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Existe um limite de vezes para tentar a Fertilização in Vitro?

Especialistas em Reprodução Humana respondem a pergunta - sempre lembrando que é importante investigar o motivo das falhas no processo

Por Isabelle Aradzenka
Atualizado em 13 jul 2023, 17h43 - Publicado em 13 jul 2023, 17h36
fertilização in vitro ilustração de ovulo e espermatozoide
 (VERONIKA ZAKHAROVA/Getty Images)
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O sucesso de um tratamento de Fertilização in Vitro depende de uma série de fatores. O procedimento consiste na fecundação do óvulo feminino com o espermatozoide em laboratório, formando um embrião que será, mais tarde, transferido para o útero. “Sem dúvida, o principal motivo para o insucesso da FIV está relacionado à qualidade deste embrião”, explica Rodrigo Rosa, ginecologista e obstetra, membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), sócio-fundador da clínica Mater Prime e diretor clínico do laboratório Mater Lab.

A idade do óvulo feminino e as condições de saúde do casal, tanto do homem quanto da mulher, estão diretamente associadas à qualidade dos zigotos – e quanto maior a quantidade de bons embriões, maior a chance de ter um bebê. Mas sempre que uma FIV não dá certo, é necessário verificar o porquê. “Na clínica, dificilmente passamos de três fertilizações para se conseguir uma gravidez, por mais complexo que seja”, pontua Nilo Frantz, especialista em Reprodução Humana e responsável técnico da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva. No entanto, sempre há exceções.

Quantas vezes posso repetir a FIV?

Não existe um limite de tentativas para a Fertilização in Vitro. “Essa delimitação é muito mais individual”, diz Rodrigo. Segundo o membro da SBRA, há evidências claras de que o estímulo hormonal necessário durante a coleta de óvulos não aumenta o risco de câncer de mama, de útero, de ovário ou complicações a longo prazo, por exemplo. Em geral, a interrupção da FIV está muito mais relacionada a fatores físicos e emocionais, como o cansaço do casal no processo. “Nós chamamos de taxa de abandono de tratamento”, explica.

Os fatores financeiros também entram no índice de desistência. No Brasil, a Reprodução Assistida não é coberta pelos planos de saúde e poucos centros têm o serviço pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “É um procedimento com custo particular e limitação de acesso da população”, ressalta Rodrigo.

Ainda assim, desde que existam chances reais de sucesso, o tratamento pode ser tentado. “Consideramos que, em até três tentativas, é esperada uma taxa acumulada de gravidez de até 80% para mulheres ‘jovens”, diz Fernando Prado, ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. “Para as pacientes com 35 ou mais de 40 anos, o número pode ser maior, até cinco ou sete [tentativas]”, afirma.

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Thinkstock/Getty Images
(Thinkstock/Getty Images)

O que fazer quando as FIVs dão errado?

Quando a FIV não dá certo, é necessário entender os motivos. “Mais uma vez, a falha de gravidez da fertilização é multifatorial”, ressalta Nilo Frantz. Ela pode vir do fator masculino, estar relacionada ao embrião ou à sua recepção – se o útero estava adequado ou não para recebê-lo. “Nós devemos investigar e ver condições que eventualmente não tenham sido analisadas ainda”, diz o especialista em Reprodução Humana.

Depois de entender o motivo, para Rodrigo Rosa, o grande segredo da FIV é a perseverança. “Quando não se tem sucesso na primeira tentativa, deve-se persistir. Pois a gente sabe que é uma taxa cumulativa de sucesso aumentada”, pontua.

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A segunda FIV tem mais chances de dar certo?

Segundo Nilo, é necessário que, durante o processo, o profissional converse com o casal e tente identificar as causas que levaram à falha do procedimento. Se não, a tendência é repetir o mesmo erro. Ainda assim, quanto mais vezes você tenta, maior a chance de conseguir, ressalta Rodrigo.

De acordo com a Febrasgo, o sucesso da FIV gira entre 35% e 40%. “Por exemplo, se tem 40% de chance e 100 casais estão fazendo o procedimento, 40 deles vão engravidar de primeira. Dos 60 que não conseguiram, 40% vão gestar na segunda tentativa (ou seja, mais 24 casais). Assim, a taxa cumulativa de êxito foi de 64%”, exemplifica o ginecologista.

E como a mulher pode, potencialmente, fazer várias fertilizações, é importante assegurar que o processo está sendo realizado em uma boa clínica. “São inúmeras as situações que dificultam uma gravidez. Costumamos chamar de ‘falhas de implantação”, diz Nilo. Para levar esses fatores em consideração, no entanto, o especialista diz que é necessário ter a certeza de que o local escolhido é de alta qualificação (trabalha com tecnologias modernas, tem um laboratório bem equipado e conta com excelentes embriologistas, por exemplo). “Sempre que se fala em FIV, deve-se lembrar que clínicas de reprodução humana são serviços e, portanto, não são todas iguais”, lembra.

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Alternativas para a FIV

Se não há êxito através da FIV, outras técnicas podem ser avaliadas, como os bancos de sêmen, a doação de óvulos, as barrigas solidárias e até a adoção. “Como o principal fator limitante da Fertilização In Vitro é a idade do óvulo, em muitos casos, a solução é partir para um tratamento com óvulos doados, que vai potencializar as chances de sucesso”, destaca Rodrigo.

O banco de sêmen resolve problemas relacionados a fatores masculinos e, em casos incomuns, quando o problema está na recepção dos embriões, há tratamentos que envolvem úteros de substituição. Além disso, existem questões estruturais e genéticas que impedem qualquer procedimento, mas essas são situações extremamente raras.

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