Família

Exaustas da exaustão: somos mais que o cansaço que nos habita

Mais sobrecarregadas, menos amparadas: pós-pandemia, o que sobrou das mães? Zerar a exaustão é irreal, mas é preciso repensar como seguir em frente.

por Vanessa Gomes Atualizado em 9 Maio 2022, 13h15 - Publicado em 8 Maio 2022 09h00

Quem já era mãe antes da pandemia conhecia por dentro e por fora, do lado certo e do avesso, o sentimento de cansaço. Tentávamos nos dividir em várias versões de nós mesmas para atingir aquela utopia famosa (e inexistente) do “dar conta de tudo”. Então, você se vestia e se dirigia para o trabalho. Voltava, pegava os filhos na escola, e encarnava a supermãe. Ia para a cozinha, decidida a se transformar na própria Bela Gil, garantindo que seus filhos não comeriam porcarias e sim alimentos nutritivos e deliciosos. Expectativas atingidas? Nem sempre. Bem, pelo menos, não em todos esses compartimentos da vida.

Tinha dias em que as crianças comiam, sim, um delicioso quibe vegetal de abóbora com grãos de quinoa, mas, no trabalho, faltou aquele gás para terminar o relatório do jeito que você queria. Ou dias em que você só recebia elogios do chefe, mas, como a reunião demorava mais do que o previsto para terminar, era a última mãe a chegar na escola para buscar os pequenos.

E aí, veio março de 2020.

De repente, todos esses pratinhos que você lutava arduamente para manter equilibrados e em harmonia no ar, em diferentes partes do seu dia, foram colocados de uma vez só sobre a sua cabeça. Ah, a saúde mental… Lembra dela? Simplesmente se esvaiu.

Quem é que não se trancou no banheiro para chorar depois de falhar miseravelmente tentando participar de um call, ajudar o filho a ser alfabetizado pela professora via Classroom, preparar o jantar em um horário que não ficasse tão tarde para dormir… Tudo isso sentindo toneladas de culpa porque, além do tempo da escola virtual, seu filho passava horas e horas entregue a TV ou ao celular para que você conseguisse trabalhar e cuidar das tarefas de casa.

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Só de lembrar, dá arrepio. Nem parece que passou. Será que passou? Tomara. Fato é que estamos aqui. Depois de várias agruras e de uma demora maior do que necessário, a grande maioria da população foi vacinada, as escolas reabriram e muita gente está voltando ou já voltou ao trabalho presencial. Mas o que sobrou de nós, mães? Afinal, somos mais do que o cansaço que vive dentro da gente? E a pergunta mais importante: agora que temos uma chance de recomeçar, de certa forma, dá para fazer as coisas de um jeito diferente, que torne a maternidade menos esmagadora

Sinto muito, mas já vou avisando desde o começo, que você não vai encontrar uma resposta literal aqui. Juro que tentei, mas não consegui encontrar a fórmula, uma receita pronta, que basta seguir e, puff!, tudo magicamente fica mais tranquilo. Spoiler: incorporar uma rotina de autocuidado e skincare no seu dia não vai salvar a sua vida, tá? Eu gostaria de dizer que sim, porque, nesse caso, a solução estaria em alguns produtos de beleza que você poderia encomendar agora mesmo pela internet. Mas, infelizmente, não é assim que funciona.

No entanto, também não vou te deixar sozinha, só relembrando as partes difíceis de ser mãe, girando sobre a própria desgraça, sem sair do lugar. Vamos, juntas, encarar a situação e olhar para os pontos que precisam ser enfrentados para, aí, sim, chegarmos em um caminho palpável? 

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Então, o que sobrou de nós?

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(Susanne Walstrom/Getty Images)

O primeiro passo para tentar resolver qualquer problema é olhar para ele. Afinal, onde estamos pisando? “Temos tido uma enorme dificuldade de encarar que vamos precisar recolher esses caquinhos. Não queremos olhar para o que foi o sofrimento da pandemia, a carga. Agora, as crianças voltaram para a escola, o trabalho está se regularizando, vamos para frente! Só que acho que esse esforço de olhar para frente vai nos adoecer ainda mais”, diz a educadora parental Lua Barros, fundadora da Rede Amparo, instituição que funciona como rede de acolhimento a mulheres e mães. “Vamos precisar olhar para o fato de que sobrou muito pouco de nós. Somos vítimas de uma tragédia. Como é que a gente lida com isso?”, questiona. 

E bota tragédia nisso.

Em 2020, a participação das mulheres no mercado de trabalho, que já era quase 20% inferior à dos homens, caiu ainda mais, e foi de 54% para 47%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Entre os 480 mil postos de trabalho com carteira assinada que foram perdidos no país, mais de 462 mil (96%) eram ocupados por mulheres, segundo o Ministério do Trabalho. As que estavam trabalhando ficaram sobrecarregadas: 41% afirmaram trabalhar mais do que antes, desde o início da pandemia, em 2020, segundo pesquisa realizada pela organização de mídia Gênero e Número.

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Sem poder contar com as escolas, muitas foram obrigadas a ficar em casa, sem renda, para cuidar dos filhos. E não só deles! Metade das brasileiras passou a cuidar de alguém (idosos, deficientes, outras crianças e outros adultos) desde o início da pandemia. Ainda de acordo com a pesquisa da Gênero e Número, 40% das mulheres disseram que o sustento da casa ficou em risco durante a pandemia. 

“Sobraram mães mais cansadas, mais estressadas, sobraram casais com relacionamentos passando por dificuldade, sobraram mulheres que concluíram que não podem dividir os cuidados com os filhos de verdade com mais ninguém”, aponta a psicóloga Desirée Cassado, professora da The School of Life, escola focada nas emoções e nos dilemas do cotidiano. “As mulheres também foram as que tiveram seus trabalhos mais prejudicados. Foram elas que negociaram jornadas de trabalho flexíveis para poder dar conta das crianças dentro de casa. As mães tiveram os maiores prejuízos em termos de mercado de trabalho, salário e carreira. É a população que ficou mais vulnerável financeiramente durante a pandemia”, detalha. 

Acho que deu para dar uma boa olhada no cenário, não é? 

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A “nova vida velha”

Diante de toda essa tragédia, como é que a gente passa por cima dos corpos e dos destroços e tenta fingir que está tudo bem, tudo voltou a ser como era antes? Simplesmente, não dá. A volta das crianças à escola, por exemplo, é um alívio para elas e para os pais, mas não é algo que vem sem desafios, como lembra Desirée. E sobra para quem? Para as mães, é claro. “Essas crianças não estão voltando para escola e retomando do ponto em que saíram. Muitas escolas têm relatado crianças com problemas de aprendizagem, de comportamento, de se adequar à rotina. E, novamente, o que a gente vê? São as mães, sempre elas, buscando ajuda, buscando terapia, aulas extras, dando o suporte de que a criança precisa para a readaptação escolar…”, aponta. 

Justiça seja feita, há quem tenha aproveitado o recolhimento compulsório causado pela pandemia para rever conceitos e fazer grandes mudanças. Tem quem não consiga mais – e que bom! – considerar aquela vida antiga normal.

Reconhecendo meu lugar de privilégio, eu mesma vi que aquela correria em que eu vivia antes, com o trabalho presencial tomando muito mais horas do meu dia do que deveria e me afastando fisicamente dos meus filhos, deixando-os sob cuidados terceirizados por mais de 10 horas diárias, simplesmente era inconcebível – novamente, para mim. Só me afastando pude enxergar que as coisas poderiam funcionar de outra maneira. Não sem dores, sem riscos e sem perdas, é claro, mas poderiam. Tive que abrir mão de uma grande conquista, para viver outra, que era a de estar mais perto deles, e encontrar outro jeito de fazer a vida funcionar. 

Da mesma forma, há quem tenha aproveitado para mudar de cidade, de estado, de país… Quem tenha percebido que o divórcio era a melhor solução. Quem tenha notado que precisava estar mais perto da rede de apoio. Quem tenha começado um curso para mudar completamente e apostar em uma carreira nova, porque a antiga já não estava mais funcionando. Existem aqueles que começaram uma atividade física ou um novo hobby (alô, novos jardineiros e chefs de cozinha da quarentena!) e se apaixonou, tornando isso uma parte permanente da vida. Há quem tenha começado a meditar. Quem tenha mudado as rotinas em casa. Quem tenha ficado mais flexível, mais tolerante. Ou menos. E percebeu que precisava impor limites.

Também foi um tempo de tomar certa distância daquele modo automático de correria eterna e remanejar alguns pontos. São os primeiros passos para os caminhos que estamos buscando, certo?

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“Quando a gente encara esses acontecimentos na vida como encontros de potência, o saldo é muito positivo. Essas mudanças que acontecem a partir de uma tragédia ou de um trauma, nos levam para outro estágio da nossa vida. São mudanças que nos fazem encarar nossas versões mais corajosas, destemidas, radicais, práticas”, diz Lua Barros.

“Isso não quer dizer que essas travessias são fáceis e acontecem sem dor. Não! Elas, às vezes, vão acontecer com muita dor. Mas é como atravessarmos uma ponte e, do outro lado, encontrar um outro mundo, uma outra oportunidade. É um recomeço, mas não do zero. Recomeçamos a partir de um acúmulo de experiências, de sensações, de sentimentos, de visões”, continua. “Isso acontece o tempo todo, só que a gente não nota. A pandemia e essa volta pós-pandêmica fazem com que a gente perceba isso, porque não tem como disfarçar a magnitude de tudo o que aconteceu. Aí, nos conectamos com uma força muito inspiradora. A partir disso, a vida inteira fica menos pesada”, explica ela. 

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(Arte: Vitoria Daud/ Bebê.com.br / Foto: Tatyana Maximova/Getty Images)

“Não tem como postular um futuro mais fácil, mas ele precisa ser possível, na medida em que eu cuido do que eu sinto e na medida em que percebo que tenho força para caminhar nesses cenários novos, que vou construindo para mim”, diz Lua Barros

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Outro aprendizado que fica, depois desse período, é que estamos juntas, passando pelas mesmas dificuldades. Em níveis variados, algumas com mais privilégios, outras com bem menos ou quase nenhum, mas ninguém é tão perfeito quanto parece no feed do Instagram. Ninguém consegue ir à academia, zerar as séries, ler, meditar, fazer yoga, ir com as crianças ao parque, fazer comida, levar e buscar na escola, criar mil lancheiras divertidas e saudáveis, com sanduíche de patê natural com forma de estrelinha.

“Tenho esperança de que, durante esses dois anos, tenhamos aproveitado a oportunidade de dividir com outras pessoas”, lembra Desirée. “Teve muita gente dizendo, em uníssono, que a situação estava difícil, que ter as crianças em casa era algo complicada, que a divisão desigual de trabalho fazia com que as mulheres penassem mais, se sobrecarregassem mais e tivessem mais ônus, mais prejuízos no ambiente de trabalho e carreira. Não estamos sozinhas nas dificuldades”, diz ela. 

É importante pontuar aqui a questão dos privilégios. Estamos juntas na tempestade, mas algumas estão se segurando em um pedaço de isopor e outras estão em um belo iate. “A gente, muitas vezes, se pergunta se dá para a maternidade ser mais leve ou não. Mas a leveza é um privilégio”, afirma Lua. “Quanto mais privilégios temos, mais leve essa maternidade é. Por que? Porque mais pessoas eu tenho nesse entorno. Eu tenho uma funcionária que cozinha, eu tenho uma pessoa que leva na escola, eu tenho uma avó com quem eu posso deixar, eu tenho uma grana que me permite passear no fim de semana. Então, quanto mais privilégios, mais chances eu tenho de fazer com que o trabalho braçal da maternidade seja partilhado”, diz a educadora parental.

Isso não quer dizer, no entanto, que só a questão financeira e social influencia a possibilidade de um maternar mais leve ou mais duro. “Tem outra coisa, intrínseca, que compõem a leveza e que diz respeito a como eu observo a vida. E aí, às vezes, não adianta ter todo o privilégio do mundo e ver a vida por uma lente da angústia, do desespero, da falta, do peso. Conseguir uma combinação dessas duas coisas seria o ideal”, completa. É, um sonho…

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Para a psicóloga Desirée, também fica reforçada a lição da sororidade. Mulheres levantam outras mulheres. “Espero que a gente leve para os próximos anos das nossas vidas o respeito pela importância do ambiente educacional, das mães e de uma comunidade que ajude a cuidar de uma criança. É preciso uma vila, como diz o provérbio africano, e o que percebemos também é que essa vila é composta por outras mulheres. São outras mulheres que cuidam dos nossos filhos, quando não estamos: são professoras, avós, funcionárias, tias, amigas, outras mães”, pontua. 

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O que podemos fazer, na prática?

“O quê? Fazer? Não aguento fazer mais nada”, você deve estar pensando agora. Sim, incluir o item “mudar o mundo” não vai rolar. “Pedir que a mãe seja responsável por entender como lidar melhor com a rotina também é uma forma de sobrecarregá-la com mais essa responsabilidade, de ser a pessoa que vai encontrar a solução. Se existir uma solução, ela é social, é um movimento abrangente, muito maior do que as escolhas de uma mãe apenas”, aponta a psicóloga da The School of Life.

Para Desirée, um exemplo disso seria uma licença-paternidade mais longa para os pais. Outro seria o acesso garantido a creches, com educação integral de qualidade, desde o começo da vida da criança. 

“Além de perfume, spa e essas coisas que se vendem nessas datas comemorativas, seria muito interessante ter políticas pensadas para mães que precisam de ajuda e de estratégias mais eficientes para lidar com a sobrecarga que é manter uma casa financeiramente, manter o ambiente doméstico, manter a criança saudável, a escola e tudo aquilo que sabemos que recai sobre os ombros das mulheres”, diz a psicóloga Desirée Cassado

Cada uma com seu ritmo

Faz todo o sentido. Mas, ao mesmo tempo, é um paradoxo. Se não forem as mulheres, quem é que vai se movimentar para garantir essas políticas públicas? Vamos ter que esperar sentadas, porque, a princípio, tudo parece muito cômodo para o restante da sociedade, que continua concentrando tudo nas costas das mães.

Embora essas políticas sejam benéficas para todos – já que é muito melhor viver em um mundo mais equilibrado e justo, com todos dividindo as responsabilidades, mães menos estressadas, cansadas e doentes, mulheres conseguindo participar do mercado de trabalho, sem prejuízos à saúde física e mental (e sem culpa!) -, nem todo mundo consegue ver isso de primeira. Afinal, cada um foca no seu umbigo. 

A mudança passa por nós, mas de uma forma que nos fortaleça, primeiro, para, aí sim, termos alguma força de lutar por transformações coletivas – enquanto ninguém faz isso por nós.

“Nós somos mais do que esse cansaço, mais do que essa exaustão, mais do que as dores. Fica muito difícil entender isso porque, além de tudo, estamos muito ressentidas pelo abandono do estado, da família, do parceiro”.

Lua Barros, educadora parental

“Existe uma dor de ressentimento muito forte que compõem essa matéria orgânica que nós somos, então, é preciso lembrar diariamente que tem tudo isso, sim, mais. E o que é esse mais? Onde consigo enxergá-lo? Como eu me lembro quais são os meus prazeres? Como lembro que corpo é esse que eu tenho? Aquilo que me faz feliz? É um exercício difícil de começar a ser feito, mas, uma vez que entramos no fluxo de nos conectar com as partes de nós, entendemos que ali mora um lugar de nutrição importante para a nossa caminhada, para que sigamos de um jeito mais íntegro”, destaca ela.  

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Mas atenção: essa busca é individual e não há uma bússola que aponte o que você pode fazer para encontrar essa parte de você. A única certeza é que ela existe, precisa existir. E, de novo, essa procura não pode ser outra sobrecarga, então, vá com calma, vá no seu tempo.

“Pode ser que uma mulher que ouça que ela é mais que todas essas dores, consiga se lembrar disso. Pode ser que uma mulher que escuta a mesma frase diga: ‘Não, eu, hoje, não consigo ver nada além disso em mim’. Então, é importante sairmos da tentativa de postular receitas prontas porque o que funciona para uma não vai funcionar para outra”, pondera a educadora parental. “Sinto que podemos tentar reconhecer o que são as pequenas e cotidianas coisas da vida que podem fazer com que a gente se lembre de sentir prazer e que somos mais que a nossa exaustão”, pontua.

“Temos que nos perguntar: o que é isso? Onde está? Onde eu vejo a beleza da vida? E a beleza não no sentido lógico e prático do que é bonito, mas daquilo que me preenche, que faz meu olho brilhar, que me emociona, me chacoalha para fora do ordinário, do piloto automático. O que faz com que eu suspire, que eu abra um sorriso, relaxe, goze? Mas isso cada uma vai ter que fazer seu próprio trabalho para descobrir. E quanto menos quisermos estabelecer o certo nesses processos, aumentam as chances de ter mais mulheres nessa busca individual, o que fortalece o coletivo lá na frente”, explica. 

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Boa o suficiente

A autocobrança também responde por grande parte da exaustão materna. Um exemplo mais do que comum: o pai, depois de passar o dia todo fora, chega em casa e se senta tranquilamente no sofá para assistir ao jogo do seu time favorito, sem nem pensar duas vezes. A mãe que fica o dia inteiro fora chega em casa já se sentindo culpada para aproveitar o pouco tempo que tem com as crianças. Ela precisa compensar isso, precisa brincar, precisa ler. E as crianças sentem falta mesmo.

É claro que existem pais muito diferentes do que citamos acima. E mães também. Mas o ponto aqui é a autocobrança. Ninguém precisa falar para essa mãe que os filhos dela precisam de atenção ou que, para isso, as prioridades todas dela, como ser individual, tornam-se secundárias. Não importa se você teve um dia cansativo, se queria terminar aquela série, se estava com vontade de ver seu jogo de futebol também. 

É algo tão pré-estabelecido cultural e socialmente, um trabalho tão “bem feito” do machismo e do patriarcado, que eles não precisam se esforçar mais. Nós fazemos isso por eles também. “Depois de muita cobrança social e cultural, as mulheres não precisam mais que ninguém as cobre. Elas mesmas se cobram para serem mães perfeitas, que vão para a academia, para o trabalho, que levam os filhos para a escola, que buscam, que fazem comida natural, que estão sempre em dia com as festinhas de aniversário, com os presentes das festinhas de aniversário. Nas entrelinhas, vemos uma cobrança que, depois de ser muito cultural, muito social, acaba se tornando uma cobrança interna”, afirma Desirée. 

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(Arte: Victoria Daud / Bebê.com.br / Foto: Westend61/Getty Images)

Não estamos falando aqui que você não precisa dar atenção ao seu filho. Mesmo depois de um dia longo, ele sente sua falta e, afinal, não tem culpa de nada e só quer sua companhia. Mas se as responsabilidades fossem melhor divididas, tudo ficaria mais fácil e você saberia que outra pessoa estaria suprindo todas as necessidades físicas e emocionais da criança, enquanto você olha para você, descansa e recarrega sua bateria. Aí, sim, é possível estar bem, para ficar com seu filho, com prazer. Sabe aquele aviso do avião? “Em caso de emergência, coloque a máscara primeiro em você e depois ajude a criança”. É por aí…

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Desirée ainda lembra a tese do pediatra e psicanalista inglês, Donald Winnicott. “Ele dizia que mães perfeitas causavam mais danos do que benefícios para as crianças”, diz a psicóloga. “Afinal, se você é criado por uma pessoa perfeita, que tipo de preparo você tem para o futuro, para a vida, para outras pessoas da sua vida, que não serão perfeitas?”, reflete. “Ele falava que uma criança não precisa de uma mãe perfeita. Tudo o que uma criança precisa é de uma mãe que seja, sim, turbulenta, caótica, com os problemas que toda mãe tem, mas que seja bem intencionada, interessada e boa o suficiente”. 

Está aí uma expressão que dá até vontade de tatuar: “boa o suficiente”. E basta. 

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