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Entenda os sinais de prisão de ventre em crianças pequenas e como evitá-la

Especialistas explicam que é preciso revisitar a alimentação, hidratação e até a movimentação física dos pequenos para contornar casos de constipação.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 15 abr 2021, 18h45 - Publicado em 15 abr 2021, 18h30
Criança-sentada-na-privada
 (Arte: Victoria Daud/ Foto: Isabel Pavi/Getty Images)
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O desfralde é uma jornada desafiadora, mas também de muitas recompensas ao ver o filho criando a própria independência e sendo capaz de reconhecer quando é hora de ir ao banheiro. Com a criança desenvolta, estabelecendo uma rotina em que consegue fazer o “número dois” com tranquilidade na privada, ela pode acabar se deparando com um problema que também afeta os adultos: o intestino preso.

No conhecimento popular, a prisão de ventre é definida pelo estado de não conseguir defecar, mas esse critério acaba não sendo muito claro para os menores, já que cada organismo infantil age de uma maneira. Por isso, a pediatra Jéssica Dantas, especializada em nutrição pediátrica da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP), explica que se estabelece a média de que a criança evacue diariamente ou a cada dois dias. Entretanto, caso ela comece a apresentar uma frequência menor do que essa, levanta-se a hipótese de constipação.

Com a suspeita do caso a partir da ausência de evacuação, Fernanda Noronha, especialista em gastroenterologista pediátrica, esclarece que é fundamental os pais observarem outros sinais que reforçam a possibilidade de prisão de ventre. São eles:

  • Fezes com formato chamado popularmente de “bolinha de cabrito” (pequenas e duras)
  • Sangue no papel ao limpar o ânus após a evacuação
  • Dores abdominais intensas ao tentar ir ao banheiro
  • Medo de tentar evacuar, demonstrando um comportamento retentivo

Preste atenção no comportamento do seu filho! 

Entre os quatro indícios citados acima, o último precisa ser revisto com cuidado pelos pais. Caso a criança tenha passado por uma experiência negativa de prisão de ventre, em que ela sentiu dor até conseguir expelir as fezes, ela pode associar a ida ao banheiro a algo ruim. Desta maneira, ela passa a segurar o coco, ainda que ele esteja pastoso e que, ao sair, não causaria nenhum incômodo.

A pediatra Juliana Obrownick Okamoto Ueta, do pronto-socorro de pediatria do Hospital Santa Catarina, cita que as maneiras do pequeno reter as fezes podem ser várias. Por exemplo, ele pode simplesmente chorar de medo, deitar e cruzar as pernas ou ainda sair correndo para não ir ao banheiro. 

“Costumam-se passar meses ou até mesmo anos para que a família reconheça que existe um problema ali, pois a criança vai evoluindo aos poucos para uma retenção que pode durar de dias até semanas sem evacuar. E, infelizmente, esse processo tende a não melhorar apenas com correção da alimentação e hidratação, sendo necessário acompanhamento com medicação e um trabalho comportamental”, detalha Jéssica.

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Por isso, ao perceber o primeiro sinal de retenção, Fernanda orienta que os pais criem o hábito de levar a criança até o vaso sanitário logo após as principais refeições do dia, como almoço e jantar. “Assim que acabamos de nos alimentar, acontece o chamado reflexo gastrocólico, em que ao mesmo tempo que entra comida, o intestino tende a esvaziar o que está no final. Essa manobra pode ajudar o paciente a evacuar sem precisar de medicação”, esclarece.

O que fazer caso seu filho esteja com o intestino preso

Criança bebendo água direto de uma garrafa plástica grande.
(Khatawut Chaemchamras / EyeEm/Getty Images)

Além de manobras específicas para incentivar a ida ao banheiro, é necessário que os pais revisitem a alimentação e a hidratação da criança para corrigir os erros primários que levam à constipação. “É preciso haver uma ingestão equilibrada tanto de água quanto de fibras”, enfatiza Fernanda.

A especialista gastrointestinal ainda orienta que, para uma boa regulação do intestino da criança, a conversa não é sobre restrição alimentar. Mas comer moderadamente o que causa mais constipação, como industrializados, e introduzir mais legumes, verduras e frutas ao cardápio do pequeno. E, sempre que possível, optar pela versão integral de alimentos como arroz, macarrão, e pão.

As bebidas também contam e muito na hora da evacuação. Para a faixa etária entre cinco a seis anos, Fernanda explica que o recomendado é de mais de 1,5L de água por dia e é importante que ela não seja substituída por similares, como sucos, chás e até refrigerantes. “Trocar completamente a água por eles é muito maléfico, porque alguns contém substâncias que podem, inclusive, retardar o esvaziamento do intestino e piorar ainda mais a constipação”, completa a especialista.

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Vamos movimentar o corpo? 

Pela prisão de ventre ser um problema multifatorial, a falta de movimentação física infantil pode contribuir para a situação. Só que diferente dos adultos, a ideia não é criar uma rotina intensa de exercícios físicos, mas incentivá-las a usufruir de brincadeiras e outras diversões que envolvem mexer os músculos – inclusive os que compõem o próprio intestino.

“Fazer exercícios é importante para a saúde física e mental da criança. A atividade física melhora os movimentos intestinais e o tônus muscular de pelve e abdômen”, esclarece Juliana.

É hora de procurar ajuda médica!

Se mesmo com os cuidados voltados à alimentação, hidratação e movimentação do corpo, o pequeno continua a apresentar sintomas de intestino de preso, é importante que os pais procurem ajuda médica. Só que pela atual condição da pandemia causada pelo coronavírus, a orientação da pediatra da BP é que os responsáveis pela criança entrem em contato primeiro com o pediatra.

“A procura pelo pronto-socorro deve ser realizada apenas em caso de impossibilidade de avaliação ambulatorial ou criança com dor abdominal importante e sem evacuação há mais do que 7 dias, quando talvez, seja indicado nesse caso uma desimpactação fecal, ou seja, uma lavagem intestinal”, esclarece Jéssica.

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