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Coisa de criança? A importância do brincar para os adultos

Mesmo para quem já cresceu, o contato com o lúdico cria conexões com o mundo, exercita a capacidade de tomar decisões e traz vários outros benefícios

Por Ligia Moraes
12 out 2023, 07h01

A brincadeira é uma parte fundamental da infância. Ela está estritamente relacionada a um desenvolvimento saudável e ao exercício da criatividade. Mas você sabia que brincar também é muito importante para os adultos? É o que defende a psicóloga e pesquisadora de educação e cultura Adriana Klisys, autora do livro Viagem Lúdica.

“A sublime experiência do brincar, tanto para a criança como para o adulto, é aprender a se relacionar consigo, com o outro e com o conhecimento, desenvolver virtudes, valores e sabedoria”, diz a especialista. 

Adriana ainda explica que esse processo traz uma série de outros benefícios, como criar conexões com o mundo, exercitar a capacidade de tomar decisões, de ser amigável, improvisar e agir criativamente – além de, claro, apreciar a vida.

Reencontro com a nossa criança interior  

“Quando o adulto brinca com uma criança, ele reencontra sua criança interna, que nunca esteve ausente, só adormecida”, afirma a psicóloga. 

Segundo Adriana, a reconexão com nossa criança interior pode ser feita, ainda, por meio de um resgate das nossas lembranças e das sensações que tínhamos ao brincar na infânciaÉ possível realizar aquilo que seja significativo para nós mesmos, como correr, dançar, praticar algum esporte, cuidar de uma horta, cozinhar, apreciar a natureza, ir a uma exposição artística, voluntariar-se em uma causa social… “Qualquer uma das atividades pode se tornar lúdica quando traz um forte vínculo com sua presença no que faz”, diz. 

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Hipervalorização da produtividade 

Para a autora, vivemos em uma sociedade que supervaloriza a produtividade. Aprendemos desde cedo a buscar o aprimoramento das nossas habilidades, sempre voltadas para o lado racional. Porém a brincadeira vai contra essa lógica, pois ela é “um espaço voltado para os ‘processos’ internos e não para os ‘produtos’ externos”. É por isso que, segundo a especialista, os adultos não se permitem brincar.

“Podemos pensar que o trabalho é o mundo da objetividade e o brincar é o mundo da subjetividade. Um voltado para a manifestação/realização do mundo externo e outro voltado para a manifestação do mundo interno. Os dois são fundamentais. Quando falta um, a vida entra em desequilíbrio“, diz Adriana. 

Pai brincando de amarelinha com filhos
(Westend61/Getty Images)

O brincar do adulto 

Adriana conta que o brincar do adulto vai muito além do brincar com a criança: “Brincar é muito mais um estado de ser e estar no mundo do que uma atividade propriamente dita”. A partir disso, a pesquisadora conclui que podemos trazer o olhar lúdico até para as dimensões profissionais da nossa vida.  

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“Quando um cientista como Santos Dumont coloca uma bicicleta com asas pendurada numa árvore para testar sua aerodinâmica, está brincando ou revolucionando a história da aviação? Quando Charles Chaplin está atuando como artista, está brincando ou exercendo seu ofício? Quando os jovens Steve Jobs e Steve Wozniak constroem um computador em casa, estão brincando de inventar ou trabalhando?  Ou as duas coisas integradas?”, reflete. 

Diante disso, o brincar pode estar perfeitamente integrado em nosso dia a dia. Quando ele está ausente, de acordo com Adriana, tudo fica mais difícil e há menos saídas criativas para a vida também.

Como explorar a ludicidade

Pensando nos benefícios que o brincar traz a todas as partes envolvidas, a psicóloga dá dicas simples de como os adultos podem se reconectar com seu lado lúdico. Dedique um tempo para o ócio ou para o “descompromisso com expectativas externas”, como ela nomeou. As pessoas devem também se dedicar a momentos de lazer.

Além disso, precisamos aprender com as crianças. Podemos, por exemplo, observá-las brincando livremente, seja no parque, na praia ou em qualquer outro lugar. Isso ajuda a despertar a nossa criatividade.

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