O entusiasmo de trazer o pequeno para casa às vezes vem seguido de algumas incertezas, principalmente quando notamos mudanças em seu corpinho que não sabemos bem como lidar ou se são esperadas para a idade. A descamação de pele é uma delas que, embora possa causar estranheza, é bastante comum entre a primeira e terceira semana de vida do recém-nascido.
As áreas mais afetadas são mãos, pés e tornozelos e a condição costuma atingir mais os bebês que nascem perto das 40 semanas, como afirma a pediatra e doutora pela FMUSP Elisabeth Fernandes. “Já os prematuros ou nascidos entre 37 e 38 semanas não descamam ou descamam menos”, comenta.
Mas por que a pele do recém-nascido descama?
A causa é incerta, mas a especialista levanta algumas possibilidades. A primeira delas tem relação com a estadia de nove meses do bebê em meio líquido, dentro do útero da mãe. “Ao sair da barriga, a pele da criança é muito sensível e acaba apresentando essa descamação fina, como se fosse uma troca de pele”, esclarece a doutora.
Outras vezes, a descamação pode ser motivada pela retirada muito precoce do vérnix caseoso (foto acima) – nome dado a uma camada protetora presente na pele do bebê ao seu nascimento – através do contato com a água, por exemplo. Essa espécie de verniz hidrata a pele, protege-a contra ressecamento, impede a entrada de bactérias, facilita a saída do pequeno no canal de parto e até ajuda em sua imunidade.
Pelos tantos benefícios desta superfície, o mais recomendado é que os pais esperem pelo menos 24 horas para dar o primeiro banho no filho. Outro cuidado importante é manter a hidratação com produtos infantis hipoalergênicos, sempre de acordo com a indicação do pediatra. Veja mais precauções com a pele do bebê.
Descamação normal ou problema de pele?
Descamação fina, sem sangramento e sem deixar a pele vermelha ou machucada? Então estamos falando de uma condição normal, que deve desaparecer depois de poucas semanas. Já se o probleminha surgir desde o nascimento do pequeno, Elisabeth destaca que é necessário investigar. “Uma das possibilidades é uma doença congênita chamada ictiose, que gera ressecamento e descamação em excesso”, lembra a médica.
Os pais também devem ficar atentos à duração e ao aspecto da condição. “Ela pode indicar algo mais grave se não melhorar com um mês de vida – continuando muito intensa até o fim desse período-; se ficar com áreas avermelhadas; se formar uma crosta ou vesícula – que são pontos ou ‘bolhas’ com água dentro -; e se a descamação vier acompanhada de pus”, alerta a pediatra.