Estudo mostra lesões em órgãos vitais de crianças vítimas da covid-19
Em escala mundial, a pesquisa brasileira é a primeira a realizar autópsias não invasivas para analisar crianças que vieram a óbito devido ao coronavírus.
Com o intuito de desvendar a complexidade da covid-19 em diferentes idades populacionais, estudos científicos mostram-se cada vez mais necessários e vão trazendo, aos poucos, luz para o entendimento da doença. Um exemplo disso é um recente estudo brasileiro em crianças e adolescentes que morreram de coronavírus. Nele, os pesquisadores descobriram como a doença respiratória em seu grau mais grave é capaz de provocar lesões em todos os órgãos vitais (cérebro, pulmões, coração, rins, fígado e baço).
A importante análise foi publicada no periódico científico EClinical Medicine, parte do grupo Lancet, e partiu da avaliação de cinco pacientes entre sete meses e 15 anos por meio de autópsias não invasivas e realizadas com o consentimento da família.
O desenvolvimento de cada quadro infantil
A partir dos dados prescritos nos prontuários do público analisado, a primeira paciente era do sexo feminino e tinha 15 anos. Ela foi internada por apresentar distensão abdominal e ausência de menstruação. Durante o período no hospital, ela foi diagnosticada com carcinoma adrenal (câncer na glândula do rim) e acabou sendo contaminada pela covid-19, com sintomas como febre e tosse.
Mesmo sem a tomografia constatar a típica pneumonia causada pelo Sars-Cov-2, o quadro da adolescente piorou para uma insuficiência respiratória, lesões no rim e também trombose em diferentes veias. Ela veio a falecer cinco dias após o diagnóstico da doença.
O segundo paciente descrito no estudo foi uma bebê de sete meses, que nasceu prematura, com Síndrome de Edwards e mostrava-se mais suscetível à covid-19 por ter problemas cardíacos. A sua internação aconteceu por apresentar congestão nasal, dificuldade para respirar e prejuízo no fluxo da bile, condição chamada de colestase. O seu falecimento aconteceu após 12 dias de internação, com múltipla falência de órgãos e sendo um caso grave de pneumonia causada pelo vírus respiratório.
Já os três últimos citados foram duas crianças de oito anos e uma de cinco, que tinham em comum o sobrepeso e acabaram desenvolvendo o que ficou conhecido como Síndrome Multi-inflamatória Sistêmica associada à Covid-19 ou MIS-C (sigla na língua inglesa). Como o nome descreve, são quadros em que o organismo tem uma reação exagerada ao coronavírus, com diferentes órgãos produzindo substâncias inflamatórias em excesso, o que acaba prejudicando-os.
Como apontado nos casos, os principais sintomas da SIM-P são febre, dificuldade para respirar e problemas gastrointestinais. Já as suas consequências mais graves são paradas cardíacas, lesões renais e acidentes vasculares cerebrais. Inclusive, o quinto paciente descrito na pesquisa chegou a ter até mesmo convulsões devido ao agravamento da infecção respiratória.
E por que este estudo é importante?
A pesquisa realizada em território brasileiro demonstra sua relevância mundial por ser a primeira a estudar por meio de autópsias um escopo de crianças e adolescentes que acabaram falecendo devido à covid-19.
E ainda que o público infantil seja menos suscetível ao vírus respiratório, o estudo ganha destaque por ser o primeiro a conseguir apontar a presença do Sars-Cov-2 nos tecidos cerebral e intestinal, o que reforça que a gravidade do coronavírus está diretamente ligada a sua capacidade acelerada de percorrer o organismo humano e atacar diferentes órgãos ao mesmo tempo.
Em uma entrevista ao Jornal da USP, Marisa Dolhnikoff, coordenadora do estudo, ainda completa que o levantamento de variados sintomas associados à covid-19 é um lembrete à comunidade médica de que não descarte o coronavírus ao investigar quadros infantis.
“As manifestações clínicas diferentes podem dificultar bastante o diagnóstico da SIM-P, por isso, é muito importante que, em crianças com quadro de febre persistente que apresentem quaisquer dessas apresentações clínicas, o diagnóstico de infecção pelo Sars-Cov-2 seja considerado e investigado, para que o tratamento seja iniciado adequadamente”, enfatiza a pesquisadora.
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