Gestantes com coronavírus não passam a doença para os bebês, diz estudo
Pesquisas recentes conduzidas na China constataram que, apesar das mães terem resultado positivo para a Covid-19, os filhos não manifestaram a doença.
O número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus (Covid-19) não para de crescer. O último relatório do Ministério da Saúde, divulgado na noite de domingo (15), confirmou que já são 200 casos registrados no Brasil – sem contar os 1.913 pacientes suspeitos por todo o país.
Neste cenário, idosos, asmáticos, diabéticos e outras pessoas com doenças debilitantes são apontadas como grupo de risco. Mesmo que as gestantes não entrem nesta estatística, fica a dúvida: será que o vírus na mulher diagnosticada é transmitido para o bebê?
A questão ganhou novos patamares depois do primeiro recém-nascido e sua mãe terem sido diagnosticados com coronavírus. O caso do bebê britânico foi revelado pelo jornal The Sun na madrugada do sábado (14), mas ainda não se sabe se ele contraiu a doença no útero ou logo após o nascimento.
Estudos recentes tendem a acreditar que o vírus não passa da gestante para o bebê. Um artigo chinês, publicado nesta segunda-feira na revista “Frontiers in Pediatrics”, analisou quatro mães que deram positivo para a doença e tiveram seus filhos na cidade de Wuhan, na China.
Depois do nascimento, nenhum dos recém-nascidos manifestou sintomas do novo coronavírus, como febre, tosse ou diarreia. As análises radiológicas e hematológicas – do sangue do bebê – também foram detectadas como normais, mesmo que os pequenos tenham sido isolados em unidades de terapia intensiva e alimentados com fórmula.
Após os testes, três das crianças constataram negativo para o Covid-19. A outra não teve o procedimento autorizado pela mãe. Todas elas nasceram em torno de 37 semanas de gestação com peso normal, acima dos três quilos.
Mesmo com o nascimento saudável, algumas observações clínicas foram feitas. Dois dos bebês tiveram erupções pelo corpo, que desapareceram espontaneamente, sem a necessidade de tratamento, e um apresentou problemas respiratórios, que se solucionaram depois de três dias.
Outra pesquisa, divulgada pelo “The Lancet” na sexta-feira (13), segue pelo mesmo caminho. As participantes foram nove mulheres diagnosticadas com o novo coronavírus. Durante a gestação, sete delas tiveram febre, quatro relataram tosse e três dor de cabeça. Sintomas como dor de garganta e mal-estar apareceram em duas gestantes.
Já sobre o período gestacional, foram notificados dois casos de sofrimento fetal, mas todos os bebês nasceram vivos. O teste para a doença foi realizado através da coleta de amostras da criança, como o líquido amniótico e o sangue do cordão umbilical, ou do leite materno das mulheres. Todos os exames tiveram resultado negativo para o Sars-Cov-2.
A partir destas evidências, os estudiosos constataram que as manifestações da infecção em grávidas são parecidas com as de adultos não-gestantes. A médica Dr Jie Qiao, do Terceiro Hospital da Universidade de Pequim, ainda comparou os efeitos do vírus com o do SARS, primeira versão do coronavírus, – e constatou diferenças.
“As mulheres grávidas com Covid-19 no presente estudo tiveram menos complicações maternas e neonatais do que aquelas com a infecção Sars-Cov-1“, concluiu.
Apesar das descobertas animadoras, os autores do estudo alertam que os achados são baseados em um número limitado de casos e analisados em um curto período de tempo. Também ressaltam que incluíram apenas mulheres que já estavam em uma fase avançada da gravidez e que deram à luz por meio de cesárea.
De acordo com o comunicado publicado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), não há melhor método para o parto de mulheres com o novo coronavírus. A forma ideal de trazer o bebê ao mundo deve ser avaliada pelo obstetra, considerando riscos e benefícios. Saiba mais sobre como as grávidas podem se prevenir e o que fazer no caso do diagnóstico positivo.