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É verdade que criança pode ter acne?

Sebinhos no rosto antes da adolescência acendem um alerta em mães e pais. A boa notícia é que a maioria dos casos é benigna e não precisa de tratamento

Por Raquel Drehmer
29 out 2020, 18h18

Quando queremos elogiar a pele de alguém, uma das expressões mais comuns que usamos é “parece pele de bebê!” (com a variante “parece pele de criança!”). Nada mais natural: normalmente, os rostinhos dos pequenos são lisinhos e macios ao toque.

Só que, como muitas mães relatam em grupos de trocas de dicas de maternidade, em alguns casos bolinhas e sebinhos surgem principalmente na testa, no nariz e nas bochechas de crianças pequenas e até de recém-nascidos. Será acne, mesmo tão longe da adolescência e seu esperado “estouro” hormonal?

Na prática, o problema é considerado acne infantil, embora “apesar do nome, não se trate exatamente de acne”, como destaca Adriana Vilarinho, médica dermatologista e autora do livro “Beleza à Flor da Pele” (Ed. Abril). Ela explica que o que ocorre é uma manifestação de pus benigna e autolimitada, ou seja, que se cura sem necessidade de tratamento.

Já a acne, de acordo com a definição da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), é uma “condição de pele que ocorre quando os folículos capilares são obstruídos por óleo e células mortas da pele”.

As causas da chamada acne infantil são variadas. Entenda melhor!

(Media Trading Ltd/Getty Images)

Acne no recém-nascido

Quando as bolinhas aparecem nos primeiros meses de vida do bebê, a origem é o estímulo das glândulas sebáceas por hormônios maternos que permanecem no organismo dos pequeninos e aos poucos são liberados. Podem também ser os hormônios do próprio recém-nascido se ajustando.

A médica dermatologista Juliana Toma explica que alguns artigos recentes sugerem haver a relação de um fungo chamado Malassezia furfur com a condição, mas isso não é motivo para preocupação. “A maioria dos casos de acne neonatal não requer tratamento. É um quadro benigno e as lesões desaparecem espontaneamente dentro de um a três meses e não deixam cicatriz”, afirma.

Acne depois do período neonatal

Quando a acne surge na pele das crianças depois do sexto mês de vida e até os três anos de idade, aproximadamente, a causa pode ser um distúrbio hormonal ou o uso crônico de medicamentos como corticoides.

O excesso de filtro solar também pode causa quadros transitórios de acne infantil. Então fica a dica: proteja a pele das crianças, mas não precisa besuntar os rostinhos!

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O fator alimentar

Além das questões hormonais, medicamentosas e relacionadas ao uso de produtos tópicos, a pele do bebê ou da criança pode ser o “canal de alerta” para as alergias alimentares. Só que, por se manifestarem com lesões avermelhadas, como esclarece Juliana, elas às vezes acabam sendo confundidas com acne infantil.

A dica aqui é prestar atenção aos sintomas relacionados. “Podem ocorrer inchaços nos olhos, nos lábios e na língua, associados a coceira intensa”, esclarece Juliana, que complementa: “Normalmente, as lesões surgem após a ingestão do alimento.”

E, claro, é importante conversar com o pediatra que acompanha o desenvolvimento da criança ou consultar um especialista tão logo seja possível.

Como tratar a acne infantil?

Geralmente, basta esperar passar. Mas, em casos de lesões persistentes, a consulta ao médico dermatologista é essencial. Apenas esse especialistas poderá avaliar se há distúrbio a ser tratado ou medicamento a ter a dose ajustada.

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E aqui vale a mesma regra que temos para nós, adultos: nada de cutucar! Esse hábito pode causar infecções bacterianas secundárias.

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