Pode tomar a vacina da gripe mesmo com sintomas de covid-19?

Especialistas explicam que receber a vacina contra a Influenza ao apresentar sinais do coronavírus pode levar a uma confusão de diagnósticos.

Por Alice Arnoldi
29 abr 2021, 18h07
Coronavírus
 (Volanthevist/Getty Images)
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Enquanto o mês de abril deixava duros vestígios sobre os altos índices do coronavírus no Brasil, no dia 12, o Ministério da Saúde iniciou a tão importante Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza. Até o dia 9 de julho, acontece a primeira fase da campanha destinada a gestantes, bebês acima de seis meses a crianças de até seis anos.

Além do medo de ir até os postos públicos para receber o imunizante devido ao momento pandêmico, outra consequência deste período em que as duas doenças se cruzaram foi a dúvida de tomar ou não a vacina contra a gripe, caso a pessoa apresente sintomas associados à covid-19. Se surgir esta dúvida por aí, as especialistas recomendam que a imunização contra a influenza seja postergada.

Claudia Maekawa Maruyama, infectologista pediatra do Hospital San Gennaro, pontua que é importante que nenhum pico de febre seja registrado por pelo menos 48 horas antes de receber o imunizante. “Isso porque a vacina da gripe não gera nenhum tipo de doença, afinal é um vírus inativado. Porém, ela pode causar febre, o que pode atrapalhar ou confundir o diagnóstico”, esclarece a médica.

A ginecologista e obstetra Laura Penteado, diretora clínica da Theia, também ressalta que, caso a gestante ou criança, esteja sob suspeita de covid-19, ela não deveria ir a um local público como os postos de vacinação para evitar que a doença seja disseminada. Trata-se de consciência social, já que é por meio do isolamento que podemos evitar o contágio.

 

Então, o que deve ser feito?

Ainda de acordo com a obstetra, gestantes devem ficar atentas até mesmo aos sinais mais leves da doença antes de tomar a vacina contra a gripe, como tosse, coriza, dor no corpo e dor de cabeça, de maneira persistente. A partir do terceiro dia dos sintomas, o ideal é que se faça um exame para constatar se a grávida está ou não contaminada pelo coronavírus.

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“Se o teste der negativo, ela pode receber a vacina da gripe. Se for covid-19 positivo, o ideal é que ela acompanhe e espere, pelo menos, 14 dias. Se depois deste período, ela estiver assintomática, pode receber o imunizante. Caso os sintomas persistam, ela deve esperar eles cessarem”, esclarece a especialista.

Já para o público infantil, Claudia alerta que a atenção precisa estar realmente voltada às últimas 48 horas que antecedem a vacina. Caso a criança apresente sintomas que variam desde quadros respiratórios, com tosse, coriza e febre, até dores abdominais e diarréia, não se deve levá-la ao posto de vacinação.

A orientação da especialista é que os pais procurem pelo pediatra, para que ele possa decidir junto aos responsáveis se o pequeno testará ou não para a doença. Além de ser este profissional quem conseguirá dar atenção especializada ao assunto, analisando se o pequeno teve contato com familiares ou outras pessoas próximas com a doença, o que potencializa as chances de ser um caso de covid-19.

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Só não deixe a vacina da gripe de lado! 

A partir do momento que houver a liberação médica para realizar a vacinação contra a Influenza, as especialistas incentivam a ação e descrevem o porquê dela ser tão importante para este primeiro grupo da campanha.

Laura pontua que, a partir do que já se sabe sobre o vírus respiratório, grávidas também são categorizadas como grupo de risco da doença e tendem a desenvolver quadros mais graves, sendo a vacina da gripe fundamental para a proteção tanto da mãe quanto do bebê.

Claudia cita também a relação da vacina com a praticidade do laudo de outras doenças respiratórias. “Justamente por estarmos vivendo um momento pandêmico, se fazemos a vacina contra a gripe, já é uma proteção a mais contra um tipo de vírus e isso nos ajuda também no diagnóstico diferencial. Recebendo o imunizante, sabemos que as chances da pessoa ter a gripe por H1N1 ou suas variantes são muito menores”, enfatiza a infectologista.

Além dos benefícios pessoais, a obstetra ainda reforça a sobrecarga do sistema de saúde brasileiro. Com leitos cada vez mais ocupados pelos pacientes moderados a graves de covid-19, a vacina da Influenza auxilia para que outra doença respiratória não seja mais uma causa para o colapso de hospitais tanto públicos quanto privados.

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