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Como planejar um banheiro infantil funcional e seguro para as crianças

Pensando em reformar o banheiro das crianças? Buscamos especialistas para te ajudar a criar um ambiente que estimule a independência, mas com segurança.

Por Fernanda Tsuji
1 Maio 2022, 10h00

Quarto, banheiro ou sala: não importa o cômodo. Quando se tem criança, devemos priorizar a funcionalidade e a segurança na hora de planejar os ambientes. Afinal, quanto mais prático melhor na correria do dia a dia e, com os pequenos, imprevistos e machucados sempre podem acontecer.

Um dos lugares da casa, campeão de acidentes, costuma ser o banheiro. Se vocês estão pensando em reformar ou estão mudando pra uma casa nova, é fundamental pensar com carinho neste ambiente, ok? Seja parte da suíte do quarto infantil ou um banheiro de uso comum da família toda, é importante que ele seja seguro para evitar escorregões e que incentive a independência dos pequenos, já que várias tarefas que eles fazem por lá fazem parte de seu desenvolvimento, como aprender a usar o vaso sanitário, lavar as mãos sozinho, escovar os dentes e tomar banho.

E sim, dá para ter tudo isso e ainda ser uma gracinha! Com a ajuda de um time de arquitetos, nós buscamos dicas para quem quer tornar o cômodo ideal para os pequenos.

1. Priorize pisos antiderrapantes e móveis sem quina

Chão molhado, sabonete, crianças brincando… xii! Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o banheiro é o segundo lugar mais perigoso da casa, só perdendo para a cozinha. Por isso, atenção primeiro para o piso. “Os revestimentos de piso e parede deverão possuir texturas que funcionem como antiderrapantes, evitando as mais lisas”, indica o arquiteto Quintino Facci. Amanda Cristina Melo e Caroline Monti, sócias-proprietárias da Evertec Arquitetura, concordam e acrescentam: “os pisos precisam ser de acabamento natural ou acetinados, nunca os polidos ou brilhantes”, explicam.

Uma boa saída também são os tapetinhos antiderrapantes de borracha logo na saída do box ou outros produtos que evitem as quedas. “Eu utilizo muito um spray que se aplica no piso, não muda a sua característica, mas deixa ele antiderrapante”, conta a arquiteta Cristiane Schiavoni.

Outro ponto de atenção são as quinas para evitar traumas e cortes. “Nos banheiros infantis é imprescindível trabalhar com os formatos anatômicos arredondados nas louças e marcenaria eliminando qualquer objeto com quinas pontiagudas que possam causar algum acidente. Objetos de vidro, materiais frágeis e superfícies lisas devem ficar de fora da concepção do projeto”, ensina Facci, que também indica usar amortecedores que evitam impactos das portas, vasos sanitários e gavetas. Outra dica do arquiteto é usar torneiras com abertura de ¼ de volta para evitar desperdício de água. 

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Outras dicas de segurança em banheiros infantis

– Nunca deixe crianças sozinhas na banheira;
– Vaso sanitário sempre tampado e com pouca água para evitar afogamentos;
– Armários contendo medicamentos, produtos de limpeza, cosméticos, tesouras e aparelhos elétricos devem estar trancados ou longe do alcance das crianças;
– Atenção para aquecedores a gás. Mantenha o banheiro ventilado;
– Cuidado com fiação e tomadas elétricas.

*Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria e ONG Criança Segura

2- Dê mais autonomia para as crianças!

Banheiro projetado por Marina Carvalho
O nicho dentro do box fica em uma altura compatível com as crianças neste projeto de Marina Carvalho. (Evelyn Muller/Divulgação)

Aposte em elementos que ajudem os pequenos a realizarem suas tarefas, aos poucos, sozinhos. “O mais importante é que a gente busque no projeto dar autonomia para essa criança. Como conseguimos que ela seja mais independente? Funcionalmente precisamos providenciar alguns itens. Por exemplo, é legar ter aquele chuveirinho de mão, porque a criança consegue manusear, passar no próprio corpo. Nichos em uma altura mais baixa para que ela alcance. Em banheiros infantis, também evito a cuba em que a torneira fica lá atrás e a criança tem dificuldade de acessar”, conta a arquiteta Cristiane, que conta já ter feito até uma elevação na própria bancada de um de seus projetos para que a criança pudesse acessar sozinha a pia. 

Banheiro projetado por Marina Carvalho
Escada embaixo da pia para ajudar a dar autonomia aos pequenos, no projeto de Marina Carvalho. (Evelyn Muller/Divulgação)

A arquiteta Marina Carvalho também tem um truque que costuma aplicar nos projetos infantis. “Sempre faço o armário e a pia sem a base de alvenaria e com uma altura livre de, pelo menos, 30 centímetros para que seja possível encaixar uma banqueta embaixo e a criança consiga puxar sozinha, subir e usar a pia. Também costumo deixar as alturas mais baixas, por exemplo, nos nichos de xampú de dentro do box e para poder caber brinquedinhos, assim a hora do banho fica mais gostosa e mais divertida”, diz ela. 

3- Detalhes de acabamento dão o tom lúdico

Banheiro projetado por Cristiane Schiavoni
Cores e elementos lúdicos pontuais dão o tom deste banheiro projetado por Cristiane Schiavoni (Carlos Piratininga/Divulgação)

Quando o banheiro é de uso da família toda, o melhor é manter um tom neutro na decoração e apenas objetos divertidos pontuais. Já quando é de uso majoritário da criança, você pode apostar em elementos mais lúdicos. “Uma tendência bem bacana é a gente brincar com os acabamentos dos materiais que fogem do lugar comum, como preto, dourado, cortem, louças e cubas com cores diversas“, aposta Christiane.

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Outra possibilidade é determinar uma paleta de cores básica e menos óbvia e ir aplicando nos revestimentos, louças ou ainda na marcenaria. “Há ainda uma tendência que, na verdade, prefiro chamar de estratégia de projeto, que é a neutralidade de gênero. É algo que considero interessante para projetos de arquitetura infantil não só pelas questões sociais e políticas que o cercam, mas por promover uma amplitude maior de aplicação de design e elementos arquitetônicos e de decoração que contribuam ainda mais para o desenvolvimento social e cognitivo das crianças”, opina Quintino. 

4- Decoração datada x atemporal

Banheiro projetado por Cristiane Schiavoni
No projeto de Cristiane, delicadeza na textura da parede e na escolha dos espelhos (Paulo Brenta/Divulgação)

Cristiane Schiavoni lembra que o banheiro não costuma ser um cômodo que alteramos muito. “Não é todo mundo que vai conseguir ter uma disponibilidade financeira ou até mesmo vontade de ter uma obra em casa. O banheiro não é como um móvel que você vai trocando de acordo com o crescimento da criança, já que os elementos são um pouco mais fixos”, diz ela, mas aponta que, por exemplo, trocar uma bacia sanitária não requer quebra-quebra e é fácil inserir um modelo infantil e depois trocar por uma de adulto com o passar dos anos. 

Já sobre a decoração, será que é uma furada fazer algo temático? Segundo os especialistas, depende do seu gosto particular. “Existem formas de trabalhar sem deixar datado. Para isso é legal evitar o uso de personagens e considerar temáticas que trazem um espectro maior de possibilidade de projeto, como natureza e formas geométricas que são mais fáceis de serem enquadradas em várias faixas etárias. Além disso, eles podem contribuir muito mais para o conforto e aconchego do espaço do que as temáticas mais engessadas”, ensina o arquiteto. 

Caroline e Amanda concordam. “Evitamos trabalhar com peças específicas para as crianças, pois com o crescimento acabam inutilizados e a família precisa reajustar todo o espaço”, apontam. Se for para durar mais anos sem alterar, um tom mais neutro é o mais indicado, mas não precisa necessariamente ser sério ou sisudo.

Trabalhe uma cor que traga personalidade, decore com elementos lúdicos ou com acessórios que possam ser trocados com facilidade, como porta toalhas, cestos de lixos, ganchos, quadrinhos e adesivos nos armários e box.

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5- Cuidado com o box!

Não é raro se deparar com acidentes envolvendo o box do banheiro. Uma dica importante dos especialistas é se certificar com o instalador de que a peça seja feita de vidro temperado, e caso quebre, estilhace em pequenos pedaços e não em grandes placas cortantes. Há também a possibilidade de aplicar películas de segurança que seguram os pedacinhos, casa haja um acidente.

E para os pais de bebezinhos, uma opcão muito indicada é instalar o item de vidro apenas quando a criança for maior. “Sugiro não colocar o box em um primeiro momento, porque fica muito mais fácil e confortável para o adulto manusear a criança na banheira”, indica Schiavoni. “E sempre preferimos usar os box de correr, já que os com porta tipo camarão são mais duros para abrir”, sugerem as profissionais da Evertec Arquitetura. 

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