Coronavírus: o que dizem os estudos sobre vacinas em gestantes e lactantes

Ainda que preliminares, as primeiras pesquisas realizadas com estes grupos de mães indicam resultados positivos sobre a vacinação contra o covid-19.

Por Ketlyn Araujo
Atualizado em 24 mar 2021, 18h39 - Publicado em 24 mar 2021, 18h36
Frasco de vacina com imagem de coronavírus ao fundo
 (Chanikarn Thongsupa/Raw Pixel)
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Estudos divulgados no mês de março chamaram atenção da comunidade médica e indicam bom sinal para gestantes e lactantes sobre a vacinação contra a covid-19.

Apesar de preliminares, os resultados mostram que alguns dos imunizantes em uso ao redor do mundo, como os desenvolvidos pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna, são seguros tanto para grávidas quanto para mulheres que estão amamentando. Nos Estados Unidos, vale lembrar, mais de dez mil grávidas já haviam sido vacinadas contra a covid em fevereiro passado, a maioria delas profissionais de saúde, que não apresentaram complicações após a aplicação da vacina.

Gestantes e as vacinas contra a covid-19

Publicado no banco de dados de pré-impressão medRxiv no último dia 8, um estudo realizado pela Universidade de Harvard em parceria com o Hospital Geral de Massachusetts (EUA), reuniu um total de 131 mulheres, sendo 84 delas grávidas, 31 lactantes e 16 não-grávidas, para avaliar a eficácia das vacinas da Pfizer e da Moderna, ambas desenvolvidas com a tecnologia inédita de mRNA ou RNA mensageiro. Durante o período analisado, 13 dessas mulheres grávidas chegaram a dar à luz, o que permitiu que o sangue do cordão umbilical também fosse investigado em 10 delas.

Excluídas dos ensaios iniciais dos imunizantes, grávidas e lactantes agora passaram a ser testadas e os resultados mostraram que as respostas imunológicas induzidas pelas vacinas foram equivalentes nos dois grupos quando comparadas às mulheres que não estavam grávidas. E mais: os anticorpos gerados pela vacina estavam presentes em todas as amostras de sangue do cordão umbilical e de leite materno encontradas.

Dessa forma, foi constatado que as vacinas foram responsáveis por uma produção expressiva de anticorpos tanto nas gestantes quanto nas lactantes – a análise abrangeu o período anterior à aplicação dos imunizantes, posterior à segunda dose e entre duas a seis semanas após a segunda dose no pós-parto. De acordo com o estudo, os anticorpos decorrentes da vacina são capazes de passar da mãe para o bebê através da placenta e do leite materno, garantindo certa carga de proteção tanto ao feto quanto ao recém-nascido. Ainda não se sabe quanto tempo, porém, essa proteção pode durar.

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Apesar disso, o estudo ainda precisa ser revisado por pares para confirmar o resultado positivo. É preciso, ainda, ressaltar que o material em questão não abrange as vacinas que estão sendo usadas no momento no Brasil, como a CoronaVac (feita com o vírus inativado) e a de Oxford/AstraZeneca (adenovírus). Foi considerada apenas a escolha da Moderna e da Pfizer pois essas eram as únicas vacinas com autorização de uso emergencial nos Estados Unidos até o momento do estudo.

Gestantes brasileiras, portanto, devem ter cautela e continuar com a proteção contra o vírus, por meio do distanciamento social, uso de correto de máscaras e álcool em gel e higiene das mãos. Já as grávidas que fazem parte de grupos prioritários de vacinação no Brasil, como as profissionais da saúde, devem consultar o médico especialista antes de optarem ou não por tomar a vacina.

E no caso das lactantes…

Mãe-amamentando-filho-recem-nascido
(Georgijevic/Getty Images)
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Um outro estudo, realizado em Israel e também publicado no medRxiv em 8 de março, mostrou que as mesmas vacinas, da Pfizer e da Moderna, foram capazes de desencadear a produção de anticorpos no leite materno, sem que isso prejudicasse as mulheres que foram imunizadas.

Isso quer dizer que o líquido da vacina em si não foi capaz de passar para o leite produzido pela mãe através da amamentação, mas que os anticorpos presentes nele sim. O dado é relevante pois mostra o quanto a vacinação de lactantes é significativa.

“Mostramos aqui que o mRNA das vacinas anti-COVID BNT162b2 (Pfizer) e mRNA-1273 (Moderna) não é detectado em amostras de leite materno humano coletadas entre 4 e 48 horas após a vacina. Esses resultados reforçam a recomendação da ABM e da OMS de que lactantes que recebem a vacina anti-COVID-19 baseada em mRNA devem continuar a amamentar seus bebês sem interrupção”, informa a pesquisa.

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Mais uma vez, é preciso que o estudo de Israel seja revisado por pares e que as demais vacinas em curso também sejam analisadas em gestantes, lactantes, crianças e bebês.

Ainda estão em curso os estudos que prometem avaliar a eficácia das vacinas Coronavac e de Oxford para com as gestantes e lactantes. Estamos de olho!

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