Grávidas com coronavírus podem desenvolver pré-eclâmpsia, sugere estudo

A pesquisa brasileira alerta sobre gestantes fazerem parte do grupo de risco quando contraem Covid-19 e, por isso, precisarem ser acompanhadas de perto.

Por Alice Arnoldi
6 nov 2020, 16h08
Grávida segurando a barriga, cuja bolsa acabou de estourar. Ela está em pé, com as pernas afastadas, e há uma mancha de líquido no chão.
 (Malte Mueller/Getty Images)
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Estudos continuam a ser atualizados para entender como a infecção causada pelo Sars-Cov-2, responsável pela pandemia do coronavírus, afeta diferentes grupos da sociedade. Um dos mais recentes foi conduzido por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). A conclusão encontrada por eles é de que o vírus é capaz de alterar a forma de agir de, pelo menos, 30 modificadores moleculares em gestantes.

Essa transformação abrupta em como as moléculas deveriam funcionar no organismo na gestação pode ocasionar problemas como a pré-eclâmpsia. O nome que pode parecer estranho resume o medo de muitas grávidas: o aumento da pressão arterial.

O problema tende a aparecer com a chegada da 20ª semana e, quando não é tratado corretamente, pode acabar resultando na eclâmpsia em si durante a reta final da gravidez. O distúrbio é caracterizado pela pressão sempre muito alta, e podendo ser acompanhada de outros sintomas como convulsões, inchaços e trazendo risco de vida tanto para mãe quanto para o bebê. 

Outras pesquisas já mostravam este caminho

A publicação na revista científica Biochimica et Biophysica Acta – Molecular Basis of Disease mostra que o interesse dos pesquisadores por esse recorte sobre a pré-eclâmpsia surgiu após o contato com revisões de estudos que mostravam a relação entre o vírus da Covid-19 com taxas significativas de aborto espontâneo, parto prematuro, morte perinatal e da própria pré-eclâmpsia.

Mais tarde, ainda analisando estudos de janeiro a setembro de 2020, os pesquisadores brasileiros encontraram 14 publicações que relatavam especificamente a associação do coronavírus com distúrbios hipertensivos e/ou pré-eclâmpsia e, ainda, pacientes que desenvolveram as condições enquanto acontecia o curso da infecção respiratória.

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Dentro dos dados citados para explicar a linha da pesquisa, os autores lembram de publicações que mostraram a incidência de pré-eclâmpsia em 15,7% de pacientes que testaram positivo para a Covid-19, comparadas a apenas 9,3% de presença em quem não estava contaminado.

Além disso, há também a evidência de 48,3% de má perfusão vascular fetal em placentas de gestantes com coronavírus, enquanto apenas 11,3% nas que estavam em condições saudáveis – esses números reforçam a relação da infecção respiratória com problemas vasculares, como formação de trombos e a própria hipertensão.

Atenção às grávidas!

Com os números evidentes da relação entre Covid-19 e pré-eclâmpsia, os pesquisadores partiram para a análise dos modificadores moleculares e a descoberta do estudo é um reforço de que grávidas fazem parte do grupo de risco, e precisam ser acompanhadas de perto quando desenvolvem a doença.

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“Gestantes são indivíduos suscetíveis que requerem um cuidado diferenciado durante um surto, principalmente por causa de sua resposta imunológica e fisiológica alterada que aumenta sua suscetibilidade a infecções e outras condições clínicas”, descreve o artigo.

“Nossa análise de dados apoia as evidências indicando que o SARS-CoV-2 pode afetar diferentes vias moleculares relacionadas com doença de pré-eclâmpsia, como angiogênese, hipóxia, sinalização inflamatória, hipercoagulação e desequilíbrio de peptídeos vasoativos. Assim, as grávidas são uma popular maior de risco e vigilância pré-natal para as mulheres com COVID-19 deve ser uma prioridade”, finaliza o estudo.

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