Translucência nucal: o que é e quais valores são considerados normais
Entenda o importante exame realizado na 12ª semana de gravidez que pode apontar para o risco de malformações e alterações genéticas no bebê
O exame de translucência nucal (TN) é um dos mais importantes feitos na gestação para acompanhar o desenvolvimento do bebê, pois pode indicar precocemente alterações cromossomáticas, como a Síndrome de Down, malformações e até síndromes genéticas mais raras.
Ele é feito por meio de ultrassom abdominal, que pode ser complementado por via transvaginal, e deve ser realizado entre 11 semanas e 3 dias e 13 semanas e 6 dias. “O ideal é com 12 semanas”, explica Javier Miguelez, obstetra e especialista em Medicina Fetal do Fleury Medicina e Saúde.
O período tão específico – a 12ª semana – tem um motivo: é durante esse momento que se acumula o líquido no pescoço do bebê, e é justamente a sua medida que o exame avalia. “Acredita-se que esse líquido exista apenas nessa fase da gravidez, porque as conexões entre o sistema linfático e o sistema venoso ainda não se completaram”, aponta o médico. Assim, quando a medida da translucência nucal está aumentada, é provável que haja um atraso no desenvolvimento dessas conexões.
Entretanto, isso não significa, necessariamente, que há uma alteração cromossomática. A medida aumentada é um marcador de risco, mas está longe de ser uma certeza.
Translucência nucal aumentada
“Antigamente, esse exame era considerado alterado quando a medida da TN era maior que 2,5 mm, mas, hoje, nós preferimos interpretar essa medida em função de outros parâmetros, como a idade materna e o comprimento do bebê“, ressalta o especialista. A partir daí, calcula-se um risco, que pode ser classificado como baixo (menor que 1 para mil), intermediário (entre 1 para 100 e 1 para 1000) ou alto (quando é maior que 1 para 100).
Nos casos em que o risco é intermediário ou alto, pode-se fazer um exame complementar chamado NIPT. Ele é não invasivo, já que procura DNA fetal na circulação sanguínea materna e é muito usado para descartar alterações, como a Síndrome de Down.
“Porém, se a translucência nucal estiver muito aumentada, acima de 3,5 mm, só o NIPT não é suficiente para descartar todas as condições genéticas que podem estar associadas”, alerta Miguelez. Nesses casos, ele explica que o mais indicado seria um teste invasivo chamado Biópsia de Vilo Corial. “Ele é realizado com uma agulha por via abdominal, em que se retira uma pequena quantidade de tecido da placenta para fazer estudos genéticos mais complexos”, afirma.
Além disso, situações assim demandam uma avaliação detalhada da formação do bebê, com um ultrassom morfológico bem feito e outro complementar no segundo trimestre, com 20 semanas de gestação, além de uma ecocardiografia fetal (um exame específico do coração da criança).
Por fim, o especialista reforça que a maior parte dos fetos que tem a TN aumentada não apresenta nenhum problema. “Cerca de 97% daqueles que têm uma TN entre 2,5 mm e 3,5 mm são bebês normais”, afirma. Esse proporção diminui conforme a medida aumenta, “mas, na grande maioria das vezes, é apenas uma variação do normal”, finaliza Miguelez.