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É verdade que uma mulher não deve amamentar o bebê de outra pessoa?

A amamentação cruzada ainda é realidade para muitas famílias brasileiras, mas não é recomendada e nem saudável para a criança, segundo especialistas

Por Isabelle Aradzenka
24 jun 2022, 10h41
Mudanças nas aréolas afetam a amamentação e por que são temporárias?
Mudanças nas aréolas afetam a amamentação e por que são temporárias? (Lita Bosch/Getty Images)
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Você sabia que uma em cada cinco mães no Brasil já amamentou o filho de outra pessoa ou deixou seu filho ser alimentado por outra mulher? É isto que consta no Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, de 2019 – encomendado pelo Ministério da Saúde. Apesar de ser impedida por lei no país (através da Portaria n° 1.016, de 1993), ainda assim, seria um equívoco fecharmos os olhos para a prática da amamentação cruzada.

O aleitamento cruzado no Brasil é proibido, mas é diferente quando falamos de uma mãe que quer doar o seu leite para um banco especializado, que irá pasteurizar e disponibilizar o alimento para outra mulher. Este, sim, é um aleitamento que pode acontecer – não é cruzado, já que o leite não será retirado diretamente da outra mãe, ele será tratado e então oferecido a outra criança”, explica Rosângela Gomes, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).

Assim, quando nos perguntamos se lactantes podem ou não amamentar o filho de outra pessoa, devemos nos atentar à forma com que isso se dará. Nos bancos de leite, por exemplo, a mulher pode fazer uma doação para suprir a necessidade de um bebê que não é dela, desde que a substância passe pelo processo citado acima, que eliminará bactérias patogênicas.

o aleitamento cruzado – que geralmente acontece dentro de um mesmo núcleo familiar – é completamente desaconselhado por entidades oficiais, como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Há casos em que a mulher tem uma prima ou uma parente que teve uma criança há pouco tempo, e acaba dando seu próprio filho para ela amamentar. Apesar desta ser uma prática muito utilizada ainda, oferece riscos e é proibida por lei”, reforça a pediatra.

bomba de extração de leite materno em primeiro plano. Ao fundo, mulher amamenta bebê
(Pilin_Petunyia/Thinkstock/Getty Images)
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Os riscos da amamentação cruzada

Ao receber o leite que não é de sua mãe, o bebê pode ser contaminado por doenças que nem a própria lactante tem conhecimento. “Muitas vezes, a mulher não sabe se é portadora de uma hepatite C, de HIV ou pode estar tomando algum remédio contraindicado para a amamentação. No geral, desconhecemos a história e todas as doenças que esta lactante pode ter. Então, pelo risco para o bebê ser grande, evitamos o aleitamento cruzado”, conta Rosângela.

Mas não são apenas as crianças que talvez tenham a saúde comprometida. Caso o bebê apresente alguma infecção oral, como sapinho, é possível que ele a transmita para o seio de quem o está amamentando e que essa mulher, posteriormente, passe para o seu próprio filho. “Não são casos graves, mas eles atrapalham o aleitamento”, completa a especialista.

Alternativas para amamentar o bebê

É importante reforçar que uma mãe nunca será impedida de alimentar o filho da maneira que desejar. Ela será, sim, informada sobre os riscos e logo desaconselhada. “É essencial explicarmos para cada mãe qual é o benefício da amamentação e se existe a contraindicação. Assim, a decisão de como amamentar ou não sempre deve caber a ela e à família”, informa a pediatra.

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No caso de pessoas que não têm como alimentar seu próprio bebê (por exemplo, por uso de substâncias ou de medicamentos prejudiciais ao aleitamento), há duas opções: recorrer aos bancos de leite da cidade ou a alternativas prescritas pelo próprio médico que as acompanha, orienta Rosângela.

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