Sintomas secundários de coronavírus em crianças também precisam de atenção

Problemas gastrointestinais e pouca secreção nasal podem ajudar os médicos a diferenciar o Covid-19 de outras infecções respiratórias nas crianças.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 2 abr 2020, 14h45 - Publicado em 1 abr 2020, 13h37
coronavírus de massinha criança
 (Volanthevist/Getty Images)
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Ao falar sobre coronavírus em crianças, o posicionamento de especialistas e organizações de saúde é unânime: elas são menos propensas a contraírem a doença e, caso haja o contágio, apresentam sintomas mais leves ou chegam até mesmo a serem assintomáticas – isto é, não demonstram sinais de que estão doentes. Só que, mesmo sendo mais difícil de acontecer, algumas casos infantis estão sendo relatados e a OMS já confirmou mortes de crianças.

Para diagnosticar os casos infantis, especialistas têm apontado manifestações causadas pelo Covid-19 que ajudam a diferenciá-lo de outras doenças.

A pediatra Thais Bustamante, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, ressalta que os principais sintomas da doença continuam sendo febre, dor de garganta, mal-estar geral, e tosse. Só que neste último item a atenção dos especialistas têm sido redobrada. “Temos visto que, em comparação a outros vírus, com o Sars-Cov-2 se tem pouca secreção nasal. Pouca coriza. Portanto, é um diferencial que pode chamar atenção na hora da avaliação da criança. O Influenza, por exemplo, tem muito catarro“.

Outro sintoma apontado pela médica é o incômodo gastrointestinal. “As crianças podem ter principalmente diarreia e dor abdominal e, em um caso ou outro, vômito associado”.

Thais explica que, diferente dos adultos, o organismo das crianças responde de uma forma geral. Isso significa que uma infecção respiratória, como o coronavírus, não vai apresentar obrigatoriamente apenas sintomas relacionados a parte respiratória. Ela pode trazer problemas associados a outras partes do corpo, como desregulação do intestino.

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A especialista lembra do estudo publicado recentemente na Nature, revista científica britânica, em que dez crianças diagnosticadas com SARS-CoV-2 foram analisadas e três apontavam diarreia como sintoma. “É muito comum em um quadro viral, independente de ser coronavírus, você ter esse tipo acometimento nas crianças porque elas respondem como se fosse um todo”.

O estudo também traz a possibilidade da criança não ter a parte respiratória afetada pelo coronavírus, mas ainda ter problemas gastrointestinais. Isso porque das dez crianças, oito tinham material do vírus nas fezes ainda que apresentassem negativo nas amostras respiratórias. 

A Dra. Thais não descarta o caso, entretanto, enfatiza que crianças brasileiras ainda não apresentaram esse quadro, e que não recebeu nenhuma notificação de instituições brasileiras de saúde infantil sobre o assunto. 

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E os outros sintomas secundários?

Além da atenção com os problemas gastrointestinais, pesquisadores da Associação Britânica de Otorrinolaringologia emitiram uma nota sobre pacientes adultos com coronavírus de diferentes países apresentarem perda de olfato e paladar em decorrência da doença.

Ao questionar a otorrino pediatra, Maura das Neves, membro ABORL-CCF, sobre a possibilidade disso acontecer com crianças, ela explicou que por enquanto nenhum caso foi notificado. E que esse sintoma pode ser difícil de ser reconhecido nos pequenos pela dificuldade deles de identificarem o que é ter os sentidos funcionando normalmente ou não. 

“Acredito que as crianças possam ter a perda do olfato e do paladar, porém talvez a percepção delas desse sintoma seja muito complicada. Como que uma criança vai dizer que não está sentindo cheiro? É difícil, principalmente para as menores. Se for uma criança maior, com mais percepção, pode relatar. Mas, por enquanto, esse sintoma tem sido apontado apenas na população adulta”, enfatiza a médica.

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O mesmo é defendido pela pediatra Thais. “Falar da falta de paladar, de cheiro é muito difícil para uma criança. Vai depender da idade dela, do grau de entendimento e de percepção, para ela poder relatar isso como um sintoma. Portanto, isso passa a não ser um dado tão importante na hora da coleta de informação de um pediatra frente a uma criança com outros sintomas”, finaliza.

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(Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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