Família

Existe um momento só pra você? 4 mães contam o que consideram autocuidado

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por Alice Arnoldi Atualizado em 27 nov 2020, 17h40 - Publicado em
9 out 2020
19h40

No processo de criação dos filhos, mulheres relatam como as mudanças de prioridade as levaram a uma nova definição do que é cuidar de si.

É comum a gente ver uma mulher grávida ou com um bebê no colo pela primeira vez e tachar “já é mãe”. Mas a verdade é que perceber-se dentro da maternidade é uma construção diária. Entre mamadas, carinhos e noites mal dormidas, há a percepção do conforto e também do desafio de descobrir-se responsável por um ser tão pequenino.

Neste processo, pode ser difícil lembrar de cuidar de si, especialmente no puerpério. “O bebê reconhece primeiramente a mãe e na sequência passa a reconhecer o pai. Por conta dessas necessidades e de uma demanda muito intensa do bebê, as mulheres acabam esquecendo do autocuidado e se privam de algumas coisas”, explica Patrícia Guillon Ribeiro, psicóloga e coordenadora do curso da Pós-Graduação em Abordagens Multidisciplinares da Saúde Mental na Infância e Adolescência da PUCPR.

Para que a mãe consiga voltar a se notar, é preciso que ela perceba suas vontade alheias às necessidades apenas do bebê. E neste quesito, é um trabalho pessoal, mas que pode ser facilitado se houver pessoas ao redor desta mulher, auxiliando no que for preciso, além de um parceiro cumprindo sua função paterna.

“Por mais que as pessoas estejam acostumadas a visitá-la, levar presente, não perguntam se podem ajudá-la. É importante que se pense que a prática da nossa comunidade como um todo precisa mudar. A mulher enquanto puérpera precisa que as pessoas entendam que pode existir uma rede social de amparo para ela e não só um parceiro participante, mas sim de pessoas que possam apoiá-la e dar espaço para que ela olhe para si mesma“, detalha Patrícia.

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Nesta busca interna, desconsiderando opiniões e pitacos alheios, é comum perceber-se com dúvidas sobre estar conseguindo ou não cuidar de si. E, mais do que isso, acabar descobrindo uma nova definição de autocuidado conforme as vivências maternas vão acontecendo. Ela pode incluir momentos preciosos com os filhos, mas também sozinhos, com a companhia que nunca nos falta: a própria.

“É natural que a ideia de autocuidado se modifique porque a mulher começa a lidar com outras prioridades, ou seja, ela passa a lidar com um bebê que tem necessidades de adaptação e o autocuidado vem sendo retomado aos poucos. Mas, talvez, ele não vai acontecer da mesma forma que antes. Apesar disso, é um comportamento extremamente importante para que a mãe esteja bem com ela mesma e possa estar bem e disponível para cuidar do seu bebê”, pontua a psicóloga.

Ela ainda lembra que este processo de cuidar primeiro de si, para ser capaz de acolher o outro é o que eles chamam de máscara de oxigênio no avião. “Primeiro você coloca em você para depois colocar na pessoa que está do lado, mesmo que ela seja uma criança. Não se pode dar ao outro o que está faltando para você”, reforça.

Para entender como o autocuidado é visto por diferentes figuras maternas, convidamos quatro mães para contarem como elas enxergam este processo de contato e respeito consigo mesma com demandas de filhos, trabalho e casa.

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"Se eu não cuido para que eu tenha o meu lazer, eu me torno uma mãe pior"

Lilian Wiczneski, 30 anos, assessora de babywearing e mãe do Felipe, de 2 anos, e da Helena, de 5 anos

A minha rotina com a pandemia ficou muito bagunçada. Eu era sempre exata, não com relação aos horários, mas na sequência de tarefas. E desde o ano passado, a Helena estava na escola, existia um panorama e agora tudo mudou.

E eu vejo que com o autocuidado, tive que parar para pensar que para eu cuidar de alguém, eu tinha que estar bem. Passei a prestar mais atenção nisso não apenas depois da maternidade, mas principalmente de março para cá. Depois do nascimento do Felipe, em 2018, eu senti um pouco mais essa necessidade, mas esse ano ficou mais escancarado o quanto eu precisava estar bem.

Só que não apenas para cuidar dos meus filhos, mas para que eu estivesse bem comigo mesma, principalmente porque sou mãe de uma menina. Quero que ela cresça sabendo que ela é a pessoa mais importante da vida dela. Nós vivemos em um mundo tão machista, em que nós mulheres sofremos tanto… Eu preciso ser a pessoa mais importante da minha vida para que meus filhos aprendam com isso.

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O autocuidado materno significa olhar para dentro de mim. Da mesma forma que eu procuro enquanto mãe estar disponível para atender as necessidades dos meus filhos, não apenas fazendo tudo o que eles querem, mas ofertando aquilo que eles precisam, o autocuidado vem com isso também. Eu preciso olhar e oferecer para mim o que eu preciso. Se eu não me acolho, eu não tenho como acolher meus filhos, meu marido, minhas demandas de trabalho, minha amigas.

Ultimamente, meu momento particular tem sido fazer minhas unhas depois que as crianças vão dormir. Eu não preciso estar com elas feitas, é indiferente estarem pintadas ou não, mas é algo que me faz bem. Gostaria de ter mais momentos, mas com esse fervo todo da pandemia de estar há meses em casa sem outras possibilidades não tem como.

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Aos finais de semana, quando meu marido está em casa, o que também fazemos é ele assumir mais as partes dos cuidados para que eu possa dormir. Meu banho é sozinha, a não ser que tenha um imprevisto. Por mais que sejam cinco minutos, são cinco minutos que eu estou sozinha, de porta trancada. É o meu tempo. O trabalho e as rotinas da casa acabam acontecendo com uma das crianças por perto. Mas esse olhar para mim faz com que eu esteja bem. Se eu não cuido para que eu tenha o meu lazer, eu me torno uma mãe pior.

Por exemplo, quando vou fazer o Felipe dormir de noite, o que tem me salvando é o Kindle. Com ele, eu consigo ler enquanto faço o mais novo dormir. Sem grandes pretenções, de querer livros teóricos ou profundos. Ler chick lit (romances leves) é a bobeirinha que me faz bem. É por mim, não pelos outros.

Encontrar esse equilíbrio, principalmente no cenário que estamos vivendo, é o maior cuidado que podemos ter conosco e a maior lição que podemos ensinar para os nossos filhos. Que eles são as pessoas mais importantes da vida deles, da mesma forma que eu sou na minha. Eu amo meus filhos, daria minha vida por eles, mas eu preciso cuidar de mim também, inclusive para cuidar deles”.

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"Autocuidado é saber viver pra si e para o que realmente importa, sem achar que é egoísmo"

Tatah Fávero, 28 anos, influenciadora digital e mãe do Dom, de 1 ano e 8 meses

“Para mim, autocuidado é responsabilidade afetiva comigo mesma. A Tatah que antes se multiplicava por 10, agora está se multiplicando por 1000! Na quarentena, eu aprendi finalmente a cozinhar e estou cuidando mais da casa, decorando, mudando as coisas de lugar, finalmente estou conseguindo acabar de ajeitar tudo.

Por outro lado, o trabalho aumentou muito na internet. Com as lojas fechadas, esse era o único meio dos meus clientes continuarem ativos. E com o Dom e o Victor em casa, precisei reinventar meu tempo, meus horários para conciliar com os deles: com o trabalho do Vitin (vocalista da banda Onze:20) com a música, e também continuar com a rotina de estímulos do Dom.

Depois que ele nasceu e, consequentemente recebemos a notícia da Síndrome de Down, eu comecei a dar mais valor ao meu autocuidado, a minha saúde, a não procrastinar aquela ida ao médico, porque, de fato, ele depende muito de mim. Eu não posso deixá-lo na mão por um descuido meu. O autocuidado faz muita diferença tanto na saúde, por questão de sobrevivência, quanto estética, bem-estar, e autoestima para eu me sentir bem e realizada. É aquele ditado: mãe feliz, criança feliz.

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Eu sempre preciso tirar um momento pra mim, nem que seja 30 minutos no dia, senão entro em parafuso. Sou muito agitada e ansiosa, quero ajudar todo mundo, portanto preciso me ouvir um pouco e colocar os pés no chão, estabelecer prioridades e entender que não preciso fazer tudo para ser feliz. E por mais que eu me esforce, nem sempre vou conseguir agradar a todos. Autocuidado é saber viver pra si e para o que realmente importa, sem achar que é egoísmo.

Eu amo sentar no meu escritório pra trabalhar, ler, organizar minhas coisas… Sou assim desde pequena. Gosto de escrever e me sentir útil! Meu trabalho me faz feliz, mas além dele tenho alguns rituais que gosto muito – desde um banho com calma ouvindo música até a prática da meditação. Às vezes, esse momento é só respirar fundo e contemplar o sol nascendo em algum dia que o Dom acorde mais cedo, em vez de ficar triste porque dormi pouco. Às vezes, é saber contemplar a lua mesmo depois de um dia cansativo e com a casa ainda bagunçada. Saber ver o melhor de tudo!

Me aventurei na ioga e voltei a dançar também (minha paixão!) e embora não consiga fazer todos os dias, são atividades que mexem com o corpo e acalmam a minha alma. Sou apaixonada por leitura também, onde vou pela casa levo um livro e quando tenho um tempinho eu pego e leio um capítulo, que seja. Gosto de usar incensos pela casa, cuidar das minhas plantinhas, testar produtinhos novos, aprender um novo jeito de usar uma roupa e ressignificar ela, passar um creme cheiroso, fazer escalda pés com sal grosso e ervas… Enfim, adoro coisas místicas e cheias de energia!”

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Nós. 🖤

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"Dizer 'não' também faz parte do autocuidado"

Rayane Elisa Viscainho Garcia Ferreira, 22 anos, estudante de psicologia e mãe do Eric de 5 meses

“Descobri minha gestação com 8 semanas e jamais imaginaria que estaria grávida. Não foi planejado, mas sempre queríamos ter um filho, afinal, estávamos com planos para casamento já que havíamos noivado há 2 meses. Eu estava na faculdade quando descobri, estava com a menstruação atrasada e com um tipo de “cólica”, uma dor chata.

Decidimos fazer o teste, deu positivo. Mesmo assim, resolvi ir ao pronto socorro da cidade para ter a certeza através de exames. Constou positivo também. No momento fiquei anestesiada, não tive reações. No outro dia quando acordei me dei conta e chorei. Era preocupação com a fase da faculdade, medo de não conseguir cuidar, milhares de pensamentos. Mas foi muito feliz também, abraçamos e amamos essa gestação, tanto eu quanto o pai dele.

Eu sempre fui de me arrumar e querer me manter bem, realizava terapia, me maquiava todos os dias… o que sinto que mudou talvez seja isso, a falta de se arrumar todos os dias, pois a maternidade é desafiadora, nem sempre estamos 100% e está tudo bem. Nem todos os dias são flores. Mas sempre procuro manter em pé minha autoestima e autocuidado, pois penso que, se eu não estiver bem, também não estarei bem para cuidar do outro.

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O meu momento particular de autocuidado acontece toda semana quando separo um tempo no dia para cuidar das minhas unhas, para tirar uma foto (coisas que gosto de realizar), para me maquiar e me sentir bem comigo mesma. Além disso, reservo um tempo para sentar, fazer um café da tarde só para mim e ali, repenso milhares de coisas e avalio o que necessita ser mudado.

Dizer ‘não’ também faz parte do autocuidado, pois você não é obrigada a aceitar ou fazer aquilo que não quer. É importante cuidar de si para estar bem para cuidar do outro. Não devemos nos culpar por fazer o melhor por nós, ainda mais no mundo da maternidade, em que aquilo que você faz de diferente do outro, te traz olhares de julgamentos. Você não é todo mundo, você tem seu jeito de cuidar, amar e ser. Cada um tem suas particularidades, nenhuma maternidade é igual a outra”.

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"Cuidar-se é se observar e atender suas demandas em busca de sentir paz e confiança"

Gaabriela Moura, 30 anos, empresária, fotógrafa e mãe da Nalu, de 8 anos, da Flor, de 5 anos, e do Moreno, de 2 anos

Eu fui compreendendo o que é autocuidado com o tempo e provavelmente eu ainda esteja nesse processo de entender e atender essa demanda. Eu escrevo para mulheres e bato exaustivamente na tecla do autocuidado e amor próprio como um processo essencial para a libertação feminina. As narrativas que constituem a educação da mulher a doutrina a ser uma cuidadora – de homens, de filhos –, mas ensinam muito pouco sobre cuidar de si.

Em algum momento, eu vi o autocuidado como skincare, hidratação dos cabelos e unhas feitas e, sim, isso também é autocuidado se faz parte de atividades que geram prazer, mas é uma parte dele. Para mim, autocuidado também é estudar, conhecer seus direitos, ter seus limites bem estabelecidos e não permitir que sejam ultrapassados, além de fazer atividades que te gerem prazer e proteção – como o toque na própria pele, a descoberta de suas áreas erógenas.

Cuidar-se é se observar e atender suas demandas em busca de sentir sua paz e confiança, nutrir seu universo particular com suas referências de prazer e alegria. Ou seja, autocuidado é ouvir a música que você gosta, se masturbar ou ler seu livro favorito, porque autocuidado é o que te gera prazer e conexão consigo mesma. E se o processo de cuidar de si é tão complexo para mulheres que não são mães, com a chegada da maternidade e o hiato que se abre em nossas vidas, a coisa fica ainda mais complicada. Exige tempo, exige rede de apoio, exige energia.

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⁣ Se tem uma coisa que eu faço que nutre meu coração é cantar pras minhas crianças dormirem. ⁣ É até difícil escrever tudo que cantar pra elas significa pra mim: afeto, memória, história, ensinamentos, tradição, herança afetiva…⁣ ⁣ Eu gosto de escolher músicas que gostaria que elas ouvissem no futuro e lembrassem que a mãe cantava pra elas dormirem. ⁣ Gosto de ir envolvendo as duas nos meus braços e na minha voz e a gente vai se enroscando de uma maneira que parece até que a gente cresce. Tenho as minhas favoritas e as que são mais eficientes, viajo nas minhas playlists mentais pra dar conta das noites que elas demandam que cante. ⁣ ⁣ Eu até acho minha voz bonita, grave, rouca, mas não tenho a menor afinação e técnica nenhuma, sei que o consolo da minha voz, pra elas, não se dá por minha habilidade com a música e sim pela familiaridade. Foi minha voz, possivelmente, a primeira coisa que elas ouviram – talvez antes só as batidas do meu coração. Minha voz as recebeu, foi minha voz que as ninou desde os primeiros dias de vida. Minha voz que as acolheu em todas as angústias e até mesmo foi a minha voz que as chamou atenção quando fizeram algo errado. Elas até convivem com outras pessoas, mas, sem dúvidas, a voz que elas mais ouviram e mais ouvem é a minha. Pro bem ou pro mal. É meu bom dia que elas escutam todo dia de manhã, é minha voz, em oração, que escutam diariamente agradecendo a Deus pela saúde e alimento e pedindo pelos nossos. É dessa boca que saem as explicações para as provas e também as respostas para as perguntas mais mirabolantes, mesmo que essa resposta seja “procura no Google, vai”. Rs ⁣ ⁣ Toda hora eu falo de jung aqui e acho que explicitei meu gosto pela psicanálise e, certa vez, ouvi que a maneira como falamos com nossos filhos será sua voz da consciência por toda vida, sendo assim, era um bom investimento termos uma fala amorosa e incentivadora. E eu tento usar minha voz pra fabricar boas memórias para nós e, sem dúvidas, cantar até que durmam, hoje a minha realidade, possivelmente será uma das lembranças mais bonitas de toda a minha vida. ⁣ ⁣ Eu só posso agradecer por tanto amor e pela oportunidade de usar a minha voz. ⁣

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A verdade é que as mães, no geral, estão exaustas. E quem exausto consegue exercer atividades que contemplem seu autocuidado? Para uma mãe, às vezes, um banho e lavar a cabeça é o ápice do autocuidado. Nessa quarentena, eu já flutuei em diversas esferas do autocuidado. Já me exercitei e já parei de me exercitar. Já fiz skincare e parei de fazer, já investi em hobbies e já abandonei.

Eu tenho 3 filhos cheios de particularidades e demandas e elas fatalmente ficam acima das minhas e eu vou me adaptando para manter a alegria da casa e também a minha. Afinal, uma mãe feliz é uma mãe melhor também.

Neste momento da vida? Não tenho um momento só meu. Talvez o mais próximo disso seja quando eles dormem e eu posso escolher o que vou fazer, que, geralmente, está ligado ao meu prazer. Normalmente trabalho, mas também aproveito pra ouvir música, limpar o rosto, ler algo e dar uma namoradinha rápida.

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E eu me li. ⁣ ⁣ São 3 horas da manhã e provavelmente passei as últimas duas horas lendo parte da minha bibliografia inspiradora e minhas palavras, em 2012/2013.⁣ Não sei mensurar a largura do rio que separa a mulher de 2012 da mulher de 2020, mas acho que sei o tamanho da ponte que as liga. ⁣ ⁣ Eu li textos que não lembrava; que tinha lido, que tinha escrito, que tinha acreditado. No anseio de ser a melhor versão possível para aquela criança que um dia foi sonho e, antes mesmo que eu respirasse mais fundo, estava nos meus braços, eu lia. Somava minha bibliografia da Faculdade de Educação com Carlos Gonzales, Laura Gutman e também lia pessoas que me tocavam e acolhiam nas crenças da minha maternidade, como Kalu Brum, Renata Penna, Lígia Moreiras. ⁣ ⁣ Eu hoje aprendi comigo. Eu, mulher mãe, 30 anos, numa rotina de isolamento social sendo a principal cuidadora não de uma, nem de duas, mas de 3 crianças (😂), conciliando home office, home class e todas as dinâmicas do dia, equilibrando meus pratinhos – que até vão cair, mas prefiro os plásticos ou metais, aprendi muito com aquela menina de 22 anos, uma filha pequena com quem saía para pegar sol todos os dias. ⁣ ⁣ Para mim, é muito óbvio que a vida daquela menina seja muuuuuito mais fácil que a minha, mas, conheço 1) sua boa intenção. 2) sua dedicação ao conhecimento científico. Então dei uma chance para ouvir o que ela tinha a dizer. E não é que ela tem um tanto de razão?⁣ ⁣ Eu li sobre criação com apego, cama compartilhada, educação livre de violência, até sobre parto, eu li. ⁣ ⁣ Não sei em qual momento eu saturei desse tipo de conteúdo e ele começou a parecer tão óbvio e banal para mim, que se dissolveu na minha cabeça cheia de novas demandas e preocupações, mas reencontrar a Gaab foi bem legal. Parabenizaria seus esforços e seu belo trabalho, daria alguns conselhos e minha versão do futuro provavelmente a orgulharia em alguns pontos, mas em outros, seria reprovada. ⁣ ⁣ Eu falo de mim mesma na terceira e na primeira pessoa porque as memórias se misturam e o rio largo de pontes enormes gera essa confusão. ⁣ ⁣ (Continua nos comentários)

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