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Meu filho caiu e bateu a cabeça. O que fazer?

Apesar das quedas de crianças pequenas serem comuns, é preciso ficar atento para entender a gravidade do impacto e saber quando procurar ajuda médica.

Por Isabelle Aradzenka
10 dez 2021, 11h14

O pequeno está aprendendo a andar ou, no caso de crianças maiores, sai correndo pela casa quando, de repente, cai direto com a cabeça ao chão. Só de imaginar a situação, já conseguimos sentir o desespero do momento.

Mas não se deixem levar pelo susto, pais… Acidentes domésticos acontecem, principalmente em períodos em que os pequenos passam mais tempo dentro de casa, como nas férias escolares, e precisamos saber como agir nestas situações. Ainda que a queda ou a própria reação da criança assuste, nessa hora o mais importante é manter a calma para conseguir tratar o hematoma e avaliar a gravidade do impacto.

“É importante lembrarmos que o cérebro é protegido para batidas e para pequenos impactos. A preocupação surge quando, por algum motivo, os mecanismos de proteção dele (as meninges, o líquor e a estrutura óssea) falham e aí o trauma o atinge, podendo levar a algum tipo de lesão cerebral”, explica Christiane Cobas, neurologista do Hospital Sírio-Libanês.

O que fazer depois do tombo?

Caso não haja um corte com sangramento intenso que leve imediatamente ao pronto-socorro, logo após a queda, a neurologista orienta a fazer a famosa compressa de gelo no local da batida, sempre tomando cuidado para que a pele do pequeno não queime, já que é mais sensível.

A compressão ajudará a interromper o sangramento dos vasinhos que foram rompidos no impacto e na formação do “galo”. “Se ele surgir, não tem problema. Isso é um hematoma normal, uma colisão de sangue que depois vai escorrer”, esclarece Christiane.

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Depois de passado o primeiro momento da queda, chegou a hora de avaliar a gravidade da lesão. A neurologista explica que os traumas cranianos podem ser classificados como leves, moderados ou graves e, para que saibamos identificá-los, é preciso prestar a atenção em pequenos sinais que os pequenos possam transmitir através do comportamento.

Fique atento quando….

Os indícios de que o trauma foi grave não aparecem imediatamente, pais. Sendo assim, nas próximas 48 horas após a queda é importante que a criança fique sob vigilância e que os cuidadores se atentem para qualquer sinal de consequência neurológica como:

  • Perda ou alteração do estado de consciência (se o pequeno está acordado e respondendo aos estímulos esperados para a idade);
  • Crises convulsivas;
  • Sonolência excessiva;
  • Vômitos frequentes e em “jato”;
  • Qualquer mudança na resposta motora: a criança está mexendo os braços, as pernas e os olhos normalmente? Responde à dor?

A neurologista ainda esclarece que, diferente do que se acreditava, não é preciso impedir que o pequeno durma após a queda, mas que se deve prestar atenção em sinais de mudança do comportamento deste sono.

“A criança pode sim pegar no sono, mas, se depois do trauma, ela ficou muito sonolenta e está querendo dormir direto, provavelmente é algum grau de inchaço, de edema cerebral, que está causando isso, e aí sim é preocupante”, conta Christiane.

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Na presença de qualquer um dos indícios durante as horas de observação, provavelmente o impacto foi grave e é indicado que a criança seja levada para uma avaliação no pronto-socorro.

Cuidado com os acidentes domésticos!

Os pequenos estão em um processo de desenvolvimento das suas habilidades e aprender a cair é um dos tantos marcos de neurodesenvolvimento deles. Por isso, é tão importante prestar atenção por onde eles estarão andando ou correndo.

“No começo, a criança não tem a reação de colocar o bracinho para se defender de uma queda. Primeiro ela senta, depois ela aprende a defesa para não cair sentada, então, aprende a andar e só após isso é que ela desenvolve a reação de proteção para não bater a cabeça quando cair”, explica Christiane.

Deixar a casa o mais livre possível para que o pequeno possa andar livremente, proteger as quinas dos móveis e até apostar em um piso emborrachado são algumas das soluções para evitar traumas cranianos graves durante as quedas- que, afinal, vão acontecer, é inevitável.

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Ah e, claro, pais, conhecer quais são os problemas mais comuns de acontecerem também é uma forma de prevenção. A neurologista explica que andadores apresentam um grande risco se deixados sozinhos com o bebê, já que pode bater em paredes e virar de ponta-cabeça. E nada de deixar a cadeirinha do bebê em locais irregulares, como uma máquina de lavar, pois também há o risco dela tombar e, assim, causar um traumatismo no pequeno.

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