No contexto ideal, a chegada de um bebê deve ser sempre planejada – sobretudo financeiramente. Mesmo que isso não seja possível para grande parte das famílias, o gasto com a criação de um filho no Brasil não deixa de ser alto. É isso o que aponta um estudo feito pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), a pedido do jornal Estadão.
Com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pesquisa estimou que 30% da renda das famílias é destinada às despesas com os filhos. Entre elas, alimentação, roupas, lazer, educação, saúde e custos comuns – como aluguel.
Os valores gastos com um filho até os 18 anos vão de R$ 480 mil a R$ 1,2 milhão para a classe média (com renda familiar mensal de R$ 5.281 até R$ 13,2 mil). Na classe B (entre R$ 13.201 e R$ 26,4 mil), de R$ 1,2 milhão até R$ 2,4 milhões. Já o orçamento da classe A começa em R$ 3,6 milhões e sobe de acordo com a renda familiar.
A despesa da classe E (com renda familiar mensal de até R$ 2.640) fica entre R$ 239,6 mil. Na D (de R$ 2.641 a R$ 5.280), o valor vai de R$ 239,6 a R$ 479 mil. De acordo com o jornal, entre os mais ricos, o investimento é, ao menos, 15 vezes maior na comparação com a classe E, e 3 vezes em relação à classe média.
“A diferença de gasto com os filhos é absurda. É muito difícil colocar alguém da classe D ou E para competir com alguém da classe A. Falamos muito sobre a tal distribuição de renda, mas dá para entender por que isso se perpetua”, diz Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de economia do Insper, para o Estadão.
Os investimentos na primeira infância são considerados fundamentais para melhorar de maneira permanente a trajetória da criança. Logo, garantir que os filhos de todas as classes sociais tenham condições iguais seria importante. “É nessa fase que se transforma não só a capacidade cognitiva da criança, mas a questão comportamental, a capacidade de fazer esforço e a resiliência”, afirmou Marcelo Neri, diretor do FGV Social, ao veículo.