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Qual a hora certa de dar mesada à criança? Saiba como falar sobre dinheiro

Especialistas em finanças explicam como os pais devem introduzir o tema com os pequenos e a partir de quando oferecer pagamentos aos filhos

Por Isabelle Aradzenka
29 out 2022, 14h00

Quando é a hora certa para falar sobre dinheiro com os filhos? Bom, para a especialista em desenvolvimento humano e financeiro, Tamirys Machado, a partir dos três anos de idade, já é possível introduzir um diálogo sobre educação financeira com as crianças. Aliás, quanto antes este assunto for abordado dentro de casa, melhor! Assim, mais fácil será para que os pequenos desenvolvam um relacionamento sólido e saudável com as finanças.

“Grande parte dos nossos preceitos são adquiridos na infância. Se os pais não se encarregarem de promover experiências positivas em relação ao dinheiro com os filhos, isso acontecerá de forma totalmente inconsciente ao longo do tempo”, acrescenta Rebeca Toyama, especialista em comportamento, bem-estar financeiro e carreiras.

Sempre respeitando a faixa etária, o assunto pode ser inserido de forma lúdica no dia a dia, juntamente com questões temporais da rotina da criança. “A partir do momento que ensinamos a maneira correta de lidar, enxergar e conduzir o dinheiro para os filhos, isso será levado para a vida adulta”, completa Tamirys.

Como abordar o dinheiro em cada idade?

As crianças são questionadoras natas e possuem uma imaginação bastante fértil. Por isso, um bom primeiro passo para introduzir o assunto com elas é contar histórias e desenvolver brincadeiras que envolvam as finanças.

Explique sobre o que é o dinheiro, como surgiu, por que ele é importante e a diferença entre cédulas e moedas”, orienta Tamirys. Mesmo os filhos menores já conseguirão entender que este mecanismo de troca existe e é relevante para a família. Confira outras dicas das especialistas:

Dos 3 aos 5 anos

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Nesta faixa etária, as crianças aprendem grande parte das coisas por meio da observação e imitação. Por esta razão, aproveitar as situações do dia a dia, algumas histórias e até jogos é a melhor maneira de introduzir a educação financeira infantil em casa.

Aposte em brincadeiras que incluam cédulas de dinheiro nas rodadas, como mercadinhos, por exemplo. Isso ajuda a criança a entender que existe uma troca: eu te dou o produto e você me dá o dinheiro. Ela compreende que, no mundo real, isso também existirá”, indica a especialista.

Dos 6 aos 9 anos

Nesta faixa etária, as crianças já conseguem evoluir para pequenos cálculos. Aposte em ensinar a diferença entre produtos e serviços, a importância do trabalho, da remuneração para a família e, principalmente, a necessidade de poupar e guardar dinheiro.

“Após os 7 anos, podemos introduzir o conceito de poupança. Assim, mostramos à criança que, ao guardar um pouco do que ela recebe, poderá acumular as moedas para comprar algo mais valioso”, indica Rebeca.

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Dos 10 aos 14 anos

Esta faixa etária permite que expliquemos a importância de investimentos, contas bancárias, como funciona o dinheiro digital e o controle financeiro dentro de casa, bem como as contas que precisam ser pagas todos os meses e a diferença nos valores dos produtos de forma mais efetiva, diz Tamirys.

Ainda nesta etapa, introduzir temas relacionados a carreira, negócios e empreendedorismo também pode trazer bons resultados para vida profissional e financeira dos filhos, completa Rebeca.

ilustração, em fundo rosa, de um cofre em forma de porquinho com moedas em volta
(Ilustração: Anamaria Sabino/Bebê.com.br)

Uma mesada é importante?

A ideia de oferecer um pagamento periódico ao filho é de grande valia. Assim, a criança começará a entender e a validar como funciona uma remuneração, introduzindo também a consciência de planejamento para se ter pequenas conquistas na vida.

“O conceito da mesada, de juntar um valor para comprar o que quer com o próprio dinheiro, faz com que ela comece a entender a importância de poupar para conquistar objetivos, ou adquirir aquele brinquedo que viria de uma forma natural através dos pais”, considera Tamirys.

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A proposta da mesada, portanto, é ensinar o pequeno a ter autonomia de escolha, ao mesmo tempo em que ele precisa lidar com a limitação do poder de compra do dinheiro recebido. “Crianças que sabem controlar seus impulsos se transformam em adultos mais saudáveis, não apenas financeiramente”, completa Rebeca.

Ainda assim, a mesada deve ser bem trabalhada para ser efetiva. O pequeno precisa entender que recebe o pagamento pois ele é uma parte importante da família e ajuda nas atividades da casa. Tudo deve ser muito bem balanceado!

Como introduzir a mesada de forma correta

O primeiro passo é sempre explicar o porquê de a criança estar recebendo o benefício. “É importante que os pais conversem com os filhos e esclareçam o motivo de estarem obtendo aquele valor. Por exemplo, vale apostar em frases como ‘já que você ajuda os pais em casa, poderá começar a receber uma mesada’. Esse processo fica mais fácil quando você já explicou para a criança o que é o dinheiro e a importância dele”, instrui Tamirys.

O recurso pode ser empregado a partir dos 4 anos de idade. Mas com isso também chega o momento de decidir, em conjunto com a criança, o que ela quer conquistar com essa mesada e o quanto precisa juntar para isso.

Com crianças menores, a conquista precisa ser algo mais rápido de ser atingido, então foque em pequenas realizações. Já os filhos mais velhos, podem focar em objetivos maiores. “O interessante é acompanhar o raciocínio matemático oferecido na escola também, para que a criança possa aplicar as operações matemáticas junto com o exercício financeiro, promovendo um aprendizado multidisciplinar”, acrescenta Rebeca.

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Criança-contando-dinheiro
(towfiqu ahamed/Getty Images)

Organize o valor dos pagamentos

Cada família tem a sua realidade financeira. Portanto, a organização dos valores que serão dados aos filhos deve estar alinhada com o padrão e estilo de vida dos pais, lembra Rebeca. Não há uma quantia ideal para cada idade, o fator que deve ser levado em conta é principalmente o tempo de espera.

“Entre 3 e 9 anos, as crianças são muito imediatistas. Então, um benefício mensal poderia causar um efeito inverso, de frustração. Separando por semanas, o valor vai de acordo com a educação financeira dos pais e do poder aquisitivo da família. Pode ser de R$ 5 a R$ 2, por exemplo”, explica Tamirys.

Cuidado para não cometer estes erros!

Muito cuidado para não fazer com que a criança pense que ela precisa fazer algo para ter a remuneração em troca. O ideal é que ela compreenda que não é só por isso. “A mesada também é dada pelo amor dos pais, porque a criança pertencente àquela família”, diz Tamirys.

Atitudes como pagar por atividades domésticas ou escolares, que já são de sua responsabilidade, a longo prazo não costumam ser positivas na formação da criança como adulto, acrescenta Rebeca. É necessário, portanto, que algumas atividades sejam feitas independentemente de ter mesada ou não, para que o filho não crie um mecanismo de que só faz pois recebe algo em troca.

Outro cuidado, salienta Tamirys, é o de não causar o efeito de frustração. “Se demorar muito para a criança conquistar algo, o resultado da mesada não será positivo e o filho entenderá que poupar é ruim”, explica. Por esse motivo, organizar os pagamentos de acordo com a idade é primordial.

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Tenham em mente que a ideia do benefício é estabelecer um equilíbrio entre prazer imediato e futuro, garantindo que a relação desenvolvida pela criança com o dinheiro seja leve, finaliza Rebeca.

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