje eu escrevo antes de tudo como uma mãe”, começou ela. “Essa semana foi difícil. Foi a terceira semana do lockdown e eu senti a pressão. Minhas duas crianças receberam uma imensa quantidade de tarefas da escola e eu literalmente não fui capaz de acompanhar”, admitiu.
Not sure about this today 🤣 let’s see what 8pm brings now…. pic.twitter.com/SHZDhkzL41
— Mrs W (@MrsWhiteLancs) January 4, 2021
“Entre conciliar meu próprio trabalho, a lição de casa da minha filha e em geral sobreviver a uma pandemia, eu realmente senti a pressão essa semana. Os tempos estão difíceis neste momento, nossa saúde mental está abalada”, continuou.
Em seguida, a educadora falou sobre a importância de valorizarmos tudo o que fizemos até então e reconhecermos que as saídas da rotina vão sim acontecer – e que isso não significa que estamos falhando em oferecer o melhor para os pequenos. “O principal motivo de eu estar escrevendo tudo isso é para te dizer ‘muito bem’. Você está sobrevivendo a uma pandemia. Independente de quais são suas circunstâncias pessoais, você está fazendo um bom trabalho“, escreveu.
“Se seu filho está tendo várias refeições com comidas prontas, ficando acordado até tarde, jogando muito Xbox e não terminando toda a tarefa escolar – está tudo bem. Nós sabemos que nossos pequenos estão seguros, amados e cuidados e isso é o mais importante no momento”, completou.
Em seu papel de diretora escolar, Sarah aproveitou para tranquilizar os pais em relação ao cumprimento das demandas enviadas pela escola, para que elas não se tornem mais um item para a sobrecarga materna ou paterna. “Nós sabemos que temos altas expectativas e que mandamos bastante trabalho todas as semanas. Tudo o que pedimos é que deem o seu melhor. Se seu melhor são rápidos 30 minutos de leitura ou tarefas aqui ou ali – tudo bem. E se você quiser fazer toda a lição – tudo bem também”, pontuou.
“Por favor, não deixe que a escola coloque em você uma pressão extra quando você está tentando dar conta do trabalho, ganhar a vida e manter sua criança segura. A situação de cada um é diferente e nós reconhecemos isso”, acrescentou ela.
Para finalizar, Sarah enfatizou que apesar da instituição estar fechada, ela está aberta emocionalmente para o acolhimento das famílias que precisarem, mesmo que via chamada de vídeo. A imagem da cartinha escrita pela profissional foi divulgada nas redes sociais da escola, que recebeu uma série de respostas positivas de pais que se identificaram com o relato.
“Isso me deixou emotiva. Uma carta cheia de significado, escrita de um jeito que todos podem se identificar. Como uma mãe solo e trabalhadora de serviços essenciais que nem frequenta a sua escola, você reconheceu o que os pais estão passando em todas as partes do país”, postou uma seguidora.
A letter to our parents 💜 pic.twitter.com/FXCPIpTS5K
— Coates Lane (@CoatesLaneSch) January 22, 2021
Leia a carta na íntegra:
“Queridos pais/cuidadores, hoje eu escrevo antes de tudo como uma mãe. Essa semana foi difícil. Foi a terceira semana do lockdown e eu senti a pressão. Minhas duas crianças receberam uma imensa quantidade de tarefas da escola e eu literalmente não fui capaz de acompanhar. Entre conciliar meu próprio trabalho, a lição de casa da minha filha e em geral sobreviver a uma pandemia, eu realmente senti a pressão essa semana.
Os tempos estão difíceis neste momento, nossa saúde mental está abalada. O tempo escuro, frio e chuvoso/com neve não ajudou, então precisamos ajudar uns aos outros e passar por isso juntos. Você deve estar se perguntando onde eu quero chegar com isso…
Bom, o principal motivo de eu estar escrevendo tudo isso é para te dizer ‘muito bem’. Você está sobrevivendo a uma pandemia. Independente de quais são suas circunstâncias pessoais, você está fazendo um bom trabalho. Se seu filho está tendo várias refeições com comidas prontas, ficando acordado até tarde, jogando muito Xbox e não terminando toda a tarefa escolar – está tudo bem. Nós sabemos que nossos pequenos estão seguros, amados e cuidados e isso é o mais importante no momento.
Nós sabemos que temos altas expectativas e que mandamos bastante trabalho todas as semanas. Tudo o que pedimos é que deem o seu melhor. Se seu melhor são rápidos 30 minutos de leitura ou tarefas aqui ou ali – tudo bem. E se você quiser fazer toda a lição – tudo bem também.
Por favor, não deixe que a escola coloque em você uma pressão extra quando você está tentando dar conta do trabalho, ganhar a vida e manter sua criança segura. A situação de cada um é diferente e nós reconhecemos isso.
Finalmente, nós podemos estar ‘fechados’ para vários alunos, mas continuamos aqui emocionalmente para todas as famílias. Se você precisar de ajuda… uma conversa, uma chamada de vídeo, um choro… estamos aqui!
Se cuidem, fiquem seguros e lembrem que achamos que vocês estão se saindo incrivelmente!”