Cuidados importantes na hora de usar álcool em gel em crianças

Especialistas alertam uso excessivo do antisséptico, mesmo em casos em que há água e sabão disponíveis para lavar as mãos dos pequenos.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 24 jul 2020, 14h03 - Publicado em 23 jul 2020, 17h30
Mãos adultas colocando álcool em gel em mãos infantils
 (Marko Geber/Getty Images)
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Junto com as orientações de distanciamento social e uso de máscara, as medidas de higiene foram reforçadas para o combate do novo coronavírus. Além da lavagem correta das mãos com água e sabão, o álcool em gel também entrou no radar dos pais, já que crianças tendem a colocá-las na boca com frequência para explorar o mundo. E é exatamente por isso que é preciso de atenção redobrada ao fazer uso do antisséptico nos pequenos.

Como explica a médica Clarissa Prati, assessora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a recomendação inicial era que produto fosse usado apenas em crianças a partir dos três anos. Entretanto, o atual cenário é outro. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que se utilize álcool em gel desde as fases mais precoces da vida em virtude da pandemia do coronavírus”, aponta.

Só que este uso precisa ser conduzido pelos adultos com alguns cuidados. O primeiro deles é lembrar que água e sabão são essenciais na prevenção contra o vírus. “Lavar as mãos por um período de 20 segundos, com a quantidade de sabão e técnicas adequadas, é o suficiente para higienizá-las e exclui a necessidade de aplicar o álcool em gel”, reforça Clarissa.

Não pode esquecer entre os dedos, a parte de cima das mãos, embaixo das unhas e punhos, ok? Para ensinar os pequenos sobre a importância do processo e deixá-lo mais interessante, vale apostar nos personagens queridinhos da criançada que ganharam músicas, com passo a passo, de como fazê-lo. Aqui listamos os desenhos que podem ajudar os pequenos na tarefa! 

Mas e se precisar usá-lo?

Caso a saída de casa seja inegociável, como ir à consulta do pediatra, é importante que o item seja levado na bolsa para higienizar as mãos da criança quando não houver acesso à água e sabão.

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Na hora de aplicá-lo, Thais Bustamante, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), alerta os pais para que não deixem a criança sair de perto até que o álcool seque. “É preciso monitorar para que ela não coloque imediante a mão nem na boca, para não ter na ingestão, e nem nos olhos, para não ter queimadura”.

A especialista também explica que, caso o produto seja usado várias vezes ao dia e a criança crie o costume de levar a mão à boca ainda úmida, ela pode vir a apresentar sinais semelhantes aos de adultos que ingeriram bebida alcoólica – como tontura, sonolência, mudança de comportamento e até mesmo fala mais arrastada.

Atenção às queimaduras!

Já em contato com os olhos, o álcool em gel pode ocasionar irritabilidade da conjuntiva (parte branca do olho), com sinais de ardência, vermelhidão e ficar lacrimejando, além da possibilidade de, em casos mais graves, acontecer a queima da região.

Independente da situação, Thais recomenda que os pais enxaguem o local com bastante água corrente. “E se eles perceberem que a criança está com dificuldade de abrir os olhos, ou ficaram vermelhos e estão desconfiados de algo ter acontecido, o ideal é conversar com o pediatra ou ter uma avaliação do oftalmologista”, esclarece a médica.

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Além de segurar as mãos das crianças até que elas sequem, outra recomendação de Daniela Piotto, pediatra do Fleury Medicina e Saúde, é que os frascos de álcool em gel estejam sempre longe do acesso dos pequenos e que o adulto ministre a quantidade necessária.

E se fogões já recebiam atenção redobrada dos pais por medo dos acidentes domésticos, é preciso ficar ainda mais longe deles com o uso do álcool em gel. Há o equívoco de que, por não ser o líquido de 96%, não há perigo de pegar fogo. Entretanto, o álcool 70% ao ser esquentado pode facilmente ocasionar queimaduras na pele.

Daniela explica que este tipo de acidente é chamado de “queimadura em luva”, porque além de atingir as mãos, ela pode chegar também até os pulsos, já que a orientação é de que eles também sejam higienizados contra o coronavírus.

Com esse cenário, a médica reforça outra vez: “O uso de álcool em gel é apenas uma alternativa de quando você não puder lavar com água e sabão – quando estiver fora de casa, em um local que não tem uma pia acessível, por exemplo”.

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A pele também precisa de cuidados

Para as mãos, o uso excessivo do álcool em gel pode resultar também em irritabilidade. Neste caso, a dermatologista Clarissa aponta sinais como coceira, vermelhidão e ressecamento do local.

Se essa for a situação do pequeno, o primeiro cuidado deve ser o de suspender o uso do produto e partir para a hidratação intensa das mãos, com substâncias mais gordurosas para renovar a barreira de proteção da pele.

“O que se vê na prática é um abuso do uso do álcool em gel, o que acaba levando a esses quadros de irritação no local, mas que são temporários. Quando se orienta a hidratação adequada e o uso do produto somente em ambientes externos e em quantidades pequenas, isso tende a se resolver”, complementa Clarissa.

A especialista também tem pedido cautela maior para os pais com filhos que já possuem algum tipo de reação alérgica, como dermatite atópica ou de contato, pela possibilidade de desenvolverem com mais facilidade a irritabilidade pelo álcool em gel.

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