94% das mães se sentiriam culpadas se não amamentassem seus bebês

As brasileiras estão em primeiro lugar em pesquisa global sobre aleitamento materno, realizada em outros oito países. Veja mais resultados.

Por Nathália Florencio
3 ago 2017, 13h01
 (NiDerLander/Thinkstock/Getty Images)
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Nasce uma mãe e, com ela, a culpa! Pode parecer exagero, mas não é só o instinto materno que desperta quando um bebê chega ao mundo. Muitas mulheres se questionam se estão sendo boas mães e se culpam se resolvem retomar a carreira (ou se decidem ficar em casa), se deixam os filhos com os avós (ou se os colocam na escolinha cedo demais)… Esse sentimento surge, principalmente, na hora do aleitamento materno. Tanto que uma pesquisa global realizada pela Lansinoh Laboratórios, entre os meses de março e maio de 2017, apontou que 94,2% das brasileiras se sentiriam culpadas caso não amamentassem seus bebês.

Além do Brasil, também participaram da análise outros oito países: Canadá, China, França, Alemanha, México, Reino Unido, Estados Unidos e Turquia, que aparece em segundo lugar nesse “ranking da culpa”, com 84% das mães – em último estão as alemãs, com 41,6%.

Infográfico mostra culpa das mães na amamentação
(Lansinoh Laboratórios/Divulgação)

Esses dados revelam muito sobre o comportamento das lactantes no nosso país e ao redor do mundo. Por aqui, as mulheres estão cada vez mais preocupadas em poder oferecer leite materno aos seus filhos. Um número que comprova a importância que as mães têm dado à amamentação é que para 97,4% das brasileiras entrevistadas, o aleitamento é a melhor forma de nutrir uma criança no começo da vida.

Seja pelo acesso à informação, seja por uma assistência maior que as mães têm recebido no pós-parto, há, de fato, uma mudança na quantidade de mulheres que alimentam seus filhos no peito. Um estudo feito por brasileiros e publicado em 2016 na revista The Lancet, renomada publicação científica inglesa, mostrou que, na década de 80, apenas 2% das crianças brasileiras até 6 meses de idade recebiam exclusivamente leite materno; já em 2006, o índice tinha subido para 39%.

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A pesquisa da Lansinoh, realizada com 12.087 mães e gestantes com idade entre 18 e 40 anos – sendo 2001 brasileiras – confirma essa estatística: 36,6% das participantes revelaram que deram de mamar por um período entre 6 e 12 meses.

Se por um lado é possível notar uma conscientização maior a respeito dos benefícios do leite materno para a saúde do bebê, também fica evidente uma cobrança maior por parte das mulheres – o que pode atrapalhar a amamentação, ao invés de ajudar. Isso porque o início do processo, especialmente para as mamães de primeira viagem, não é nada fácil! É a pega que às vezes demora para se ajustar, o peito que acaba rachando, a dor que surge quando o pequeno suga de forma incorreta… E se a mulher se culpa no primeiro contratempo que encontra, pode se desestabilizar emocionalmente – e a ciência já provou que o estresse é um grande inimigo da produção de leite.

Outro dado que demonstra essa ansiedade materna é que, para 37,4% das entrevistadas, o maior medo em relação ao aleitamento é o bebê não conseguir pegar o peito. Na segunda posição, com 30%, aparece o receio de não chegar a amamentar pelo tempo recomendado pelos especialistas. Para se ter ideia, essas duas preocupações estão à frente do medo da dor, que só foi considerado por 12,7% das participantes.

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Diante desse cenário, é necessário enfatizar que o recém-nascido pode, sim, ter dificuldades no começo, mas a mãe precisa ter calma para, aos poucos, encontrar a melhor forma de dar de mamar. E o mais importante: ter a tranquilidade para buscar ajuda, seja do pediatra, de um consultor, da família… Essa rede de apoio fará toda diferença para a amamentação dar certo! Ela é tão essencial que o tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM) de 2017 é “trabalhar juntos para o bem comum”.

Por isso, as lactantes devem ter em mente que os problemas que podem surgir no meio do caminho não são decisivos para o insucesso na amamentação. Há diversos recursos aos quais elas poderão recorrer – da relactação a medicamentos. Essa cobrança toda, portanto, pode ser benéfica apenas no sentido da mulher ter a iniciativa de buscar tudo o que estiver ao seu alcance para oferecer o peito ao filho e alimentá-lo pelo tempo que ainda for prazeroso para mãe e bebê. A culpa só não pode virar julgamento – daí, sim, nenhuma mãe tem nada a ganhar.

 

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