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O que é mecônio e quais são os perigos de o bebê aspirá-lo?

Em alguns casos, a matéria fecal é eliminada ainda dentro da barriga da mãe, o que traz alguns alertas. Entenda!

Por Carla Leonardi
20 abr 2023, 14h45
Grávida segurando a barriga, cuja bolsa acabou de estourar. Ela está em pé, com as pernas afastadas, e há uma mancha de líquido no chão.
 (Malte Mueller/Getty Images)
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Você já deve ter ouvido falar dos riscos do mecônio no parto, mas, afinal, o que isso significa? “Ele é o primeiro ‘cocô‘ que o bebê produz, ainda dentro da barriga da mãe. É um material pegajoso, espesso, verde escuro, formado por uma mistura de células da pele e do intestino (a cor vem da bile), líquido amniótico e outras secreções”, explica Tatiane Boute, ginecologista e obstetra do Fleury Medicina e Saúde.

A médica alerta que, durante a gestação, o bebê produz o mecônio, mas normalmente não o elimina. Porém, a liberação desse “cocô” pode acontecer se houver alguma forma de estresse (multifatorial) que leve à falta de oxigenação do pequeno, o que “pode aumentar a peristalse [movimentação do intestino] e relaxar o esfíncter anal”, diz Tatiane. Segundo a especialista, embora a ultrassonografia permita avaliar a saúde do feto e apontar complicações que possam levar a essa condição, ela não possibilita a observação se houve ou não eliminação do mecônio. “Essa presença geralmente é identificada durante o trabalho de parto, quando a bolsa amniótica se rompe”, aponta.

A bolsa estourou e o líquido está verde: sinal de alerta

Como explica a ginecologista, se o líquido eliminado após o rompimento da bolsa estiver esverdeado, é sinal de que há presença de mecônio. “Pode variar entre um líquido verde clarinho até bem escuro, como se fosse uma sopa de ervilhas”, ilustra. Apesar disso, não há uma indicação imediata de cesariana: “A via de parto vai depender da vitalidade fetal – se o bebê está bem oxigenado, temos segurança de continuar com o trabalho de parto, acompanhando a vitalidade de forma bem rigorosa. Se há sinais de falta de oxigenação, a cesárea pode ser uma via mais segura.”

A questão aqui é o risco de aspiração do mecônio pelo bebê. É por isso que, logo que o pequeno nasce, ele precisa ser avaliado imediatamente por um pediatra e, se for necessário, existe a possibilidade de que ele seja intubado, afirma a médica.

“Em alguns casos, o mecônio que permanece nas vias aéreas do bebê pode ser aspirado durante as primeiras respirações, especialmente se ele tiver nascido com dificuldade para respirar. Quando aspirado para os pulmões, o mecônio pode causar lesões pulmonares, obstrução das vias aéreas e inflamação, reduzindo os níveis de oxigenação”, explica. Esse quadro de angústia respiratória gera a chamada Síndrome de Aspiração Meconial, que pode variar desde casos leves até bem graves, podendo ser fatal.

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(Carolina Horita/Bebê.com.br)

Há propensão para eliminação do mecônio na gravidez?

A pediatra e neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana Clery Bernardi Gallacci explica que, embora a liberação do mecônio intraútero possa ocorrer de forma inesperada, há algumas situações clínicas que são sinais de alerta.

“O avanço da gestação após 42 semanas, por exemplo, pode ser um fator de risco, pois é quando o hormônio intestinal motilina encontra-se em atividade, podendo estimular os movimentos intestinais e a eliminação do mecônio. Já nos casos de asfixia [falta de oxigenação adequada], pode ocorrer estímulo para a peristalse intestinal e relaxamento esfincteriano, o que também colabora para a liberação”, reforça.

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Segundo a especialista, um olhar atento da equipe de saúde para mãe e bebê é imprescindível para diminuir os riscos. “O acompanhamento da gestação durante o pré-natal, a avaliação da idade gestacional e o monitoramento do trabalho de parto permitem a identificação do risco de sofrimento fetal”, alerta.

Por fim, vale lembrar que, depois do parto, a eliminação do mecônio é não apenas normal, mas essencial, afinal, o conteúdo que está armazenado no intestino do pequeno desde que começou a ser produzido, na 10ª semana de gestação, precisa ser liberado. “Ele começa a ser eliminado já nas primeiras evacuações, logo após o nascimento, e vai sofrendo transformação durante a primeira semana de vida para as eliminações líquidas e amareladas, após o recém-nascido receber o leite materno“, finaliza Clery.

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