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Cuidados com recém-nascidos são diferentes para grávidas com coronavírus

Para evitar a contaminação, o indicado é que o cordão umbilical e o primeiro banho do bebês sejam realizados logo após o nascimento.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 26 ago 2020, 15h48 - Publicado em 12 Maio 2020, 16h53

Para garantir mais segurança para as gestantes que precisarão passar pelo parto durante a pandemia do novo coronavírus, maternidades têm investido em diferentes medidas para protegê-las, como separar grávidas saudáveis das que apresentam sintomas de síndrome gripal ou até mesmo do Covid-19 ainda na recepção. Mas os cuidados não estão apenas relacionados ao isolamento dos grupos.

Segundo orientações da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) sobre o planejamento do parto e o puerpério durante a pandemia, os cuidados com recém-nascidos na hora do parto também devem ser diferentes nos casos de gestantes com com suspeita ou confirmação de coronavírus.

Além do isolamento físico e o uso constante de máscara durante o período na maternidade, inclusive no parto e na amamentação, a Federação instrui que os bebês tenham o cordão umbilical cortado precocemente e sejam levados para o banho logo após nascerem.

“Até hoje, não se sabe se há a passagem do vírus pela placenta para o bebê. Por isso, o clampeamento precoce do cordão é uma forma de evitar que isso aconteça”, explica a obstetra Mariana Rosário, membro da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP).

A mesma falta de conclusões científicas sobre a transmissão da doença em gestantes para o recém-nascido também mudou o posicionamento dos especialistas sobre o contato pele a pele logo após o parto.

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“Cada vez mais por conta do parto humanizado, nós retardamos a hora de dar banho no bebê. A grande maioria das maternidades vão fazê-lo apenas 24 horas depois do nascimento. Mas, como uma medida de prevenir o coronavírus, o banho está sendo dado imediatamente, assim que ele nasce”, ressalta Mariana.

A obstetra esclarece que tais medidas começaram a entrar em vigor após estudos perceberam a contaminação de bebês ainda nas maternidades. E como as pesquisas descartaram a presença do vírus SARS-coV-2 na placenta e no líquido amniótico, a conclusão preliminar é de que o contágio do recém-nascido aconteceu após o nascimento – seja pelo contato com a mãe positiva para a doença ou com alguém da equipe médica que realizou o parto.

Ainda para as gestantes que são casos confirmados do Covid-19, o obstetra Alberto d’Auria, da Maternidade Pro Matre Paulista, explica que os bebês são isolados de outros recém-nascidos e são testados para a doença a fim de que recebam o monitoramento e os cuidados adequados.

E as proteções faciais para os bebês?

Com o alastramento da doença ao redor do mundo e os casos confirmados em recém-nascidos, imagens de bebês com uma proteção facial chamada de face shield (ou “escudo facial”, em tradução livre) começaram a repercutir nas redes sociais. Nesta semana, o destaque foi do primeiro bebê nascido no Distrito Federal em que a mãe era um caso confirmado de coronavírus.

“Com o face shield, você tem inibição do contato com o olho, nariz, boca, ou seja, uma proteção total. E não passa nenhum tipo de partícula. Além de ser mais fácil de encaixar na cabeça do bebê e de ele aceitar, já que fica apenas na parte da frente”, explica Mariana.

Até o momento, não existem números sólidos de como essa barreira é capaz de preservar a saúde do bebê. Mas a médica ressalta que é uma das medidas que têm sido aplicadas como tentativas de protegê-los.

“O ideal seria que todos os quartos tivessem pressão negativa (em que o ar do local é constantemente puxado para fora) para que o vírus não ficasse circulando. Isso porque pode ter algum enfermeiro ou auxiliar que está doente e ninguém sabe e, ao entrar no quarto sem máscara, contamina o bebê. Portanto, o face shield acaba sendo uma forma a mais de cuidado e que é suportável”, enfatiza a obstetra.

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Entretanto, vale ressaltar que o acessório ainda não está disponível em todas as maternidades do Brasil, e é indicado como um reforço de proteção para os bebês em que as mães são casos suspeitos ou confirmados da doença.

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