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E se meu filho tomar a vacina e descobrir que estava com Covid-19?

Especialistas explicam se receber o imunizante estando infectado provoca mais efeitos colaterais e como os pais devem proceder nestes casos.

Por Flávia Antunes
10 fev 2022, 17h50

A tão esperada vacinação infantil contra Covid-19 não só é realidade, como é obrigatória pela legislação brasileira, a fim de proteger os menores da doença pandêmica.

Contudo, conforme orienta o Ministério da Saúde, o imunizante não deve ser aplicado caso a pessoa esteja infectada pela doença. O cenário só não considera um empecilho: muitas crianças são assintomáticas, e podem acabar descobrindo que estão com o novo coronavírus após receberem a “picadinha”.

Conversamos com especialistas em infectologia e imunização infantil para entender como os pais devem proceder nestes casos e se o filho corre maiores riscos de desenvolver efeitos colaterais depois da vacinação. Confira:

Por que não pode tomar a vacina com suspeita de Covid-19?

São duas principais explicações, e a primeira delas diz respeito à confusão que os sintomas da criança podem causar. “Sinais como febre, dor local, dor de cabeça e mal estar são efeitos adversos da própria vacina”, aponta Melissa Valentini, infectologista do Grupo Pardini.

“Eles podem fazer com que tenhamos dificuldade de entender o que é reação do imunizante e o que é sintoma da Covid-19. Portanto, não se deve tomar nenhuma vacina com quadro infeccioso ativo”, completa a médica.

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A segunda justificativa tem relação com a atividade do sistema imune, que já estaria trabalhando para produzir anticorpos e células de defesa. “Existe uma possibilidade teórica do corpo estar utilizando todo o maquinário imunológico para combater a doença, e acabar não reagindo de maneira adequada à vacinação”, explica o pediatra, alergista e imunologista pediátrico André Manso.

E se a criança for assintomática e descobrir depois de tomar a vacina que estava infectada?

É natural que essas situações aconteçam no momento de pandemia que estamos vivendo, principalmente com a alta taxa de transmissão da variante ômicron.

Inclusive, André revela que este cenário, de tomar a vacina e descobrir que estava com o vírus, é comum mesmo em estudos científicos – e neles não há comprovação de que o contágio pela Covid-19 junto com o imunizante traga maiores riscos para a criança.

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Nestes casos, a indicação é seguir o mesmo protocolo de um caso de infecção pelo novo coronavírus: isolamento, que pode variar de 10 a 14 dias, e atenção aos sinais de gravidade, como falta de ar, manchas na pele, diarreia muito intensa, febre persistente e piora do estado geral. “Na dúvida, entre em contato com o médico da criança e faça uma avaliação”, recomenda o imunologista.

A vacina provoca reações mais graves na criança infectada?

Adulto limpando o nariz de uma criança com lenço de papel. Ambos são brancos, a criança tem por volta de 1 ano e meio. Do adulto, só é possível ver os braços.
(Halfpoint/Getty Images)

Até então, os efeitos colaterais da vacina em crianças costumam ser brandos. Mas, e se o pequeno estiver com o novo coronavírus, será que o perigo aumenta?

“Não existem dados que digam que os efeitos adversos da vacina sejam maiores na pessoa infectada”, responde o pediatra. Ele explica que as reações da vacina – em sua maioria febre, dor local, dor de cabeça e mal estar – são muito mais leves que as provocadas pela Covid-19 e, quando aparecem, tendem a durar no máximo 24 horas.

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Além disso, a preocupação de que haja uma piora da doença não se justifica do ponto de vista imunológico. “O contágio e o imunizante são mecanismos muito diferentes; As vacinas não usam vírus vivos ou inteiros, mas sim o seu RNA”, detalha André.

Receber o imunizante estando com a doença reduz o poder imunológico da vacina?

Outra preocupação comum não só entre os pais, como na população geral, é que receber o imunizante estando doente possa reduzir a sua eficácia em proteger contra o vírus.

Novamente, o imunologista tranquiliza dizendo que esta é uma possibilidade teórica, mas que não há estudos científicos que constatem a ocorrência.”Na verdade, haverá um estímulo maior, uma maior produção de anticorpos”, comenta Melissa.

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A infectologista ainda acrescenta que não há a necessidade de tomar a vacina de novo caso a pessoa tenha se imunizado quando estava com coronavírus, inclusive porque a vacina produz uma resposta imunológica muito mais duradoura e efetiva do que a própria infecção pelo vírus.

“Então, se acontecer, não é preciso se preocupar com uma dose adicional, apenas seguir o calendário vacinal”, pontua. Mas vale a recomendação: depois de notar o quadro infeccioso no pequeno, é preciso esperar 30 dias para levá-lo até o postinho de vacinação.

Cuidados antes da vacinação

Com tantas variantes que dificultam o diagnóstico preciso da Covid-19, como a possibilidade da criança não apresentar sintomas ou estar com alguma outra doença respiratória com sinais parecidos, receber o imunizante estando infectado é um cenário bastante possível – como já sinalizaram os médicos.

Para prevenir, os pais devem ficar de olho nos sinais mais típicos do novo coronavírus em crianças, como tosse, nariz escorrendo e diarreia. “Se o seu filho apresentou esses sintomas nos últimos 15 dias, vale a pena avaliar e testar, tanto para ter um diagnóstico definitivo quanto para definir a programação para a vacina”, aponta André.

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Mesmo se o pequeno estiver aparentemente bem, deve manter o isolamento e não ser imunizada caso tenha entrado em contato com alguém com diagnóstico de Covid-19. Além disso, um último cuidado da família deve ser de verificar a carteirinha de vacinação da criança para evitar a concomitância entre alguns imunizantes, já que nem todos podem ser recebidos juntos.

“Existem algumas vacinas que precisam ser aplicadas individualmente, como a da febre amarela e as de vírus vivos inativados, como sarampo, caxumba e rubéola“, esclarece o pediatra. Você pode aplicar as vacinas no mesmo dia (como a da Covid-19 e do sarampo) mas, depois disso, é preciso esperar 28 dias para aplicar qualquer outra”, completa.

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