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É seguro viajar com os filhos neste momento da pandemia do coronavírus?

O cenário pandêmico divide a opinião dos especialistas e pede cuidados específicos caso a família decida viajar para cidades próximas.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 14 jan 2021, 19h28 - Publicado em 29 ago 2020, 10h00

Após meses de isolamento social para a contenção dos casos de coronavírus no Brasil, a flexibilização tem trazido questionamentos entre os pais. Enquanto, em algumas cidades, não chega o momento desafiador de decidir  sobre o retorno das aulas, muitas famílias que estão em quarentena dentro de casas ou apartamentos com crianças pequenas têm cogitado escapes para lugares com mais espaço ou viagens para sair da rotina.

O desejo de que o pequeno possa estar em contato com a natureza e tenha mais campo para brincar traz, no entanto, o conflito de ser uma decisão segura ou não. E a verdade é que o atual cenário pandêmico divide as opiniões dos especialistas.

Para a pediatra intensivista Fabíola La Torre, infectologista pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, viagens só devem ser cogitadas se forem estritamente necessárias. “Sair durante a pandemia não é algo que devemos pensar, a não ser que seja uma coisa que precisa ser feita”, reforça a especialista.

Já para Marco Aurélio Palazzi Safadi, coordenador do Serviço de Infectologia Pediátrica do Sabará Hospital Infantil, o deslocamento pode ser seguro se o destino for um local em que ficará apenas a família que já estava em isolamento e o objetivo for descansar em um ambiente confortável física e emocionalmente para a família.

“O momento que vivemos é particular. O vírus está circulando e evidentemente o risco está em qualquer lugar. Mas estar em uma casa, ao ar livre, com a sua família é um local seguro”, explica o pediatra.

O mesmo é seguido por Rosana Richtmann, infectologista chefe do Serviço de Infecção Hospitalar do Hospital e Maternidade Santa Joana. “É saudável, necessário, pois estamos falando de quase seis meses de quarentena e isso tem impacto na saúde das crianças e na vida emocional de pais e filhos. Porém, é preciso tomar alguns cuidados”, pontua a médica.

Dê preferência para viagens de carro

A regra de quanto menos aglomeração, melhor, continua. Por isto, o conselho dos pediatras é priorizar viagens que possam ser feitas com o carro da família, evitando ônibus e aviões. E como já falamos, é essencial que o grupo que vai viajar seja composto por aqueles que já estão juntos em isolamento.

“Quanto menos pessoas estiveram com essa família, menor vai ser o risco. Se eles ficarem sozinhos ou no máximo com outro familiar, formando a bolha deles, é uma garantia de segurança”, esclarece Marco Aurélio. Por enquanto, nada de convidar os amiguinhos dos pequenos ou outras pessoas, já que não temos como ter certeza se tiveram ou não contato com o vírus.

Durante a viagem, é importante que a família evite fazer paradas. Mas se for necessário para levar a criança ao banheiro, por exemplo, o foco é: sair do veículo, ir ao sanitário, fazer a higienização das mãos e voltar. Neste momento, Rosana pontua que se os pais puderem colocar uma proteção nas vias respiratórias dos pequenos, com constante supervisão, pode ser uma opção. Lembre-se de levar snacks e lanches para consumir dentro do carro, uma vez que isso também ajuda a diminuir as paradas para refeições.

Como está a cidade para onde vocês vão?

A escolha do destino também é essencial. A infectologista do grupo Santa Joana orienta os pais a checarem qual é a situação da cidade em que planejam ir. “É bom sempre ver como está a área que você está se deslocando para saber se está tudo certo. Na minha opinião, se estiver na fase amarela para cima, tudo bem. Se estiver na fase laranja e vermelha, óbvio que não”, pontua Rosana.

Quanto mais planejamento, melhor

E se organizar o cronograma da família já era importante antes, em tempos de coronavírus é ainda mais. Rosana explica que o ideal é levar os itens necessários para evitar saídas neste período em que ficarão hospedados no destino da viagem.

Entretanto, Marco Aurélio lembra que se for um longo período de estadia, levar toda o suprimento não é viável (o que reforça a importância de saber a condição pandêmica do destino). Neste caso, as recomendações para ir ao mercado são as mesmas de quando outros serviços essenciais precisam ser frequentados: dê preferência para um único adulto ir, com máscara facial e higienização correta no retorno para casa. Refeições em restaurantes e passeios por lugares públicos ou turísticos também devem ser evitados.

Se tiver sintomas, não vá!

Fabíola reforça que é importante a família analisar se alguém está com sintomas de síndrome gripal, se tiveram contato com alguém que está ou se é um caso confirmado de coronavírus.

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Caso a resposta seja sim para uma dessas possibilidades, viajar fica ainda mais arriscado. A criança acaba distante do pediatra para uma consulta de emergência, não se sabe qual é o hospital mais próximo para casos mais graves e, claro, o vírus pode ser levado para outras pessoas caso a família necessite sair. A pandemia nos mostrou que os planos precisam ser revistos e este caso é um deles!

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