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Cesárea: o que é comum e o que não é usual durante a cirurgia

Anestesia da cintura para baixo, acompanhante, profissionais próximos à cabeça da grávida… Entenda o que é ou não normal neste tipo de procedimento

Por Vanessa Gomes
27 jul 2022, 16h04
mulher deitada na cama em uma sala de cirurgia segura um bebê no colo. Ao lado dela, está um homem
 (Yuri_Arcurs/Getty Images)
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Uma cesárea necessária pode salvar vidas: a da mãe, a do bebê ou ambas, dependendo do caso. No Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 84% dos nascimentos acontecem por via cirúrgica, embora a taxa recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) varie de 10 a 15% – isso porque o procedimento, apesar de bem conhecido, traz mais riscos em comparação ao parto vaginal e precisa ser indicado corretamente.

Além dos riscos médicos, comuns a qualquer cirurgia, as mulheres têm mais um medo acrescentado à lista, o do abuso. Recentemente, no Rio de Janeiro, enfermeiras conseguiram filmar um anestesista estuprando uma paciente sedada durante a cesárea, enquanto dava à luz seu bebê.

Com toda a indignação diante do caso, várias dúvidas surgiram em relação à cesariana. O que é comum? O que não é? A mulher precisa mesmo ser sedada, como a paciente mencionada? O anestesista deve ficar próximo do rosto da paciente? Existem situações em que a mãe não pode ter um acompanhante presente?

Para entender melhor todas essas questões, conversamos com o ginecologista e obstetra Wagner Hernandez, de São Paulo (SP), que explicou pontos bastante importantes.

1. Numa cesárea, quantas pessoas ficam na sala de cirurgia?

Em geral, há um obstetra, um obstetra-auxiliar, pode haver um instrumentador (outro médico ou um enfermeiro), um pediatra, um anestesista, uma enfermeira e uma auxiliar de enfermagem. Isso considerando uma equipe mínima, em uma cesariana comum. É possível haver variações, no serviço privado, para quem contrata fotógrafo e doula. Além disso, a paciente tem direito a um acompanhante.

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2. Há casos em que não se pode ter acompanhante?

A parturiente tem direito a acompanhante, independentemente do tipo de parto e, teoricamente, não deveria haver nenhum tipo de restrição. Alguns locais tentam proibir a presença de acompanhante no pós-parto, por exemplo, sob a justificativa de que as outras mulheres presentes na sala de recuperação poderiam se sentir constrangidas. No entanto, isso não deveria ser impeditivo. O ideal seria modificar a estrutura do ambiente, instalando biombos ou cortinas para garantir a presença do acompanhante 100% do tempo, já que essa é uma regra garantida pela Lei Federal nº 11.108.

3. A barreira de tecido que separa o corpo da mãe é usada sempre?

Sim. São os chamados campos cirúrgicos estéreis. Eles são usados para evitar infecções. Popularmente, são conhecidos como “barraca”. Na parte de baixo, ou seja, perto da barriga da mãe, ficam os dois obstetras e o instrumentador. Nessa região, só é permitida a presença de quem está paramentado para o procedimento. Na parte de cima, fica, principalmente, o anestesista e, eventualmente, a técnica de enfermagem e um pediatra. Esse último dará assistência se o bebê for para o colo. Na verdade, de forma resumida, qualquer pessoa pode permanecer nessa área.

4. Onde o acompanhante pode ficar? Ele vê tudo?

O acompanhante pode ter acesso tanto à parte superior da mãe (e conversar com ela), como também pode assistir à cirurgia, ver o nascimento do bebê. Apesar disso, os médicos costumam ter um cuidado especial neste último caso, pois, devido ao sangue resultante do procedimento, algumas pessoas podem passar mal.

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(Molka/Thinkstock/Getty Images)

5. O anestesista fica presente o tempo todo? Ele precisa permanecer perto do rosto da paciente?

Sim, o anestesista precisa ficar presente durante toda a cirurgia, justamente para dar atendimento à parturiente. Se houver qualquer intercorrência, como queda ou aumento de pressão, ou hemorragia durante o procedimento, é ele quem oferece os cuidados. Entretanto, na maior parte das vezes, não há necessidade de uma proximidade grande do rosto da mulher – a não ser que haja um problema respiratório ou que ela precise ser intubada usando um cateter de oxigênio, por exemplo.

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6. É normal a grávida ser sedada para a cesárea?

Não há quase nenhuma indicação para sedar uma mulher depois do parto. Só em casos de extrema agitação ou algo parecido. A ideia é, na verdade, que a mãe permaneça acordada para ver o bebê, para fazer o contato pele a pele e para amamentá-lo enquanto os médicos terminam a cesárea.

7. É normal que a anestesia seja apenas da cintura para baixo?

A principal anestesia para a cesárea é a raquianestesia [da cintura para baixo], mas ela não é a única. Se a mulher está em trabalho de parto, por exemplo, e vai para uma cesárea, nem sempre precisará tomar uma nova anestesia, caso já esteja com a analgesia de parto. Em alguns casos, muito mais raros, é necessário fazer uma anestesia geral, que é quando a mulher realmente dorme do começo ao fim, mas são situações de exceção.

8. Na recuperação, a mãe fica com acompanhante?

Geralmente, ela fica cerca de duas horas na recuperação pós-parto, até voltar o movimento das pernas. Nesse período, o ideal é que permaneça com um acompanhante. O bebê, se possível, também não deve ser separado dela, a não ser que precise ir para a UTI ou que a mãe esteja com muita sonolência ou, por algum motivo específico, não possa ficar junto dele.

9. Quanto dura o efeito da anestesia após a cesárea?

O efeito da raquianestesia é de duas, três horas, no máximo. O mesmo vale para a peridural. No caso da anestesia geral, quando o procedimento acaba, o anestésico deixa de ser difundido, a mulher acorda e começa a recuperar a consciência. Lembrando que a necessidade de anestesia geral em cesariana é exceção da exceção.

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